Da Redação – No dia 24 de setembro, para continuar com chave de ouro o projeto O Zero Hora Celebra Nery Gomide, no Teatro Ribalta, a programação contará com leitura dramática, encenação de trechos de peças do dramaturgo, sarau e o personagem Ruthinery como mestre de cerimônia (Rodrigo Habermann). O evento, que teve uma edição no dia 7 de setembro,em São Paulo, contou com sarau, coquetel, apresentação de trechos de peças e leitura encenada. O objetivo é homenagear o dramaturgo, poeta e agitador cultural Nery Gomide, que surgiu na cena teatral nos anos 60 e faleceu em 2004, deixando um legado que precisa ser revisitado e redescoberto pelas novas gerações.
A idealização do evento é de Hermes Altemani, Kiury, Rodrigo Ferraz e Renato Alves. Os textos encenados serão dirigidos por Kiury, Ferraz e Alves e os atores serão escolhidos a partir de testes e convites. Vale frisar que Kiury e Rodrigo Ferraz foram os produtores do espetáculo Nosso Luto (direção de Ferraz; autoria e assistência de direção de Kiury), que ocupou as sextas–feiras de junho do Teatro Ribalta, com ótima receptividade.
SOBRE NERY GOMIDE – Filho de escritora e poetisa, começou a chamar a atenção no teatro junto com autores como Timochenko Whebi, José Vicente, Antonio Bivar, Leilah Assunção, Consuelo de Castro. O dramaturgo escreveu inúmeras peças, entre elas: RUA 10; Assunta do 21; O Espelho Partido; Halloween, o dia das bruxas; O Leão e o Esquilo e História de Todas as Coisas e Despedida de Solteiro. Assunta 21 é a sua peça mais conhecida; com ela, ganhou o prêmio APCA autor revelação. A atriz Ruthinea de Moraes atuou na segunda montagem.
Segundo o diretor Kiury,¨Nery era visionário e tinha um lado bem rebelde. A peça Rua 10, que é uma das mais famosas dele, é uma das primeiras a falar mais abertamente sobre homossexualidade. Fora isso, ele foi um dos primeiros diretores a dar espaço para travestis e atores transformistas¨, conta.
Rodrigo Ferraz destaca que Nery Gomide é um dramaturgo que merece uma luz, um foco da cena… ¨Transgressor por natureza, ele montou desde espetáculos infantis até espetáculos com personagens da cena LGBT. Abordou o tema do cárcere antes do consagrado Estação Carandiru. Além disso, muito de seus personagens eram idosos, sem ser uma dramaturgia feita especialmente para a terceira idade. Trabalhou com nomes consagrados para a época e consagrados hoje em dia. Nosso evento quer dar visibilidade a sua obra, pois além de muito ousada tem muita qualidade!¨, opina o diretor.
O diretor Renato Alves, por sua vez, salienta que Nery Gomidetem mais de 160 obras e espetáculos teatrais escritos, alguns não publicados e nem registrados – outros ainda escritos a mão e máquina de escrever..! ¨O verdadeiro escopo do projeto é ativar o nome dele e registrar as obras e assim despertar o interesse na classe artística e cultural e montar as suas obras teatrais e até mesmo ler suas obras e textos”, ressalta Alves. O artista foi Presidente do Movimento Zero Hora de Teatro, poesia e contos – movimento de autores teatrais que teve como resultado a fundação do Teatro Zero Hora, em 1984.
Espaço famoso na década de 80, o Teatro Zero Hora lançou diversos artistas e teve entre seus clientes e frequentadores figuras importantes da cena teatral, entre eles, Plínio Marcos,Fauzi Arap, Walderez de Barros, Read Guirar, Marcos Caruso, Odilon Wagner, Sebastião Apolonio, Antonio Petrin, Mario Bortolotto, Ligia de Paula, Cia Os Satyros e Ruthinea de Moraes( homenageada através do personagem Ruthinery de Rodrigo Habermann). Em 2002, após uma reforma, o teatro mudou de nome para Ribalta e hoje é administrado por Hermes Altemani, idealizador do evento e o atual proprietário do Teatro Ribalta desde 2002.
HERMES ALTEMANI – Foi parceiro de Gomide no Movimento Zero Hora de Teatro e com ele escreveu livros que resgatam a história do Movimento, além de peças teatrais, entre elas, textos voltados para o público infantil, como Apolo e as super-gatinhas. Segundo Altemani, que hoje administra o teatro Ribalta, o Zero Hora reuniu autores teatrais que queriam mostrar o seu trabalho e não tinham condições financeiras para alugar um teatro. Esses artistas se juntaram e procuraram teatros para alugar na forma de cooperativa.
O mais interessante das criações de Nery é que elas foram escritas em máquinas de escrever e retratam uma época totalmente diferente dos dias de hoje. ¨Tem peças dele, por exemplo, que usam palavras que não se falam mais e estão ambientadas numa época em que não havia energia elétrica¨, destaca Altemani.
Programação para o dia 24 de Setembro (Último Domingo)
19h: Peças Curtas (Aperto, A Galinha Que Chocava Pedras e Testemunha Por Acaso). No Teatro.
Obs: Personagem Ruthinery apresentando as peças.
Ordem:
1 – (A)perto
2 – A Galinha Que Chocava Pedras
3 – Testemunha Por Acaso
20h: “Dama da Noite”. (No Hall)
21h: Leitura Encenada. (No Teatro)
Ficha Técnica dos cinco espetáculos.
“(A)PERTO”:
Sinopse: Fragmentos de textos no projeto O Zero Hora Celebra Nery Gomide.
Texto: Nery Gomide
Direção: Kiury
Elenco: Carola Valente, Kiury, Magali Moreira, Vanessa Garcia e Wood Moura.
“A GALINHA QUE CHOCAVA PEDRAS”
Sinopse: Fragmentos de textos no projeto O Zero Hora Celebra Nery Gomide.
Texto: Nery Gomide e Hermes Altemani
Direção: Renato Alves
Elenco: Di Buono, Sayonnara Leandro e Simone Candido.
“TESTEMUNHA POR ACASO”
Sinopse: Fragmentos de textos no projeto O Zero Hora Celebra Nery Gomide.
Texto: Nery Gomide
Direção: Rodrigo Ferraz
Elenco: Milton Aguiar e Rodrigo Banks
Serviço:
O Zero Hora Celebra Nery Gomide
Data: 24/09. Horário: a partir das 19h00. Local: Teatro Ribalta. Rua Conselheiro Ramalho, 673. Bela Vista/SP. * Travessa da Av. Brigadeiro Luís Antônio – Próximo do Metrô São Joaquim. Pague quanto puder.
Para saber mais: https://www.facebook.com/OZeroHoraCelebraNeryGomide/
Nenhum comentário on "Segunda edição do evento O Zero Hora Celebra Nery Gomide"