Paulinho: “É preciso medidas urgentes para o país voltar a crescer”

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Entrevista da Semana / Paulinho da Força

Da Redação – O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, começou a sua atuação na política-sindical defendendo os direitos dos trabalhadores. Para fortalecer ainda mais a luta, decidiu se candidatar em 2006 para cumprir mandato na Câmara de Deputados. 

De lá para cá, já cumpriu três mandatos e agora tenta o quarto “para continuar defendendo todos os trabalhadores brasileiros e conquistar ainda mais benefícios”, reforça o candidato.

Nesta entrevista, Paulinho da Força fala de suas ações no Congresso e o que pretende para os próximos quatro anos como deputado.

Leia a seguir os principais trechos da entrevista de Paulinho da Força.

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Pergunta – O senhor é conhecido por atuar em defesa dos trabalhadores tanto no meio sindical quanto na Câmara dos Deputados, como vê a atual situação do país com índices de desemprego alarmantes?

Paulinho da Força – A situação do país é muito grave. Infelizmente, além da alta no desemprego e no número de trabalhadores informais, vimos a retirada de benefícios. Direitos conquistados há anos e que, agora, estão sendo subtraídos dos brasileiros. Melhorar a situação não é um processo fácil e não há fórmulas mágicas. Tenho visitado muitas cidades do interior de São Paulo e vejo o sofrimento do povo em busca de emprego. Muitas fábricas, que empregavam centenas de pessoas de uma cidade e região, hoje estão fechadas. E, junto com elas, toda uma cadeia econômica interrompida e milhares de pessoas sem trabalho saindo de seus municípios para buscar vagas em outras cidades e, quando não encontram, vão para a informalidade. É necessário criar medidas urgentes para que o país volte a crescer e as empresas voltem a produzir e abrir novas vagas. Um dos caminhos é reduzir a taxa de juros, que são muito altas; dar incentivos fiscais às microempresas; e criar políticas de valorização para a indústria. Só assim haverá redução dos índices do desemprego. Os sindicatos também têm papel fundamental nesse processo, mas, para isso, é necessário estarem fortalecidos para irem à luta. Assim, teremos aumento da produção e manutenção de empregos e direitos.

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Pergunta – A qualificação profissional seria uma das maneiras de abrir portas no mercado de trabalho?

Paulinho da Força – Sem dúvida nenhuma. Se o trabalhador não se qualificar, se não tiver profissão, fica ainda mais difícil conseguir um emprego. Mas como se profissionalizar se o dinheiro que recebe não dá para nada? Esse é o dilema de muitos trabalhadores e dos jovens que querem começar uma carreira. Por isso, busquei, durante os meus mandatos, ações de governos para incentivar os trabalhadores a se profissionalizarem. Só na zona sul da capital paulista, foram mais de duas mil pessoas qualificadas em diversas áreas. No interior, foram muito mais. Muita gente conseguiu emprego após a conclusão do curso e outras abriram um pequeno negócio. Isso me deixa muito satisfeito.

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Pergunta – No seu currículo, há diversos projetos importantes para os trabalhadores que foram aprovados antes mesmo de o senhor ser deputado federal, entre eles o PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) e o reajuste do salário mínimo. Pode falar um pouco dessas ações e como são importantes para os trabalhadores?

Paulinho da Força – O programa de Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) foi uma luta que eu e outros representantes sindicais travamos, ainda em 1994. Por meio da PLR, funcionários recebem bônus sobre os lucros ou resultados da empresa. Isso é mais do que justo e todo mundo ganha, tanto o funcionário que passa a ter incentivo para melhorar a produção quanto o empregador que aumenta a margem de lucro.

Já o aumento do salário mínimo foi muito importante para milhares de trabalhadores, aposentados e pensionistas. Foi uma batalha difícil: com reuniões no Congresso com o governo federal, mas conseguimos garantir um reajuste salarial que levasse em consideração a soma da inflação com o PIB. Por meio desta ação, o piso salarial de diversas categorias profissionais também foi melhorado.

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Pergunta – O senhor também tem demonstrado preocupação com os trabalhadores rurais…

Paulinho da Força – Defendo que os trabalhadores rurais precisam ter os mesmos direitos que o trabalhador urbano. No Brasil, a cada 10 empregos no campo, 7 são da agricultura familiar. Por isso, ao lado da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead), tenho trabalhado para garantir que não faltem oportunidades de crescimento nesta área. Isso é mais do que justo, já que os agricultores familiares são responsáveis por quase 40% da produção agrícola do país.

Dinamizar a produção rural é essencial não apenas para os pequenos produtores e os municípios que têm a agricultura como o principal pilar econômico. Procuro ser o interlocutor dos agricultores no Congresso e no governo. E esse trabalho já tem dado bons frutos, como: o aumento de políticas públicas para a agricultura familiar; investimento em equipamentos agrícolas; e acesso ao crédito rural. Tudo isso ajuda no aumento da produção e impulsiona a economia.

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Pergunta – Mas os agricultores têm uma grande dificuldade em dar continuidade à produção. Isso porque sofrem com a falta de regularização dos terrenos, o que os impedem de receber créditos rurais, entre outros. O que está sendo feito para melhorar?

Paulinho da Força – Desde que iniciei esse trabalho ao lado do governo federal, exigindo ações efetivas que beneficiassem os pequenos produtores, a situação dos títulos de terra tem melhorado bastante. Só no ano de 2017, foram entregues mais de 12.500 títulos e realizados nove novos convênios. Para esse ano, a expectativa é de entregar mais de 25 mil títulos. Avançamos, mas ainda temos muito para melhorar. É necessário reduzir a burocracia. É isso o que prejudica os agricultores rurais, tornando todo o processo lento e demorado.

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Pergunta – Os trabalhadores brasileiros de uma forma geral têm sofrido com algumas medidas do governo. Temos como exemplo a aprovação da reforma trabalhista.

Paulinho da Força – Infelizmente a aprovação dessa reforma prejudicou apenas os trabalhadores, que perderam direitos. Há muitos pontos prejudiciais, como o trabalho intermitente. O que é isso? Ninguém entende o que venha a ser trabalho intermitente e, por isso, muitas empresas preferem nem contratar. As mulheres grávidas são obrigadas a trabalharem em ambientes insalubres, sendo que o afastamento apenas ocorrerá se a trabalhadora apresentar atestado de saúde. Mas, me diga: Quem é a mulher pobre que terá licença médica para parar de trabalhar nesses locais se ela nem mesmo consegue fazer o pré-natal?

A valorização dos sindicatos também é um objetivo. Se não tivermos sindicatos fortes, o trabalhador fica sem representatividade, ficando suscetível às decisões do governo e dos patrões. O que a reforma fez foi desvalorizar a atuação sindical para enfraquecer o movimento. Vou lutar no Congresso para reverter essa situação. Os sindicatos precisam de alguma forma de custeio para se manterem fortes e, assim, serem porta-vozes dos trabalhadores.

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O que o senhor propõe para o próximo mandato?

Paulinho da Força – Como sempre, o meu primeiro objetivo é continuar defendendo os direitos dos trabalhadores. Faço isso desde jovem e vou continuar. Uma das minhas metas no Congresso é lutar para que a Reforma Previdenciária, proposta pelo atual governo, não seja aprovada. O projeto fere os direitos já conquistados pelos trabalhadores e aposentados. O próximo presidente tem que ouvir os representantes dos trabalhadores e fazer uma reforma que atenda a todos e sem a retirada de benefícios.

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Mas não termina por aí, não é deputado?

Paulinho da Força – Há muitas coisas para se fazer a partir de 2019. Uma delas é continuar a defender um reajuste justo para os aposentados, que, hoje, têm que escolher entre comer e comprar remédios. Isso é uma injustiça com quem deu o melhor por esse país. Também vou lutar para dar continuidade à política de reajuste do salário mínimo, que encerra esse ano. O trabalhador não pode perder essa conquista. É importante dizer que sou o único representante dos trabalhadores na Câmara dos Deputados e que vou continuar me empenhando para buscar melhorias e conquistar direitos.

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