Ex-regente assistente da Ossa, atua desde 2020 no mesmo cargo na orquestra de Buenos Aires, no Teatro Colón; concerto gratuito terá ainda participação da soprano Manuela Freua
Texto: Marcos Imbrizi – Fotos: Helber Aggio/’PMSA
Santo André – Neste domingo (31), às 11h, a Ossa (Orquestra Sinfônica de Santo André) dá prosseguimento ao projeto ‘Brasil de 22 a 22’, que integra a Temporada 2022. O concerto, no Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes, terá duas participações especiais: a regência ficará a cargo da maestrina Natália Larangeira, ex-regente assistente da Ossa e atual regente assistente da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, no Teatro Colón. O público poderá conferir ainda a apresentação da soprano Manuela Freua. Entrada gratuita por ordem de chegada.
De acordo com Abel Rocha, diretor artístico, regente da Ossa e idealizador do projeto ‘Brasil de 22 a 22’, a iniciativa visa mostrar a forma que a música instrumental pode retratar e entender o Brasil do século XXI, tendo como referência os significados e heranças do movimento modernista de 1922, dos dois anos da pandemia do novo coronavírus, dos 200 anos da independência do Brasil e os 500 anos da circum-navegação no entorno do planeta.
A programação deste ano da Sinfônica de Santo André com o novo projeto traz a estreia de 15 novas composições, escritas especialmente para a orquestra por compositoras e compositores brasileiros dos mais diversos e variados perfis. Compostas em gêneros, estilos, tradições e formações distintas, cada uma oferece sua visão do significado de ser moderno, ser contemporâneo, ser brasileiro. Após as apresentações as composições serão disponibilizadas nos canais virtuais da Sinfônica de Santo André.
Retorno – Depois de dois anos, Natália Larangeira retorna a Santo André para reger o concerto do próximo domingo. Natália se tornou regente assistente da Ossa em 2015. Em 2020, ela foi selecionada através de um concurso internacional para ser a regente assistente da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, no Teatro Colón, principal casa de ópera da capital argentina.
A experiência em Buenos Aires tem sido muito enriquecedora para Natália. “Como regente assistente, eu trabalho não só com o regente titular, mas para todos os maestros convidados. Com isso, eu tenho semanalmente a oportunidade de trabalhar com maestros de diferentes partes do mundo e repertórios desafiadores. Isso faz com que eu cresça muito como regente”, afirma.
Natália destaca ainda o fato de estar no Teatro Colón. “É também uma experiência incrível. Além das orquestras temos o corpo de ballet e coros o que me permite todo dia acompanhar o dia-a-dia de um teatro de ópera”, comenta.
E a maestrina convidada para o concerto de julho lembra ainda a importância da participação na Ossa em sua carreira. “Ter sido regente assistente da orquestra foi fundamental. Na Ossa eu sempre tive muitas oportunidades para reger. E esse repertório todo, essa experiência não só musical, mas também da parte de gestão me treinou para que eu pudesse chegar num ambiente como o Teatro Colón, que tem mais de dois mil lugares. Mas ao chegar lá eu já estava acostumada, o que tornou fácil a minha adaptação”, concluiu.
Concerto de julho – No concerto de julho da Temporada 2022 serão apresentadas as estreias de ‘Canções de Maresia’, de João Guilherme Ripper com a soprano Manuela Freua; ‘Bolero Reptiliano’ de Alexandre Dalóia; e ‘Literofagia’, de Cibelle Donza. Completam o programa a ‘Suite Star War’, de John Williams e ‘ Abertura Coriolano’, de Ludwig van Beethoven.
Sobre os compositores e suas obras:
– João Guilherme Ripper: é compositor, diretor da Sala Cecília Meireles, professor da Escola de Música da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Música. A ópera tem importância central em seu catálogo com sete títulos estreados. Entre as recentes apresentações, destacam-se as produções do monodrama Cartas Portuguesas na Sala São Paulo, Fundação Gulbenkian de Lisboa e Sala Minas.
Canções de Maresia têm poesias do compositor que abordam sua estreita relação com o mar. As cinco canções são Refração, Maresia, Espuma, Transfiguração, Ressaca. Canções de Maresia foi encomendada pela Orquestra Sinfônica de Santo André e é dedicada ao maestro Abel Rocha.
– Alexandre Dalóia: Compositor, arranjador, flautista e professor. Tocou 27 anos na Banda Sinfônica do Estado de São Paulo e escreveu para orquestras de todo o Brasil.
Bolero Reptiliano imagina como seria um baile de gala do povo reptiliano, com seus protocolos e coreografias. Nesta peça há um trabalho intenso do naipe de percussão da orquestra.
– Cibelle J. Donza: É maestrina e compositora natural de Belém (PA). Como compositora, teve suas obras programadas por orquestras como a Sinfônica do Teatro Nacional Claudio Santoro (OSTNCS), Municipal de Campinas (OSMC), do Theatro da Paz (OSTP), do Espírito Santo (OSES) e a Sinfônica Altino Pimenta (OSAP). Tem também executadas obras camerísticas, além de acusmáticas e eletroacústicas-mistas. Destaca-se a obra “Olho d’água” encomendada pelo Duo Santoro. Foi idealizadora do grupo “Música de Experiência” recebendo prêmio pela Fundação Cultural do Pará. Cibelle também assina a trilha original e desenho de som para o curta-metragem: O vôo do Beija-Flor e para o longa ‘Três Marias’.
Literofagia é uma composição que se organiza e desenvolve em torno da criação de três ambientes sonoros distintos (em termos de caráter; alturas; timbre e textura). Cada ambiente sonoro tem inspiração em um personagem ou obra da literatura brasileira, sendo eles:
a) “João Grilo (O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna)”;
b) “A Terceira Margem do Rio” (Guimarães Rosa); e
c) “Capitu” (Dom Casmurro, de Machado de Assis).
– John Williams: Nascido em 8 de fevereiro de 1932, compôs músicas para mais de 80 filmes, com a incrível marca de 52 indicações ao Oscar. Entre alguns dos seus trabalhos mais conhecidos, estão as trilhas dos filmes “Tubarão” (1975), ‘”E.T.” (1982), “Jurassic Park” (1993), além das sagas “Harry Potter” e ‘Star Wars.
Esta música foi escolhida pela Sinfônica de Santo André para fazer parte de sua programação em homenagem aos 90 anos de nascimento de John Williams.
Sobre as convidadas:
Natália Larangeira revela uma promissora carreira como regente de ópera, balé, coro e orquestra. Em sua carreira, destacam-se o prêmio em 2º lugar no III Concurso para regentes da Opera de Baugè (França/2019) e a conquista da vaga de Regente Assistente da Orquestra Filarmônica de Buenos Aires, no Teatro Colón (Argentina, 2020/2022). Iniciou seus estudos no Conservatório Arte Musical de Osasco. Formou-se em regência na UniFiamFaam com os maestros Abel Rocha e Naomi Munakata. Principais orquestras regidas: Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, Orquestra do ISATC (Argentina), Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, Orquestra do Theatro São Pedro, Szolnok Symphonic Orchestra (Hungria), Orquestra da Opera de Baugè (França), Atlantic Coast Orchestra (Portugal), Orquestra Bohuslav Martinu (República Tcheca), dentre outras. Entre 2016 e 2019 fez parte da classe regência do maestro Cláudio Cruz, junto à Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Natália Larangeira foi regente assistente da Ossa de 2015 a 2022. Atualmente participa do movimento Mulheres Regentes. É mestranda em Performance na Unicamp, onde pesquisa sobre a primeira ópera escrita por uma mulher: ‘La liberazione’, de Francesca Caccini, e atua como regente titular e diretora artística da Camerata Filarmônica de Indaiatuba.
A soprano Manuela Freua é especialista em música de câmara e em música dos séculos XX e XXI, e com livre trânsito na música popular, a cantora paulistana traz em seu curriculum execuções das obras Quarteto no. 2, opus 10, Pierrot Lunaire, opus 21, (Schoenberg, OSESP, Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo), Le Marteau sans Maître (Boulez, OSESP), Folk Songs (Berio, Theatro São Pedro) e Kafka-Fragmente (Kurtág, Sala do Conservatório, Theatro Municipal de São Paulo). Foi Helena em ‘A Midsummer Night’s Dream’ (Britten, Theatro São Pedro). Estreou na ópera ‘Dido and Aeneas’ (Purcell), e, desde então, cantou em produções de óperas em palcos como o Theatro Municipal de São Paulo, o Theatro São Pedro e o Teatro Amazonas. Realizou, em 2008, turnê pelo Japão, ao lado da pianista Tomoko Nakayama. Foi solista da 9a Sinfonia (Beethoven, OSPA), da 8a Sinfonia (Mahler, OSESP), da 4a Sinfonia (Mahler, Percorso Ensemble), da Paixão Segundo São João (Bach, OSM/Theatro Municipal de São Paulo, entre outras obras. Gravou, ao lado do violinista Emmanuele Baldini, o CD ‘A Canção e o Violino’. É bacharel em música pela UNESP, especialista em canção popular pela FASM e foi aluna de Isabel Maresca. Aperfeiçoou-se, como bolsista Vitae, na Academia Ferenc Liszt de Budapeste.
Serviço
Temporada 2022 da Ossa (Orquestra Sinfônica de Santo André) – Projeto Brasil de 22 a 22
Direção artística: Maestro Abel Rocha
Regente convidada: Maestrina Natália Larangeira
Cine Theatro de Variedades Carlos Gomes, Rua Senador Fláquer, 111, Centro
Domingo, 31 de julho de 2022, às 11h
Entrada gratuita – 400 lugares por ordem de chegada
Programa:
Ludwig van Beethoven – Abertura Coriolano
Alexandre Daloia – Bolero Reptiliano (Projeto Brasil de 22 a 22)
Cibelle Donza – Literofagia (Projeto Brasil de 22 a 22)
João Guilherme Ripper – Canções de Maresia (Projeto Brasil de 22 a 22)
Soprano: Manuela Freua
John Williams – Suíte Star Wars
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