A Indústria 4.0 no Brasil, não está na falta de tecnologia existente, mas na necessária transformação de gestores em coletar e analisar dados
* Anderson Rezende – Assim como todo setor industrial, o chão de fábrica é uma área de extrema importância nos processos produtivos, por isso, é necessário que esteja em sintonia e atualizado com os demais setores da empresa, para ter competitividade e eficácia nos processos de produção.
Tais atualizações requerem grandes mudanças nos processos, como: modernização e automação dos processos de movimentação, disponibilidade de dados e informações, controle e a aplicação do método de produção enxuta.
No Brasil, vemos inúmeras fábricas que ainda utilizam recursos do passado para a fabricação e operação de produção.
Esses resultados só serão alcançados com implantação de tecnologias que permitem fazer a gestão de equipamentos, o acompanhamento em tempo real da movimentação de cada item dentro da fábrica, administrar e coletar dados de mão de obra, com processos mensuráveis e controlados, desta forma, facilitará a identificação dos pontos e situações a serem melhorados, propondo ações para a otimização dos recursos disponíveis.
Trabalhando anos em grandes empresas e atuando como consultor de tecnologia, analisei diversas situações que comprovam ser muito fácil implementar ferramentas da Indústria 4.0 no Brasil.
Em países de 1º mundo, como a Alemanha, onde o conceito 4.0 nasceu pela criticidade da engenharia, todas as áreas operacionais, mesmo em pequenas empresas, já são criadas com algumas ferramentas tecnológicas.
No Brasil vemos inúmeras fábricas que, ainda, utilizam recursos do passado para a fabricação e operação de produção, em que pedaços de papel são usados como informação, planilhas são feitas e refeitas diariamente e engenheiros utilizam cronômetros para analisar o tempo no processo produtivo. São métodos do passado usados em processos atuais.
Uma discussão que ainda é recente no Brasil, segundo estudo da FIESP (2018) mostra que 48% da indústria utiliza ao menos uma das tecnologias estudadas. Contudo, o mesmo estudo identificou que 32% das empresas ainda desconhecem o tema indústria 4.0.
As empresas, de modo geral, estão cada vez mais buscando adaptar-se às novas tecnologias e ferramentas da Indústria 4.0, com a finalidade de enxugar suas estruturas e evitar desperdícios, otimizando seus processos, afim de evitar perdas não programadas, reduzir custos, aumentar a flexibilidade, o ganho de tempo e, consequentemente, aumentar seus lucros.
Hoje, um dos maiores desafios para implementar ferramentas com pilares da Indústria 4.0 não está na falta de tecnologia existente no Brasil, seja falta de profissionais ou empresas que conheçam sistemas e ferramentas, mas estão na transformação de gestores em coletar e analisar quais dados são importantes para a empresa e buscar a querer aprender.
Não basta querer ver sua empresa fazer parte desta rede conectada de informação e dados, é importante saber qual o objetivo e qual estratégia que a empresa tem para começar essa aplicação de ferramentas de captura de dados que vão gerar o valor.
Não importa se sua empresa tem 1 ou 10 mil funcionários, ela produz, todos os dias, milhares de dados preciosos que, por não serem identificados, são jogados fora.
Pare de perder informações sobre a sua empresa para depois pensar em ser uma Fábrica 4.0.
Pense nisso!
Anderson Rezende é engenheiro mecatrônico, especialista em projetos focados na Indústria 4.0. Atuou em cargos do setor automotivo em empresas, tais como Grupo Stellantis e Volkswagen, implementando ferramentas focadas na Indústria 4.0 e participou da introdução de ferramentas de inovação com enfoque em IoT (Internet das Coisas), transformação digital, integração de sistemas e digitalização de processos
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