Da Redação – Embora por questões de sazonalidade as vendas de veículos em Janeiro normalmente apresentem queda frente a Dezembro, os resultados registrados no último mês sinalizam uma nova realidade para o mercado brasileiro, principalmente nos segmentos de automóveis e comerciais leves.
Primeiro, a queda de vendas nestes dois segmentos de 30,17%, frente a Dezembro, e de 12% em relação a Janeiro de 2020, não sinaliza inflexão na curva de recuperação dos últimos meses. Pois, Janeiro, em 2021, teve menos dois dias úteis, e o comparativo de emplacamentos por dia útil resulta em uma queda de apenas 1,9%.
Segundo, as vendas de comerciais leves no mês foram 7,48% superiores às de um ano antes, enquanto as de automóveis registraram queda de 15,37%. Números que ratificam a tendência de crescimento de comerciais leves, segmento que detinha participação de 9,8% em 2019, 10,65% em 2020, e que alcança, agora em Janeiro, um peso de 11,6% nas vendas totais da indústria automotiva.
E, terceiro, o impacto da saída da FORD. Montadora que em Janeiro vendeu 8.129 unidades, uma queda de 50% frente aos 16.430 veículos comercializados em Dezembro nos dois segmentos. Expurgando-se a sazonalidade, são menos quatro mil veículos, equivalentes a 2,5% das vendas de todo o mercado no mês. Ou seja, considerando-se a estimativa do reflexo provocado pela saída da FORD, as vendas de automóveis e comerciais leves poderiam em Janeiro ter obtido desempenho superior por dia útil ao registrado em Janeiro de 2020.
Com relação ao mercado gaúcho, seu desempenho segue a sina de apresentar resultados abaixo daqueles em âmbito nacional, culminando, no último mês, com a perda de posições no ranking estadual. Despencando da quinta para uma inédita oitava posição, ao ser ultrapassado pelo Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Cenário que passa no momento a classificar o Rio Grande do Sul como o estado que apresenta o pior desempenho de vendas de mercado de veículos entre os estados das Regiões Sul e Sudeste, com exceção do Espírito Santo.
Segundo dados apurados pela Fenabrave/Sincodiv-RS, os emplacamentos, no mês Janeiro, registraram queda de 31,6% , considerando Janeiro frente a Dezembro, contra menos 24,5% no país. Também, no comparativo entre os meses de Janeiro de 2021 e 2020, houve uma queda no RS de 18,2%, perda que representa o dobro dos 8,16% negativos registrados em nível nacional.
O destaque positivo no RS, continua sendo a manutenção dos bons resultados obtidos nas vendas do segmento de Ônibus, que com muito esforço das Concessionárias tem mantido forte recuperação diante da pandemia. Conseguindo, em Janeiro, superar as vendas de Dezembro, e comercializar quantidade de veículos duas vezes maior que a alcançada em Janeiro de 2020.
O desempenho de vendas no setor automotivo é um significativo indicador da saúde e força da economia do Rio Grande. Os seguidos resultados abaixo da média obtida pelos demais estados, em particular os localizados na Região Sul, sinalizam a urgência das autoridades gaúchas repensarem o modelo de gestão tributária e a estratégia para o desenvolvimento social e econômico do RS. Trocando um modelo preso a dogmas superados e anacrônicos, como exemplificam algumas reações ao anúncio de que a FORD encerraria as operações. As vivandeiras de plantão correram a bradar ter sido positivo bloquear a unidade destinada a Guaíba, que acabou ganhando vida na Bahia.
O crescimento das vendas de comerciais leves resulta da força do agronegócio, o único setor a atravessar sem crise uma década marcada por recessão, crises políticas e pandemia. A FORD manteve a fábrica argentina, pois nela se produz a pick-up Ranger. Caso o modelo fosse produzido em Camaçari, os baianos certamente ainda estariam fazendo carnaval com a Montadora.
Quanto ao desempenho em geral, após o grande tombo registrado no segundo trimestre de 2020, o mercado de veículos seguiu engatinhando, buscando se levantar e atingir patamares pré-pandemia. No entanto, o prolongamento da pandemia levou o mercado a permanecer aprisionado ao perfil “Nem-Nem”: Nem há produto para atender a demanda, nem há perspectiva de aumento da produção. Indicando mais alguns meses de convivência com choro por falta de veículos, e soluços e engasgos provocados pela crise econômica”, afirma
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