Da Redação – Separadas por milhares de quilômetros, diferenças culturais e históricas, e grau de desenvolvimento, as cidades do ABC paulista e da região metropolitana do Ruhr, na Alemanha, buscam um objetivo comum: planejar o futuro. Esse é o tema central do seminário internacional “Multilevel Governance em prol do desenvolvimento regional sustentável nas aglomerações urbanas do Ruhr e do Grande ABC Paulista”, evento que acontece de 19 a 21 de setembro, na Universidade Federal do ABC (UFABC), em Santo André e São Bernardo do Campo (SP). O ciclo de debates, organizado pelo Centro Alemão de Ciência e Inovação (DWIH-SP), UFABC e Aliança das Universidades do Ruhr (UA Ruhr), reunirá pesquisadores e representantes do poder público ao longo dos três dias de programação.
Klaus Frey, professor da UFABC, ressalta que a aproximação entre as instituições também visa estimular o intercâmbio entre alunos e pesquisadores. “Buscamos convergência em temas de pesquisa, um contato mais amplo entre estudantes e professores”, afirma. Frey coordena o programa de Pós-Graduação em Planejamento e Gestão do Território e em Políticas Públicas desde 2014, e vê grande potencial de cooperação com a UA Ruhr – especialmente na área de planejamento territorial.
Atualmente, a UFABC mantém acordos de cooperação e mobilidade de estudantes, em todos os níveis de formação superior, com seis universidades alemãs: Beuth University of Applied Sciences Berlin, Frankfurt University of Applied Sciences, Hochschule Offenburg University of Applied Sciences, Ruhr-Universität Bochum, TU Dortmund e Universität Duisburg-Essen – as três últimas integrantes da UA Ruhr. Do ABC ao Ruhr – Ambas as regiões, a do ABC e do Ruhr, contam com organizações fundadas com o intuito de organizar o desenvolvimento regional. Criado ainda em 1990 entre os municípios de Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o Consórcio Intermunicipal Grande ABC tem a missão de planejar, articular e definir ações.
Ele atua em parceria com a Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC em áreas como resíduos sólidos, transporte, educação e saúde. “É uma estrutura peculiar, que busca integrar atividades de planejamento e de políticas públicas na região toda”, comenta Frey. A cooperação, na visão do pesquisador, é fundamental para enfrentar vários desafios, como os impactos das mudanças climáticas. Dados do Observatório Econômico da Universidade Metodista indicam a presença de mais de 24 mil indústrias distribuídas entre os sete municípios. Estima-se que 2,7 milhões de pessoas vivam no Grande ABC.
Na Alemanha, por outro lado, a região metropolitana do Ruhr, antigo polo de produção de carvão e aço, é uma das cinco maiores conurbações da Europa, com 5,2 milhões de habitantes. Desde que começou a atuar, há 80 anos, a Associação Regional do Ruhr ajudou a transformar o local num centro de serviços e de cultura. Com 11 cidades, a entidade é responsável pelo planejamento regional, inclusive no zoneamento urbano, com definição de áreas de proteção ambiental. “Vamos usar a oportunidade do seminário para tentar também aprender com a Alemanha”, mencionou Frey. “É interessante a forma de cooperação que existe lá, com a associação de municípios que vem se juntando numa administracao de planejamento, desenvolvimento humano, na área econômica, a fim de promover novas oportunidades e atrair empregos para a região”, exemplificou o pesquisador.
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