* Bruno Daniel – Neste momento em que parece que estamos vivendo um pesadelo, no qual prevalece uma agenda negativa, baseada no ataque à democracia e ao meio ambiente, na xenofobia e no preconceito, no aumento da pobreza e das desigualdades, é conveniente que acordemos para a construção de uma nova Santo André.
Outro futuro é possível. Tomemos como exemplo apenas três eixos, que indicam que vale a pena construir um destino comum em que se perceba que a vida coletiva é um bem valiosíssimo. Devemos implementar reformas não para o cidadão, mas com o cidadão.
Nosso planeta está sendo destruído. Mas podemos iniciar ações para transformar Santo André numa cidade sustentável, com o rio Tamanduateí despoluído, aprazível para ser lugar de encontro, de lazer, um cartão postal. Com uma coleta seletiva para valer, inclusive com a produção de biometano, que possa ser utilizado para mover a frota de veículos de transporte coletivo, de forma muitíssimo menos poluente.
Com utilização adequada de resíduos, de modo a aproveitá-los economicamente, elevando a renda de catadores e melhorando suas condições de trabalho a partir de cooperativas. Com turismo histórico-ambiental que possa atrair turistas de todo o Brasil. Com o aproveitamento econômico da nossa Mata Atlântica, que representa mais da metade da área de nosso município, adensando-a, em vez de destruí-la com iniciativas como o Porto Seco.
Enfrentando o problema das enchentes, não com piscinões e fechamento de parques, mas transformando Santo André numa “cidade-esponja”, desimpermeabilizando-a, a partir da utilização de calçadas permeáveis e asfalto ecológico, da radicalização da coleta de águas pluviais nos imóveis da cidade. Com a ampliação planejada do uso de bicicletas, que não poluem, cujo uso faz bem para a saúde e são muito mais acessíveis a todos.
Nosso sistema educacional é autoritário e reprodutor de desigualdades. Estas poderão diminuir se estruturarmos creches, pré-primário e ensino fundamental I de alta qualidade para todos, articulando ensino, cultura, esportes e lazer. Nosso sistema de bibliotecas deve se constituir a partir de lugares de acolhimento de todos.
A prática de esportes socializa as crianças e faz bem para a saúde. Com isso, nossas crianças, independentemente de sua origem familiar, terão acesso a capital cultural, necessário para um bom desempenho nas demais etapas de ensino e para a inserção futura no mercado de trabalho da indústria 4.0, com mais saúde e preparadas para a vida coletiva.
Serão muito menos susceptíveis à atração que atividades criminosas exercem sobre elas. Nossas mães poderão entrar no mercado de trabalho, aumentando a renda familiar e estabelecendo relações menos desiguais com seus parceiros.
Nosso sistema de saúde deve buscar a qualidade de vida da população, aproximando equipes médicas dos cidadãos, facilitando a prática de esportes e mudança de hábitos alimentares. As atividades culturais complementam e fazem parte do aumento da qualidade de vida dos cidadãos. Novamente aqui se articulam iniciativas da saúde com a educação plena e com a mobilidade urbana.
O PSOL está convidando filiados e simpatizantes para discutir nossos sonhos para Santo André, neste sábado (29/2), das 15h às 17h, no Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, que fica na rua Gertrudes de Lima, 202, Centro, em Santo André. Venha discutir isso e muito mais neste sábado. Até lá!
* Bruno Daniel, professor universitário; engenheiro com mestrado em Administração e Planejamento Urbano, doutorado em Ciências Sociais e pós-doutorado em Ciência Política; e militante do PSOL Santo André
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