O tempo costuma trabalhar a favor da verdade

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* Gabriel Clemente – As denúncias contra o presidente e a sua família começam a surgir como no auge do ‘olho do furacão’ da ‘Lava Jato’; a ‘conta gotas’. Toda semana há uma surpresa.

Na tentativa desesperada de blindar a si e a sua família, inegavelmente com passado nada ‘louvável’, Bolsonaro vê-se obrigado a renunciar a todas as promessas de campanha e fazer o ‘mais do mesmo’, tendo de se render aos preceitos e métodos da corriqueira e tão conhecida velha política. Não teve jeito.

Ocorre que, diante desse cenário, o tempo favorece quem diz a verdade e saiu no momento certo para resgatar a sua credibilidade, afastando qualquer acusação de ‘acordão’.

Sim, porque se Moro, de fato, tivesse a vaga no STF como alvo pragmático, bastaria obedecer o presidente à risca, sendo um ‘fiel aliado’ nas suas falcatruas. Arrisco-me a dizer que o ex-juiz, a exemplo de quem acreditou cegamente em Bolsonaro, foi ingênuo demais.

Afinal, deixou a magistratura federal, um cargo seguro e confortável, para se arriscar na política, em um cargo comissionado sem qualquer garantia, a fim de trabalhar pelo país num covil de negociatas e interesses nada republicanos.

Quando percebeu a besteira que fez, a escolha equivocada, Sérgio Fernando Moro sentiu que ainda dava tempo de salvar a sua história. E conseguiu.

Hoje, é incrível notar, sobretudo nas redes sociais, como ele é o único capaz de rachar feio a base do presidente. Bolsonaro, certamente, deve estar assustado com esse cenário.

Diante da avalanche de denúncias com provas contra o clã que governa o país, Moro cresce. Ao contrário do presidente, o ex-juiz segue sem nenhuma acusação que manche a sua reputação.

Claro que, quando questionado, Moro diz que ‘não há nenhum desejo de ser candidato ou qualquer cobiça pelo poder’. Afinal, ainda restam dois anos para as eleições e, obviamente, diante de todas as circunstâncias, o momento ainda não é oportuno para revelações do gênero.

O ex-magistrado sabe que o tempo trabalha a seu favor. Portanto, não precisa explicitar nada ainda. Além disso, por ter a consciência de que é alvo de fanáticos insanos dos dois extremos, qualquer declaração precisa ser muito bem pensada, planejada, ponderada.

O ex-ministro pode se dar ao luxo de pensar com muita tranquilidade sobre o seu futuro, sem, obviamente, descuidar-se da sua segurança pessoal.

A situação é muito favorável a ele. Sabe que, diante dos últimos acontecimentos e do que ainda está por vir, a tendência é que ‘nade de braçada em mar aberto’.

Será candidato ? Ninguém sabe. Talvez, nem ele.

O fato é que a sua perspectiva, com exceção das ameaças e das mentiras que sofre, é muito confortável.

Sérgio Moro tem o tempo trabalhando para si. Afinal, o leque de opções é amplo: lecionar, palestrar ou enfrentar mesmo o desafio de tentar chegar ao Palácio do Planalto.

Isso é inegável.

Caso já tenha decidido se será mesmo candidato à presidência, não divulgará isso agora, por razões óbvias.

No pouco tempo que permaneceu no meio político, deve ter aprendido que o ‘bote’ tem de ser dado na hora certa, de forma inesperada, sem chance para que o adversário tome fôlego.

Hoje, só resta a Bolsonaro tentar desqualificá-lo, mas se a tática para tentar conseguir essa proeza for enterrar a maior operação anti-corrupção da história do país, estará cavando a sua própria sepultura.

Apesar de sofrer uma oposição feroz em um palco ainda desenhado pelas polarizações, será muito difícil apagar o brilho de Moro.

Claro que só o tempo dirá.

Gabriel Clemente

* Gabriel Clemente é jornalista graduado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Atuou como assessor de imprensa político, repórter da Rádio ABC e Assistente de Comunicação Institucional do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA)

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