Pi-Panorâmica Insana é peça de setembro do projeto de teatro a R$ 5

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Elenco conta com Luiz Henrique Nogueira, Cláudia Abreu, Leandra Leal e Rodrigo Pandolfo

Crédito-foto: João Caldas Fº – Divulgação

Da Redação – Neste mês, o Theatro Municipal de São Paulo recebe a peça Pi-Panorâmica Insana. A montagem integra o projeto Teatro no Municipal, que incorpora à programação tradicional do espaço centenário peças de teatro toda última segunda-feira do mês com ingressos a R$ 5.

A iniciativa de receber novas linguagens foi adotada no início do ano, já sob direção artística de Hugo Possolo. Pi-Panorâmica Insana tem textos de Júlia Spadaccini, Jô Bilac e André Sant’anna, com citações de Franz Kafka e Paul Auster e direção e concepção de Bia Lessa. Apresentação acontece no dia 30, às 20h.

O elenco formado por Cláudia Abreu, Leandra Leal, Luiz Henrique Nogueira e Rodrigo Pandolfo interpreta mais de 150 personagens de diferentes nacionalidades em uma produção que aborda o indivíduo, a civilização, sexualidade, política, violência, nação, miséria, riqueza, consumo desenfreado, gênero e desejo.

O projeto foi idealizado por Cláudia Abreu e Luiz Henrique Nogueira e, inicialmente, teria como foco os “excluídos sociais”, mas a chegada de Bia Lessa ampliou a temática, na busca de traçar um painel ilimitado de temas que afetam as condições de vida da humanidade. O próprio título do espetáculo traduz a ideia: ‘Pi’ é uma abreviação para ‘Panorâmica Insana’, mas remete também ao símbolo matemático “pi” (π), reforçando a ideia de fração infinita. A peça não busca apresentar um diagnóstico fechado, uma verdade cristalizada. É o momento, o “entre” o que foi feito e o que está por vir. O agora é ‘entre’, um intervalo, um impasse. A multiplicidade de personagens e as mais de onze mil roupas espalhadas pelo cenário reforçam essa ideia de pluralidade, de excessos e saturação, pelos quais passa o próprio planeta.

O espetáculo busca dialogar com o momento atual e questiona se as atitudes humanas produzirão um futuro apocalíptico ou se ainda é possível corrigir uma série de problemas estruturais que estão dizimando o planeta. Baseada em pessoas e dados reais, a peça projeta uma lente de aumento sobre a sociedade e traça um painel irônico do mundo contemporâneo. São projetados em tempo real números de assassinatos, estupros, nascimentos, narrações que apontam para uma saturação do sistema atual.

O texto foi sendo construído durante os ensaios. Os atores criaram uma série de improvisações e algumas foram incorporadas à dramaturgia final do espetáculo, que tem estrutura híbrida, através do diálogo com a dança, artes plásticas e performance. “A gente se colocou em experimentação, tudo foi criado a partir do encontro entre os atores e os textos. É um teatro de inconformidade, de risco, que busca criar uma experiência”, explica a diretora.

A trilha sonora é criada em várias camadas onde música, ruídos, ambientes e a voz dos atores (manipuladas tecnologicamente) dialogam entre si. Essa sonorização especializada é parte fundamental da encenação, uma vez que cria ambiência compondo paisagens, utilizando-se de som cinema e não de teatro.

Pi-Panorâmica Insana foi eleito o Melhor Espetáculo do Ano pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Estreou em 1 junho de 2018, no Teatro Novo, em São Paulo, e ficou em cartaz até 29 de julho, com todas as sessões esgotadas.

Teatro no Municipal

O Teatro no Municipal é um projeto que busca retomar as peças teatrais à programação regular de um dos palcos mais importantes de São Paulo. A curadoria se baseia em montagens profissionais que já tenham estado em cartaz, mas agora poderão ser vistas a R$ 5. As produções retratam a diversidade da produção teatral, com foco na representatividade.

Em maio o projeto estreou com A Morte Acidental de Um Anarquista, de Dario Fo, com Dan Stulbach edireção de Hugo Coelho. Na peça, um louco que se passa por várias pessoas é detido por falsidade ideológica. Na delegacia, finge ser juiz e passa a investigar um caso misterioso. No mês de junho, subiu ao palco do Municipal a Peça para Adultos Feita por Crianças. Na obra, as crianças mergulham no universo de Hamlet e inventam brincadeiras paraadultos contra a chatice, o antropocentrismo e até para evitar o sentimento de morte em vida. No mês seguinte (julho), foi a vez do Gota D’Água Preta que se utiliza de uma traição conjugal para falar de questões raciais, sociais e de classes, também tendo como cenário a realidade do país. O último espetáculo apresentado, no mês de agosto, foi Mississipi, que apresenta a Praça Roosevelt em três períodos diferentes — 1999, 2009 e 2019 — tendo como pano de fundo o retrato político e social do Brasil nas épocas retratadas. A produção é da companhia de teatro Os Satyros.

Serviço – PI-Panorama Insana, na segunda-feira (30), às 20h, Projeto Teatro no Municipal, na Sala de Espetáculos, Theatro Municipal de São Paulo (Praça Ramos de Azevedo, s/nº). Ingressos: R$ 5,00. Vendas: pelo site theatromunicipal.org.br ou na bilheteria do Theatro Municipal. Horário de funcionamento da bilheteria: de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h, e sábados e domingos, das 10h às 17h. Capacidade: 1523 lugares.

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