Corrupção mata, mas irresponsabilidade também!

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* Gabriel Clemente – Já chegamos a quatro meses de pandemia, uma das piores crises de saúde mundial dos últimos cem anos. Apesar de todos os transtornos, desnecessários de serem elencados aqui, também obtivemos boas lições. Afinal, tudo na vida nos apresenta aspectos bons e ruins.

Com a chegada do vírus, que, em seu auge, assumiu uma faceta de ‘paranoia coletiva’, vimos, por meio da imprensa, governantes aproveitando-se do pânico para roubarem o erário sem dó nem piedade, com o superfaturamento de insumos, alegando ‘calamidade pública’, a fim de justificarem a real necessidade da dispensa de licitações.

Sim, isso é monstruoso.

Aproveitarem-se de uma crise de âmbito global para saquearem os cofres públicos, com objetivo pragmático de se locupletarem sem nenhum pudor, revela a que ponto pode chegar a deformidade do caráter de alguém. Apoiadores ferrenhos do governo usam desse expediente para defenderem o presidente a qualquer custo. Estranho.

Embora o STF tenha delegado a Estados e municípios autonomia para ditarem diretrizes no combate à pandemia, Bolsonaro, na condição de mandatário maior do país, nega-se a dar exemplo de condutas prudentes ao preferir a tensão, o acirramento político, tentando usar o vírus e a sua ‘panaceia’ cloroquina como cabos eleitorais.

Claro que isolamento social e economia não podem ser excludentes, mas é preciso adotar um comportamento responsável diante desse quadro dantesco, ainda mais quando se trata do presidente da República que, por razões óbvias, dita exemplo.

Resistir ao uso de máscara, insinuar, mesmo que em tom de brincadeira, que usar o acessório é ‘coisa de viado’ e aparecer em rede nacional de TV receitando medicação sem nenhuma eficácia comprovada, podendo, até, causar efeitos nocivos, não é atitude que se espera de alguém que representa um país.

Hoje, em todo o planeta, só o Brasil ainda defende o uso ‘profilático’ de tal medicação que, como já dito acima, é propagada como uma ‘panaceia’, a cura para ‘todos os males’, desde lúpus, malária, com eficácia já comprovada cientificamente, até à Covid 19, sem qualquer indicação séria.

A dedução a que chegamos é que, infelizmente, as questões de saúde pública estão preteridas em razão de algo considerado ‘maior’: tentar desmoralizar adversários políticos pela reeleição em 2022.

A essa altura do campeonato, só há a certeza de que os líderes mundiais que desprezam a gravidade do vírus terão sérios problemas eleitorais, por insistirem em negar o óbvio em nome de um projeto de poder.

  

Gabriel Clemente

* Gabriel Clemente é jornalista graduado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Atuou como repórter da rádio ABC, assessor de imprensa político e Assistente de Comunicação Institucional do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA)

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1 comentário on "Corrupção mata, mas irresponsabilidade também!"

  1. Regina Ribeiro

    Não sou médica/biomédica e congêneres para opinar. O que sei dizer é que cá no Além-Mar a Cloroquina tem sido usada como tratamento inicial, com rigoroso controle médico, e temos a mais baixa letalidade do Espaço Schengen.

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