Da Redação – As micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo registraram queda de 8,3% no faturamento real (já descontada a inflação) em outubro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. A receita total das MPEs foi de R$ 49,8 bilhões, uma diminuição de R$ 4,3 bilhões no confronto de outubro com igual mês de 2015. Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP. Considerando esses números e o cenário geral da economia, o Sebrae-SP estima que as MPEs registrarão até o final de 2016 perda de 10% a 12% na receita real sobre 2015.
Entre os setores, o recuo do faturamento na comparação de outubro com o mesmo mês de 2015 foi de 19% na indústria, de 6,8% no comércio e de 6% nos serviços. No acumulado do ano (janeiro a outubro), o faturamento das MPEs paulistas caiu 12,1% em relação a igual período de 2015. A receita das MPEs continua sendo prejudicada pelo fraco nível de consumo no mercado interno, afetando os três setores da economia. A queda de outubro foi a 22ª seguida na receita das MPEs na comparação de um mês com mesmo mês do ano anterior. No entanto, há quatro meses o ritmo de redução no faturamento vem perdendo força, tanto que a retração registrada em outubro de 2016 foi percentualmente a menor registrada no ano.
“Ainda não podemos comemorar, mas temos fortes sinais de que a sangria nas contas dos pequenos negócios tem ficado menos intensa. Soma-se a isso a melhora no ânimo dos empreendedores, que confiam que a economia e o faturamento da sua empresa vão melhorar, ao contrário do que ocorria no final de 2015”, afirma o presidente do Sebrae-SP, Paulo Skaf. E completa: “Confiança é importante, mas para lucrar e crescer, é preciso que governantes façam sua parte, ajustando a economia e não caindo na tentação de aumentar os impostos.”
Quanto às regiões, o Grande ABC registrou um tombo de 30% no faturamento das MPEs em outubro sobre igual mês de 2015. O motivo para o desempenho negativo está no fato de a região concentrar empresas da indústria, setor mais afetado pela crise, influenciando inclusive os prestadores de serviço delas.
O segundo maior recuo no faturamento das MPEs ocorreu entre as MPEs localizadas no interior, cuja queda nas vendas foi de 8,5% na mesma comparação. Na região metropolitana de São Paulo a diminuição na receita foi de 8,1%; no município de São Paulo a redução ficou em 6,5%.
De janeiro a outubro, o total de pessoal ocupado nas MPEs do Estado caiu 2,8% ante o mesmo período do ano passado. A folha de salários também encolheu, com queda de 5,6%. O rendimento médio dos empregados registrou queda de 0,1%.
“Ainda temos um cenário de muitas dificuldades para as micro e pequenas empresas, mas vemos que a situação aponta para uma desaceleração da piora. Isso já é um começo, é o primeiro passo para a espiral descendente ser interrompida e, no futuro próximo, inverter a direção. Para essa trajetória, a queda na inflação e a redução dos juros básicos são elementos importantes”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
Microempreendedor Individual – A pesquisa do Sebrae-SP mostrou também resultados fracos nos negócios dos Microempreendedores Individuais (MEIs). Em outubro deste ano, o faturamento real da categoria reduziu-se em 3,4% em relação ao mesmo mês de 2015. O atenuante é que o porcentual negativo foi o menor de queda na receita dos MEIs na comparação com o mesmo mês do ano anterior, desde o início da série do levantamento, em agosto de 2014. A receita total dos MEIs foi de R$ 3,8 bilhões, ou R$ 133,7 milhões a menos do que um ano antes. Outubro também se caracterizou por apresentar a 15ª queda consecutiva de receita dos MEIs em um mês sobre igual período do ano anterior.
Por setores, o MEI do comércio foi quem mais perdeu: o faturamento recuou 8,5%. Já os serviços viram seu resultado encolher 3,8%. A indústria, no entanto, conseguiu apresentar número positivo, com a receita crescendo 7% em relação a outubro de 2015. Os MEIs da região metropolitana de São Paulo viram o faturamento declinar em 8%. Já os do interior registaram um outubro melhor, com aumento de 2,4% no indicador. Porém, esses resultados se devem à base de comparação, já que em outubro de 2015 a receita dos MEIs do interior havia caído 24,1% e a dos da região metropolitana havia aumentado 1,6% ante outubro de 2014. No acumulado do ano, a perda de faturamento dos MEIs chega a 15,6% sobre o mesmo período de 2015.
Expectativas – A maior parte, ou seja, 48%, dos donos de MPEs disseram em novembro esperar manutenção do faturamento do negócio nos próximos seis meses. Em novembro de 2015, essa era a opinião de 58% deles. Houve aumento da parcela dos que acreditam em melhora: de 22% no ano passado para 36% agora. Entre os MEIs, aumentou o grupo que prevê melhora nos negócios: eram 47% um ano atrás e hoje são 56%. Entre aqueles que falam em estabilidade, não houve nenhuma mudança significativa, já que eram 35% e agora são 34%.
No que diz respeito à economia brasileira nos próximos seis meses, a expectativa de que a situação vá melhorar cresceu sensivelmente, pois essa é a opinião de 35% dos proprietários de MPEs, ante 14% um ano atrás. Outros 46% creem em estabilidade contra 45% em novembro de 2015. Para 11%, a economia vai piorar, bem diferente dos 33% de um ano antes.
Também aumentou a parcela de MEIs que vislumbram melhora na economia nos próximos seis meses, de 24% em novembro de 2015 para 51% este ano. Apenas 10% imaginam piora, bem menos do que os 39% que pensavam assim em novembro de 2015. Segundo 40% deles, os próximos seis meses serão de estabilidade; em novembro de 2015, essa era a visão de 30% deles.
A pesquisa – A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1,7 mil proprietários de MPEs e 1 mil MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob essa figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
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