Santo André reforça malefícios do tabaco no Dia Nacional de Combate ao Fumo

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Unidades de Saúde oferecem atividades terapêuticas para pessoas que desejam parar de fumar, além de tratamento medicamentoso para os participantes

Texto: Rafaela Mazarin – Fotos: Alex Cavanha/PMSA

Santo André, 29 de agosto – Nesta segunda-feira (29) é comemorado o Dia Nacional de Combate ao Fumo, data criada em 1986 com o objetivo de alertar a população sobre os malefícios do tabaco. Em Santo André, a Prefeitura oferece acompanhamento para tratamento do tabagismo com equipe multiprofissional. As atividades terapêuticas estão disponíveis nas unidades de saúde, têm cerca de 12 encontros e duram aproximadamente três meses.

Mesmo após o término dos encontros, o paciente permanece em acompanhamento pelo período de até um ano. Durante o processo, além da troca de experiências, de acordo com o perfil e necessidade do integrante do grupo, são oferecidos medicamentos e também estímulos a terapias diversas e atividade física. 

Fumante há 42 anos, Marlene Aparecida Valentini, de 59 anos de idade, consumia 20 cigarros por dia. Ela iniciou a atividade terapêutica acompanhada do marido, o aposentado José Roberto Valentini, que era fumante há mais de 50 anos.

“É muito mais difícil parar sozinho. A gente já tentou. Aí começa o ano e a gente gasta uma fortuna. Minha vizinha fez o acompanhamento na unidade de saúde, conseguiu parar de fumar e eu me interessei. Ficamos sempre ansiosos para o próximo encontro. Na primeira semana que comecei com o remédio eu ainda estava fumando, mas na segunda eu já parei. Durante os encontros um fala o que está passando para o outro e fica tudo mais leve”, comenta Marlene Aparecida Valentini.

Quem fuma sofre de dependência química, ou seja, é alguém que, ao tentar deixar de fumar, se defronta com grandes desconfortos físicos e psicológicos que trazem sofrimento, e que pode impor a necessidade de várias tentativas até que finalmente consiga abandonar o tabaco.

“A melhor forma é não ter cigarro em casa. Eu me engano, coloco cravo na boca, mastigo palito e assim vou seguindo. O segredo é não ter cigarro em casa, porque se eu tiver em casa, eu fumo”, diz o aposentado José Roberto Valentini, de 66 anos.

Entender o que acontece com o tabagista e suas tentativas de parar de fumar é fundamental para que se possa ter a real dimensão do problema.

Marcilene Cordeiro da Silva, de 59 anos, conta que durante os 40 anos de dependência, já tentou parar de fumar por muitas vezes. Antes de iniciar a atividade terapêutica, a moradora do Jardim Alvorada fumava cerca de 30 cigarros por dia, e com acompanhamento conseguiu ficar alguns dias sem fumar. No entanto, teve uma recaída durante uma viagem de final de semana, período que ficou sem usar o medicamento controlado e, infelizmente, voltou a fumar.

“Eu recomendo o curso porque eu já tentei tantas vezes e sempre voltava. Parei quatro vezes e voltei todas. Acho que envolve muito a ansiedade, acontece alguma coisa e a gente acaba voltando, mas agora eu acho que vai. O primeiro cigarro do dia é o mais prazeroso. Quando eu trabalhava, eu fumava menos, mas agora que eu aposentei, fico mais tempo ociosa e acabo fumando mais”, diz Marcilene Cordeiro da Silva.

Na unidade de saúde Jardim Alvorada, o grupo, que foi iniciado com 12 pessoas, está no sétimo encontro. Dos sete pacientes ativos, quatro já conseguiram deixar de fumar e três conseguiram reduzir o consumo.

Vinícius Cândido Fenero integra o Departamento de Atenção Básica da rede municipal e apoia projetos realizados nas unidades de saúde, como as atividades terapêuticas voltadas a pacientes fumantes. Ele relata que o acompanhamento tem auxiliado muitas pessoas a diminuir ou abandonar completamente o uso do cigarro.

“Temos um usuário que fumava seis maços de cigarro e a esposa fumava três. Hoje, após sete encontros, a esposa conseguiu parar e ele conseguiu reduzir para três maços. Antes de entrar com a medicação, trabalhamos muito o psicológico de cada paciente para dificultar o acesso ao cigarro e também as questões do dia a dia, já que o hábito está associado ao vício. A indicação de entrar com a medicação é avaliada de acordo com o perfil do paciente, assim como o método que será utilizado, sendo adesivo ou comprimido”, explica Fenero.

“No primeiro encontro fazemos avaliação do perfil do paciente e a quantidade de dependência do tabaco da pessoa, para saber qual será a conduta. O tratamento está muito relacionado ao que o paciente está disposto, a medicação e adesivo só vão produzir efeito se a pessoa estiver disposta a parar de fumar e mudar de hábitos. Está muito relacionado também a outras terapias, como auricuroterapia e acompanhamento nutricional. Dentro da unidade sempre recomendamos a prática de atividade física, além de outros grupos que ocupem a mente como os de artesanato ou de mulheres”, pontua enfermeira e encarregada da unidade de saúde Jardim Alvorada, Graziela Aparecida Nascimento Silva.  

O munícipe que fuma ou conhece alguém que é fumante e deseja deixar o tabaco, deve procurar a unidade de saúde mais próxima da sua residência.

Sobre o tabaco – O tabagismo é uma doença crônica que causa dependência física, psicológica e comportamental. A nicotina, substância presente em qualquer derivado do tabaco (cigarro, charuto, cachimbo, cigarro de palha, narguilé e cigarro eletrônico), é a responsável pela dependência.

Mais do que uma dependência exclusivamente física, trata-se, ainda, de um “reforço comportamental”, com poderosos fatores psicológicos e sociais. Já se sabe, por exemplo, que as pessoas que buscam o cigarro em situações de estresse, ansiedade e tristeza têm alto grau de dependência, assim como aqueles que só se sentem em condições de se concentrar, produzir ou trabalhar depois de fumar.

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