Seleção de GA Feminina leva o título e a vaga por equipe no Rio 2016

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Da Redação – O domingo (17) foi de fortes emoções para a ginástica artística brasileira. Pela primeira vez na história, o Brasil irá com duas equipes completas para uma edição dos Jogos Olímpicos. Com o masculino já garantido no Rio 2016, o feminino teve a última chance de classificação no evento-teste da modalidade, na Arena Olímpica do Rio, que classificou os quatro melhores. O grupo, liderado pelas experientes Daniele Hypolito e Jade Barbosa, venceu o torneio e conquistou um lugar na maior competição esportiva do planeta.

Assim que entraram no ginásio, as brasileiras já levantaram a torcida. O primeiro aparelho do Brasil foi a trave e ninguém melhor do que Daniele Hypolito para começar. Com uma prova segura, a ginasta, com quatro Jogos Olímpicos no currículo, conquistou 14,166 pontos. “Quando eu pisei na trave e ouvi a torcida gritando, me senti em casa”, confessou Daniele. “A minha motivação foi grande por estarmos todas juntas em nosso País. Foi uma experiência fundamental para as meninas que ainda não tinham feito uma competição tão importante no Brasil. Aqui no evento-teste precisávamos estar firmes, mas nos Jogos Olímpicos será tudo ou nada, então precisaremos ir com elementos mais difíceis. Ainda temos muito o que trabalhar, mas as chances de medalhas na Olimpíada são reais”, completou a irmã de Diego Hypolito.

Ainda na trave, Jade Barbosa veio na sequência e somou 14,233. Incentivada pela torcida, Flávia Saraiva garantiu 14,566, seguida por Lorrane Oliveira (13,566) e por Carolyne Pedro (12,466).

A união da equipe era visível a cada apresentação. Sempre juntas e incentivando umas as outras, as meninas foram para o solo e, mais uma vez, encantaram. Daniele abriu as apresentações do Brasil no aparelho e ficou com 13,933, pontuação bem próxima a de Jade, com 13,891. A maior nota do País foi de Flávia, logo na estreia da nova série. Como já é comum, a ginasta fez uma apresentação cheia de graça e arrancou palmas da torcida. Dos árbitros, recebeu a nota 14,150. Lorrane (13,400) e Carolyne (12,300) completaram a pontuação da equipe.

Técnico de Flávia, Alexandre Carvalho contou que irá aumentar a dificuldade da série da ginasta no solo para os Jogos Olímpicos. “Nós estamos no caminho certo, mas pretendemos fazer uma série mais difícil, até porque a briga nesse aparelho será bem forte nos Jogos Olímpicos. Ainda temos um tempo para trabalhar. Essa música chama o público e a Flávia, apesar de jovem, sabe lidar muito bem com a torcida. Isso é muito bom para um atleta”, explicou.

O melhor aparelho das brasileiras no dia foi o salto. Daniele foi a única do País a fazer dois saltos, com o objetivo de avançar para a final, e teve 14,433 como média (14,333 no primeiro e 14,533 no segundo). Flávia (14,533), Jade (14,966), Lorrane (14,608) e Rebeca (14,933) também fizeram ótimas apresentações.

Extremante feliz após a conquista da vaga, Flávia destacou o quando a equipe se preparou para esse momento. “Nós treinamos muito para conquistar essa vaga e estou feliz com as minhas apresentações. Eu gostei do meu salto, que executo pela segunda vez em uma competição. No solo, minha música é nova e estou feliz com a coreografia, que é linda”, disse.

Para Jade, as expectativas para os Jogos Olímpicos também são as melhores. Segundo a ginasta, esse é o melhor momento da ginástica artística feminina brasileira na história. “Todas nós lutamos até o fim e foi tudo muito bom. Agora já classificadas, podemos treinar especificamente para as nossas especialidades pensando nos Jogos Olímpicos. Esse é o ciclo que temos mais chances nos Jogos Olímpicos. A equipe é muito talentosa e todas estão focadas. Tudo está valendo a pena.”

Para fechar, vieram as barras assimétricas, com Carolyne (13,433), Jade (12,733), Flávia (13,633), Lorrane (14,066) e Rebeca (14,400). “A sensação que tenho é muito boa, porque entrei para ajudar a equipe em apenas dois aparelhos e fiz o meu melhor. Todas nós fizemos o máximo que podíamos hoje e foi demais contar com o calor do público nas arquibancadas, que soube competir junto com a gente”, frisou a jovem Rebeca, de 16 anos.

Após a ótima série de Rebeca, toda a delegação respirou aliviada e a emoção foi grande, afinal, o Brasil acabava de garantir a classificação em casa. As brasileiras somaram 226,477 no total e ficaram à frente da Alemanha (223,977), Bélgica (221,438) e França (220,869), que também conquistaram vaga. Os outros países participaram foram Austrália (218,428), Suíça (218,336), Romênia (216,569) e Coreia do Sul (203,828).

Uma das treinadoras da equipe, a ucraniana Iryna Ilyashenko, fez questão de ressaltar o mérito das ginastas. “Hoje as meninas fizeram tudo com a típica garra brasileira. Elas lutaram e venceram juntas”, destacou.

Tudo o que foi apresentado mostra a evolução da ginástica artística brasileira e comprova que o País tem grandes chances de conquistar uma inédita medalha olímpica pelo feminino, fruto de um forte trabalho em conjunto. Segundo Georgette Vidor, coordenadora da Seleção de Ginástica Artística Feminina da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), os olhos do Mundo estarão ainda mais voltados para as brasileiras.

“Essa pontuação nos renderia o quarto lugar no Mundial do ano passado, o que nos classificaria direto, mas acredito que nada nessa vida é por acaso. Nós tivemos a chance de competir no Brasil, no ginásio oficial, com a equipe completa, com a torcida e essa experiência outros países não tiveram. Foi melhor assim. Vamos sair daqui mais consagradas. Nós fizemos uma pontuação maravilhosa, avaliadas pelos melhores árbitros do Mundo, que estarão nos Jogos Olímpicos. Nós tiramos as notas que merecíamos e muita gente deve ter se surpreendido com as apresentações do Brasil. As meninas estão de parabéns, os treinadores, a equipe multidisciplinar, a CBG, enfim, agradeço a todos que trabalharam para que isso acontecesse. Sabemos que podemos ainda muito mais com essa Seleção incrível”, comemorou, em êxtase, após abraçar e se emocionar com toda a equipe.

A presidente da CBG, Luciene Resende, reforçou que é uma emoção muito grande poder vivenciar esse momento dentro do Brasil. “É uma conquista estar nos Jogos Olímpicos com duas equipes completas. Isso é histórico. É notório o tanto que nossos ginastas têm se dedicado. Hoje, durante a competição, a união entre as meninas era visível. Esse é um momento especial e sabemos que estamos no caminho certo. Nós saímos de um ciclo com Daiane dos Santos, com Laís Souza, e agora temos uma renovação com a Flavinha, com a Rebeca e tantos outros talentos. Além disso, a Dani, mais uma vez, vem mostrando seu potencial e sendo referência para as meninas. Só tenho a agradecer aos investimentos do Ministério do Esporte, do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e da Caixa Econômica Federal, nosso patrocinador, por sempre acreditarem e acompanharem de perto a nossa evolução.”

Após a emoção da classificação, as ginastas voltam à Arena Olímpica do Rio nesta segunda-feira (18) para as finais por aparelhos, a partir das 13h10. No salto, Daniele vai em busca de medalhas. Já nas assimétricas, Rebeca está classificada. Flávia e Jade estão na decisão da trave, enquanto o solo terá a dupla Flávia e Daniele.

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