* Gabriel Clemente – Terminamos o ano com a mídia divulgando, diuturnamente, a suposta prática de “rachadinha” feita pelo mandato do, à época, deputado estadual fluminense, hoje senador, Flávio Bolsonaro, em parceria com o seu ex-chefe de gabinete, Fabricio Queiroz.
É até ‘normal’ que a ‘marreta’ da grande mídia volte-se, exclusivamente, a ele. Afinal, trata-se do filho do presidente da República e, querendo ou não, tudo o que fez, faz ou fizer, ecoa como feito vindo do Palácio do Planalto. Inevitável.
No entanto, é importante ressaltar que tal prática, embora ilegal, é corriqueira e muito comum no nosso meio político. Arrisco-me a dizer que, praticamente, quase todos os políticos do nosso país fazem isso.
Tal comportamento configura, sobretudo, o crime de peculato, ou seja, desvio de dinheiro público para benefício próprio o que, consequentemente, para tentar evitar o rastreio dos órgãos de investigação, MP e PF, exige o cometimento automático de outro delito: a lavagem da grana suja.
Não quero justificar o crime, mas se analisarmos o que ocorreu no Brasil nos últimos 20 anos, trata-se de um delito ‘anão’, algo como comparar um batedor de carteiras da Praça da Sé, em São Paulo, a megatraficantes internacionais; uma ‘esmola’.
Além disso, como já dito, trata-se de ação comum, corriqueira. O político, titular do mandato, faz ameaças veladas ao assessor, coisa do gênero: “Se você não aceitar, contratarei outro que aceite. É pegar ou largar. Esse repasse também servirá como contribuição ao mandato para o financiamento da próxima campanha.”
Geralmente, para não deixar rastros, o assessor saca a quantia de percentual do seu salário, já previamente acordado verbalmente, em dinheiro vivo, na boca do caixa eletrônico.
Agora, uma dúvida que me ocorre aqui. O MP/RJ acusa Flávio de usar uma franquia famosa de loja de chocolates que, de fato, existe, na Barra da Tijuca, Rio, para ‘lavar esse dinheiro’.
Sabe-se que franquias fazem auditorias contábeis e avaliações periódicas para uso e exploração das suas marcas. O maior patrimônio delas é a sua imagem pública. Há conluio com o senador? Creio que não. Muito improvável.
Claro que a principal intenção, sobretudo, é atingir a imagem do presidente por tabela.
No entanto, acredito que, dificilmente, mesmo que as acusações sejam provadas, confirmadas, Bolsonaro será ‘gravemente ferido’. Talvez ele sofra alguns arranhões, mas nada letal, algo bem longe de assassiná-lo politicamente.
Atualmente, o maior respaldo do governo são os números. A equipe de ministros é muito boa, técnica.
Independentemente do que ocorrer em relação a essa celeuma, tudo indica que Bolsonaro continuará firme até o fim do mandato e, claro, tentará a reeleição.
As estatísticas não mentem. Já vivemos num país melhor.
* Gabriel Clemente é jornalista graduado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Atuou como assessor de imprensa político, repórter da Rádio ABC e assistente de Comunicação Institucional do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA)
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