“Temos um alvo fixo do coronavírus em nosso pescoço”

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ACBG Brasil alerta para vulnerabilidade de pacientes com traqueostomia

Da Redação – O aviso do título é de Melissa Ribeiro, sobrevivente de câncer de laringe e presidente voluntária na Associação de Câncer de Boca e Garganta – ACBG Brasil.

“Nós, os traqueostomizados, respiramos permanentemente por uma estomia no pescoço, em virtude da retirada da laringe por causa de um câncer. Como não respiramos pela boca e nariz, perdemos a proteção natural do organismo para filtrar, umedecer e permutar a temperatura do ar sujo que entra direto nos pulmões. Temos pneumonias recorrentes porque, além de sermos pacientes oncológicos em tratamento ou seguimento, possuímos imunidade mais baixa. Temos alto risco para o coronavírus”, explica.

Uma das maneiras de proteger estes pacientes é o uso de dispositivos de reabilitação pulmonar como Filtros Micron e os HMEs, que filtram impurezas, aquecem e purificam o ar que entraria frio e sujo no pulmão. “No Brasil esses dispositivos não estão no Sistema Único de Saúde, mas a ACBG vem pleiteando esse direito desde 2014”, diz Melissa. “Precisamos urgentemente incluir esses dispositivos no SUS e dar assistência a essa população contra este e outros vírus respiratórios”.

Santa Catarina foi o primeiro estado do Brasil que padronizou a distribuição de insumos para reabilitação fonatória e pulmonar que o paciente com traqueostomia necessita, como o filtro e adesivos. Agora a ACBG pede, em regime de urgência, que os outros estados passem a fazer essa distribuição.

A fonoaudióloga Suzana Areosa, da Rede+Voz da ACBG, ressalta que esses pacientes trazem sequelas por conta da alteração da fisiologia respiratória. “Nesse momento de pandemia de um vírus que tem basicamente contágio pelo ar, esses pacientes são mais suscetíveis, pois além de possuírem baixa imunidade devido ao tratamento do câncer, ainda possuem essa alteração da fisiologia respiratória. Por isso, é importantíssimo que tenham acesso aos insumos, que são os filtros e adesivos que possibilitam uma proteção maior”.

Suzana Areosa acrescenta que o filtro auxilia no sistema imunológico porque melhora a respiração. “O paciente que respira melhor tem defesa maior. A utilização dos dispositivos aperfeiçoa a respiração, permite que ele retome a capacidade de fazer expansão pulmonar, além de dificultar a entrada do vírus, por ser um aparelho que fecha a entrada da estomia”. Sem os dispositivos, quando há necessidade de sair de casa, neste período, os pacientes devem utilizar uma máscara sobre a estomia ou protetor da estomia, para evitar que fique a mesma fique exposta.

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