Será que estamos estreia em formato digital e debate forma de identificação

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Com toalhas na cabeça escondendo suas faces, artistas transitam entre possibilidades de desconstrução de identidades ou sufocamento delas, refletindo sobre quem somos de verdade, em um mundo governado por tantas decisões arbitrárias que desrespeitam nossas características mais profundas 

Da Redação – De 16 a 30 de abril de 2021, acontece a temporada de estreia de “Será que estamos?”, uma performance do “Q?”, um ambiente de trabalho formado por Renato Vasconcellos e Rodrigo Raiz, artistas ligados à cena performativa do corpo, principalmente a partir da dança, que se uniram com o interesse em comum de discutir sobre o espaço público e toda sua complexidade política. 

As transmissões de “Será que estamos?”serão gratuitas no canal do Q? no Youtube (www.youtube.com/channel/UCQNWEZSB8rpmJE0vAEWg7dQ). Os vídeos foram gravados no Teatro de Contêiner Mungunzá, seguindo todos os protocolos de segurança, preservando a integridade da equipe. 

“Será que estamos?” explora as nuances do processo de cada pessoa como indivíduo ao se permitir se perceber genuinamente ou não, em um mundo onde os corpos são governados por muitas decisões arbitrárias, que desrespeitam as nossas necessidades mais íntimas e profundas.

A performance é inspirada no trabalho visceral do escultor e performer congolês, Olivier de Sagazan, na série de performance existencial intitulada “Transfiguration”, em que o artista constrói camadas de massa de argila e tinta em seu rosto e corpo para transformar, desfigurar e destruir sua própria figura revelando um humano animalístico que busca fugir do mundo físico.

Com toalhas que escondem a cabeça e os traços do rosto de cada artista, “Será que estamos?” reflete sobre o que é público a partir da face, afinal o rosto possibilita ao ser humano muitas formas de reconhecimento e identidade. 

A brincadeira feita pelas crianças em que uma toalha é usada para parecer cabelo comprido é o fio condutor da performance, uma vez que esta ação permite assumir e experimentar uma “mulheridade”, o que passou a ser a tônica da pesquisa artística do “Q?”, questionando as formas humanas de identificação e sua ocupação do espaço público, como lugar de exercício da cidadania. 

O ato de pôr a toalha na cabeça pulsiona esta criação e recria possíveis identidades que poderiam ser assumidas, nem todas sociáveis e, por isso, livres de questões identitárias. O mesmo ato dependendo da circunstância é também um sufocamento. 

“As toalhas nas cabeças fizeram surgir máscaras dentro de uma lógica de controle similar a que Sagazan experimenta com suas máscaras de argila, criadas por cima de seu rosto. Então temos um trabalho para a imaginação e para a memória, principalmente quando existe um desgoverno em relação ao espaço”,  comenta Renato Vasconcellos. 

“Percebemos que nossas visões, ou a falta delas, não nos ajudam a saber exatamente o lugar que ocupamos no mundo. Alguma identidade, e mesmo as subjetividades, nos parecem armadilhas modernas. Seu produto é o corpo, e caso não queiramos ser vendidos ou tão pouco comprados é necessário estratégias para continuar exercendo um “eu-nós” desatados”, finaliza Vasconcellos. 

O processo de criação da performance “Será que estamos?” teve início em 2019, entre experimentações em espaço externo e posteriormente dentro das dependências do CRDSP – Centro de Referência a Dança da Cidade de São Paulo, localizado no Vale do Anhangabaú. 

A temporada conta ainda com um encontro virtual “Q contorno é esse?”, no dia 17 de abril de 2021, às 19h00, com artistas da dança e também multilinguagens, para debater temas pertinentes ao processo de criação do Q? e os tantos desdobramentos possíveis em se tratando dos temas arte, sociedade e sujeito.

O encontro virtual promovido pelos artistas do Q? contará com a mediação e provocação de Gregory Da Silva Balthazar – Professor Titular do PPED/UNIT e Coordenador do Núcleo Diadorim de Estudos de Gênero, Paula Petreca – Bailarina, professora de movimento, yoga e pesquisadora de História da Dança e Valdirene Garcia Ciola – Coordenadora Pedagógica em escolas infantis da rede pública há 11 anos, com especialização em Linguagens da Arte. 

A primeira edição da ação aconteceu no dia 26 de março de 2021 e contou com a mediação e provocação da artista e curadora de arte, Biba Rigo e da artista, educadora da dança e gestora cultural, Ivana Motta. As ações fazem parte do projeto “Flexões do Sujeito: Será que estamos rindo?” contemplado no Edital Proac Expresso Lei Aldir Blanc Nº 37/2020. 

Serviço – Será que estamos? Sinopse: Referências de um tempo presente que trazem à tona as memórias de infância de uma criança viada, seu processo de reconhecimento no mundo e ressignificação, através de um exercício de se transformar e se transfigurar. As incursões de “crianças viadas” em um plano fantasioso que tendiam para as identificações com o feminino, hoje friccionam a atualidade e geram a dança. Duração: 50 minutos. Gênero: Performance. Dança – Grátis – Classificação Livre

Onde: Canal do Q? no Youtube – www.youtube.com/channel/UCQNWEZSB8rpmJE0vAEWg7dQ 16, 17 e 18 de abril de 2021 – Sexta-feira, Sábado e Domingo – Horário: 20:30 22, 23 e 24 de abril de 2021– Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado  – Horário: 20:30 29 e 30 de abril de 2021 – Quinta-feira, Sexta-feira – Horário: 20:30

Encontro Q contorno é esse? – Quando: 17 de abril de 2021 – Horário: 19h, com Renato Vasconcellos, Rodrigo Raiz  integrantes do Q? – Mediação / Provocação: Gregory Da Silva Balthazar, Paula Petreca e Valdirene Garcia.

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