Entidade tem doado, desde março, kits com produtos de higiene, limpeza, alimentos e itens essenciais para famílias nas periferias, favelas, comunidades e abrigos
Da Redação – Mais de 583 mil vidas já foram transformadas durante a pandemia do novo coronavírus por meio de ações do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e parceiros. A ideia é levar produtos de higiene, de limpeza e itens essenciais para 1,7 milhão de pessoas vulneráveis em dez capitais brasileiras.
Segundo o UNICEF, as doações dos kits, acompanhados de informações preventivas contra a covid-19, começaram ainda em março. O conjunto de esforços da entidade e de mais 19 empresas parceiras, celebridades, organizações da sociedade civil e governos locais é contribuir com a prevenção e o controle da doença no país e reduzir os impactos na vida de crianças, adolescentes e famílias que mais precisam.
“Nesse período de covid-19, a solidariedade se tornou uma das principais forças contra a pandemia. O UNICEF tem articulado com uma intensa força-tarefa para ampliar o trabalho e fazer chegar ajuda a milhares de pessoas, priorizando as áreas de saúde, água, saneamento, proteção e educação”, ressalta a oficial de parcerias corporativas do UNICEF no Brasil, Camila Carvalho.
Os itens doados pelas empresas parceiras e pelo UNICEF são considerados fundamentais na luta contra o vírus. Até o momento, já foram entregues milhões de unidades de sabonetes, toneladas de álcool em gel e produtos de limpeza como detergente, água sanitária, sabão em barra e máscaras. “O UNICEF tem feito a ponte entre quem precisa de ajuda e quem quer ajudar. A logística para levar os produtos às famílias tem funcionado com o apoio dos nossos parceiros do setor privado. Todo apoio tem sido muito importante, pois nosso país é muito grande”, acrescenta Camila.
Além dos problemas trazidos pela pandemia, o Brasil enfrenta ainda desafios relacionados a acesso a água, higiene e saneamento. Segundo levantamento feito pela entidade com dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), 100 milhões de pessoas ainda não têm acesso à coleta e ao tratamento de esgoto e 35 milhões não possuem água tratada. A falta desse acesso é pior entre famílias de baixa renda e para os cerca de 13 milhões de brasileiros que vivem nas periferias urbanas e favelas.
“Ter acesso a itens críticos de higiene e limpeza é um direito de cada criança, adolescente e família diante da epidemia da covid-19”, defende a oficial do UNICEF.
Os produtos, segundo Camila, estão chegando a periferias, favelas, abrigos, comunidades e locais mais vulneráveis das cidades de Belém (PA), Boa Vista (RR), Fortaleza (CE), Maceió (AL), Manaus (AM), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA), São Luís (MA) e São Paulo (SP).
O Instituto da Primeira Infância (Iprede), localizado na capital cearense, sabe bem como toda ajuda é bem-vinda. Fundado em 1986, o Iprede é formado por um grupo de profissionais que se sensibilizam com a condição das crianças em desnutrição grave e em situação de vulnerabilidade social e pobreza. “Damos atendimento de saúde como pediatria, assistência social, pedagogia, fonoaudiologia, psicólogos, nutricionista, entre outros atendimentos”, elenca o coordenador administrativo do Iprede, André Rosado.
Segundo ele, as famílias não precisam contribuir para ter acesso aos serviços. “Nossa fonte vem do Sistema Única de Saúde, bazar, unidade de eventos que alugamos os espaços, call center próprio e terceirizados, além de parcerias com algumas empresas e institutos de ensino. As doações sempre nos ajudam para o combate à vulnerabilidade de famílias em extrema pobreza. Recentemente, recebemos mais de 200 mil sabonetes para distribuir em várias comunidades carentes que estavam precisando. Além disso, desenvolvermos em parceria com o UNICEF vários cursos EAD que são aplicados em várias prefeituras. Sem essas parcerias, não seria possível”, relata Rosado.
Na década de 1980, a taxa de desnutrição crônica no Ceará estava em torno de 30%, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (PNSN). Hoje, essa taxa caiu para 7% e a de mortalidade infantil também reduziu – menos de 20 crianças a cada mil nascidas.
Por mês, os profissionais do instituto ajudam cerca de 900 famílias de Fortaleza, totalizando 1,3 mil crianças, em média. Pela entidade, são doadas mensalmente 5,4 mil latas de leite e 2,4 mil litros de sopa. As famílias contam com apoio de programas voltados para crescimento e nutrição na primeira infância, atenção à mulher cuidadora e “Transformaria”, que ajuda mães e/ou cuidadoras das crianças assistidas a adquirirem habilidades produtivas em culinária básica.
“Atualmente, estamos levando mais de 3,7 mil refeições diárias, além de três mil cestas básicas mensais. Em dois meses de distribuição, conseguimos bater a marca de mais de 400 toneladas de alimentos e material de higiene entregue em várias localidades do nosso estado”, contabiliza André Rosado.
Ações do UNICEF
As doações em parceria com empresas, celebridades, organizações da sociedade civil e governos locais fazem parte de ações estruturais de longo prazo para minimizar os efeitos da pandemia na vida de crianças e adolescentes, além de garantir direitos.
No grupo de dez ações realizadas pelo Fundo, destacam-se o fornecimento de informação à população em geral, em especial grupos mais vulneráveis; o trabalho com governos nos níveis federal, estadual e municipal, empresas e sociedade civil para diminuir o impacto da crise nos serviços de saúde, educação, assistência social e proteção contra a violência de meninos e meninas; e o apoio à saúde mental de adolescentes e o monitoramento da situação e o impacto social da pandemia para produzir evidências em apoio a políticas e ações.
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