* Rafael Kenji Hamada – Com o anúncio do metaverso pela empresa Meta, em 2021, algumas companhias já estão em busca do pioneirismo nesse novo universo, que se propõe a ser o maior avanço de tecnologia desde o surgimento da internet. Com o 5G e o aumento da velocidade de dowloads e navegação, o metaverso ganha ainda mais notoriedade.
Em 2022, a previsão é de um maior surgimento de startups voltadas à acessibilidade e inclusão, uma vez que o modo de se relacionar está cada vez mais virtual. Já existem discussões para transferência de reuniões de trabalho para o ambiente de realidade virtual, o que facilita o acesso a pessoas com deficiência física e motora, mas é um grande desafio a pessoas com déficit de acuidade visual e auditiva. A boa notícia é que existem diversas startups brasileiras com soluções para esses problemas que já existem no meio real e serão transferidos para o virtual.
Os avanços na a área da saúde não serão diferentes. Em breve os novos consultórios serão virtuais formados por avatares, uma evolução da telemedicina tradicional. O paciente ganha ainda mais conforto ao solicitar um atendimento de sua casa, sem precisar de deslocar para alguma unidade de saúde para triagem ou em casos leves, como muito utilizado no enfrentamento da pandemia de COVID-19. A possibilidade de gameficação em todo esse processo aumenta o protagonismo do paciente no acompanhamento do seu cuidado em saúde e facilita a prevenção de agravos.
O metaverso será um grande aliado ao enfrentamento de problemas de saúde e nos programas de prevenção, já que surge uma nova forma de disseminação de informações, coleta de padrões de uso, pensamento e atuação, além de estimular o comportamento de usuários para o cuidado de sua própria saúde.
A promessa das healthtechs, startups com soluções voltadas para a saúde, é o uso da realidade virtual e da inteligência artificial na educação em saúde e no acesso aos serviços de saúde. Faculdades de medicina já utilizam a realidade virtual par ao ensino de disciplinas como anatomia e radiologia. Psiquiatras e psicólogos já usam há algum tempo a realidade virtual para o tratamento de fobias e transtornos do pânico. Isso tudo vem complementar a tecnologia tradicional, que, ao contrário do que se pensa, tecnologias como a telemedicina e os óculos de realidade virtual já estão presentes no Brasil desde antes dos anos 2000.
Como em todo período de catástrofes, guerras ou situações de privação durante a História, apesar dos momentos infelizes, foram desenvolvidas tecnologias essenciais em saúde. A amoxicilina, a dipirona e o soro fisiológico surgiram durante as guerras, e a pandemia de Covid-19 certamente será um momento de descoberta e desenvolvimento de novas tecnologias e produtos que impactarão a saúde das próximas gerações. A criação acelerada das vacinas, que demoraram menos de um ano para serem testadas, aprovadas e aplicadas, já é um grande exemplo dessa evolução.
No próximo ano, aguardamos o surgimento de novas tecnologias e produtos que auxiliarão no combate desta e de próximas pandemias e facilitarão o acesso à saúde, bem como já esperamos um aumento do investimento em healthtechs, além da criação de novas healthtechs nos segmentos de realidade virtual, inteligência artificial, acessibilidade e inclusão, telemedicina — apesar da saturação vista no último ano — e biotecnologia.
* Rafael Kenji Hamada é médico, investidor anjo e CEO da Feluma Ventures, uma corporate venture builder cujo principal objetivo é desenvolver soluções inovadoras voltadas ou adaptadas para as áreas de saúde e educação. É, também, fundador da @academy.abroad; intercambista da Harvard Medical School e speaker do TEDx FCMMG — felumaventures@nbpress.com
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