Da Redação – Entre os dias 23 e 26 de setembro, aconteceu o 13º Congresso de História do Grande ABC, em Ribeirão Pires, discutindo diversos tópicos que permeiam o tema “História, Diversidade e Identidade: O que nos Une?” O secretário adjunto de Cultura e Turismo de Ribeirão Pires, Marcílio Duarte, esteve envolvido diretamente com o evento durante as reuniões preparatórias, a organização e todo o processo de estruturação, tanto física quanto ideológica desta 13ª edição. Leia a seguir alguns trechos da entrevista com Marcílio Duarte.
Pergunta – Como o público participou do 13º Congresso de História do Grande ABC? Quantas pessoas participaram?
Marcílio Duarte – Ao analisar os números, é importante ter em mente que o Congresso de História é um evento dos que militam pela causa do patrimônio cultural, direito à memória e história da região. Embora não seja segmentado, ele acaba atraindo cada vez mais o campo de pesquisadores, docentes, alunos e memorialistas que intercambiam seus conhecimentos, discutem a problemática de suas atuações e confraternizam neste grande encontro regional. Dentro desse contexto, levando-se em conta que se trata de um público de multiplicadores, atingimos com sucesso a média de 200 congressistas por dia e uma média total de 600 congressistas durante os três dias.
Pergunta – Entre os assuntos debatidos e palestras, qual foram os temas com maior interesse e discussão?
Marcílio Duarte – Os assuntos que tiveram maior interesse do público foram as duas mesas dedicadas à diversidade cultural no contexto histórico do Grande ABC. Nestes dois debates, registramos o auditório cheio, com alunos da própria FIRP (Faculdades Integradas de Ribeirão Pires) e de outras universidades da região, o que para nós é uma prova de que a escolha do assunto central e a formação das mesas foram corretas.
E a questão da crise hídrica?
Marcílio Duarte – Outros temas inovadores também foram destaque, como a história do uso da água em uma mesa marcante por trazer à discussão o patrimônio natural representado pela Represa Billings e seu estado agonizante de poluição, que exige medidas urgentes de recuperação, apesar do bom trabalho desenvolvido por São Bernardo do Campo. Fomos instigados a pensar como, ao longo da história do Grande ABC, matamos aquela Billings limpa que nossos avós costumavam nadar, pescar e passar horas de lazer com a família. Outra mesa de destaque foi a atuação e trajetória do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, que se confunde com o nascimento do próprio Congresso de História do Grande ABC (ambos nasceram no mesmo ano). Todas debatidas em alto nível.
Pergunta – Quais resultados efetivamente serão desdobrados após o evento?
Marcílio Duarte – Tradicionalmente, o Congresso de História aponta, por meio de moção pública, algumas ações para os Executivos realizarem no período de dois anos. Da moção de 2013 (Mauá), Ribeirão Pires cumpriu duas das três recomendações: a sinalização patrimonial que foi apresentada no dia do encerramento para a Capela Nossa Senhora do Pilar e Conjunto Ferroviário. Outra ação atendida foi a revitalização do Museu Histórico Municipal Família Pires, reinaugurado este ano.
Pergunta – Qual a sua avaliação do evento como um todo?
Marcílio Duarte – Muito positiva e além das expectativas projetadas. A nossa principal realização foi proporcionar debates com qualidade e atingirmos a desejada presença do público durante os eventos. Percebemos uma aprovação expressiva dos participantes, especialmente os de outras cidades. As mesas sobre diversidade cultural, história do consórcio e Represa Billings foram os grandes destaques, pois mostraram a capacidade do Congresso em se renovar – embora essa renovação não tenha desconsiderado os aspectos tradicionais do evento. Houve pontos emocionantes, como as homenagens que fizemos aos antigos moradores vivos e in memorian. A estrutura montada de credenciamento, produção de palco e vídeo também foi muito elogiada pelos presentes, que se mostraram impressionados com a qualidade visual do auditório. As apresentações de música e teatro também foram muito elogiadas.
Pergunta – E para a cidade? Qual foi o resultado?
Marcílio Duarte – A cidade de Ribeirão Pires estava desmoralizada na área de patrimônio cultural. Vínhamos de um passado recente em que a cidade era conhecida por abandonar à sorte patrimônios como o Casarão dos Zampol, a residência do Comendador Mansuetto, a capela de Santa Clara, entre outros. Éramos vistos como um município despreocupado com o patrimônio cultural. E, de fato, se você pesquisar nos jornais, verá que a cidade andou sendo alvo de manchetes desabonadoras neste período.
Pergunta – Deve ter sido complicado realizar um evento deste porte?
Marcílio Duarte – Com o Congresso, conseguimos mostrar ao ABC que, apesar de dificuldades pontuais, estamos avançando, saindo da situação grave que encontramos. Mostramos aos congressistas nossa força de vontade com a reativação do Museu Municipal, do Centro de Apoio Técnico ao Patrimônio (CATP), da Pinacoteca Municipal e do Conselho Municipal de Defesa do Patrimônio, além da recuperação do Livro do Tombo, extraviado há pelo menos 20 anos.
Pergunta – Qual a importância para a cidade em realizar, pela sgunda vez, o Congresso de História?
Marcílio Duarte – Realizar o Congresso foi uma espécie de celebração desse novo momento, em um ano dedicado à retomada das políticas de valorização do patrimônio cultural. Vale dizer que, neste ano, já realizamos várias ações, como a comemoração dos 130 anos do Conjunto Ferroviário, a 13ª Semana Nacional de Museus, a 9ª Primavera dos Museus e agora estamos trabalhando na criação do Museu Ferroviário, que será inaugurado até o final do ano, com o aval do Prefeito Saulo Benevides. As pessoas não sabem, mas tudo isso foi reativado agora, neste governo.
Pergunta – E quais outros méritos deste congresso?
Marcílio Duarte – A parceria regional. Isso foi outra coisa que deu certo: o modelo de parceria entre a Prefeitura de Ribeirão Pires, Consórcio Intermunicipal Grande ABC e FIRP/UNIESP. As tratativas conduzidas com o Consórcio foram cumpridas fielmente, o que garantiu um evento de grande qualidade para todos os envolvidos. Já a FIRP nos forneceu o espaço, a estrutura e uma equipe de 15 voluntários que trabalhou com bastante dedicação e não deixaram nada a desejar.
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