Pesquisa mostra descrédito generalizado com a política e os políticos

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Da Redação – Pesquisa “Tempos Voláteis”, realizada pela agência Cause, que ouviu 2 mil paulistanos de todas as regiões, faixas etárias e níveis de escolaridade, acaba de traçar um perfil do eleitor do maior colégio eleitoral do Brasil. Responsável por 11% do PIB nacional, São Paulo mostra um perfil levemente conservador, bastante distanciado da política mas, acima de tudo, descrente do atual sistema político.

Os dados coletados confirmam a rejeição à presidente Dilma Rousseff e ao prefeito Fernando Haddad, já indicada em outras pesquisas. Em uma escala que vai de muito bom a muito ruim, Dilma teve 57,2% de “muito ruim” quando o paulistano é perguntado sobre como avalia seu trabalho. Quando somado ao critério “ruim”, a má avaliação do paulistano sobre o trabalho da presidente alcança impressionantes 85,3%. Haddad acompanha esta tendência, com 40,4% de ‘muito ruim’ e 73,4% quando esse percentual é somado ao de pessoas que consideram o trabalho de seu governo como ‘ruim’.

Embora tenha obtido o maior percentual de avaliações como “muito bom”, entre as três lideranças executivas avaliadas (28,4%, contra 15% do prefeito Haddad, e 9,9%, da presidente Dilma), o trabalho do governador Geraldo Alckmin tem 54,3% de avaliação ‘muito ruim’ e ‘ruim’ somadas. A um ano das eleições municipais, 79,1% dos paulistanos acham que a situação da cidade de São Paulo e de suas famílias está pior que em 2014.

Quando perguntados sobre daqui a um ano, 65,4% acreditam que a situação estará ainda pior do que agora.  Esse pessimismo não é encontrado quando o assunto é a situação econômica da cidade e de suas famílias: 59,3% afirmaram que hoje ela está pior que no ano passado, mas 41,5% acreditam que ela será melhor em 2016.   Não surpreende, portanto, que para 89,1% dos entrevistados o novo prefeito da cidade deva mudar de rumo, em relação ao atual governo.

Perguntados sobre qual deveria ser a prioridade do governo municipal entre saúde e educação, os números não deixam margem para dúvidas: dois em cada três entrevistados declarou que a saúde deve ser solucionada primeiro.  Mas isso não significa que a qualidade do ensino nas escolas municipais seja aprovada pelo cidadão. Pelo contrário: para 81,4% dos entrevistados, esse serviço público é avaliado como ruim ou muito ruim.   Ainda assim, é um percentual ligeiramente inferior aos 92,3% que consideram os serviços de saúde na cidade como ‘ruim’ ou ‘muito ruim’. A cada três paulistanos, dois consideram a implementação das ciclovias pela Prefeitura como ‘ruim’ ou ‘muito ruim’ e um acha ‘boa’ ou ‘muito boa’ a iniciativa.

Participação política é baixa – Embora poucos momentos da história do Brasil tenham tido a política tão presente nas conversas (e controvérsia) do cidadão comum, a pesquisa da Cause mostra que ele está longe de ser um cidadão ativo.  Mais de um terço da amostra (35%) admitiram que a política não interessa nada.  Some-se a esse percentual os 27,6% que confessaram que o tema é de pouco interesse e chegamos a praticamente dois terços da amostra.  Outros 21,% disseram que é um assunto que interessa “mais ou menos”.

Dentro desse contexto, é bastante coerente ter 42% dos entrevistados declarando não se importar com a classificação entre esquerda e direita. Entre os que se identificaram com esses posicionamentos, 22,4% se declararam de direita e 15,3%, de esquerda. Mas a falta de identificação não é só com as grandes correntes ideológicas: apenas 13,9% vota em um candidato por causa de seu partido político.

A grande maioria – 77,4%  – faz a escolha com base no próprio candidato. Isso significa que ele tem credibilidade? Não – 76,5% dos entrevistados não acreditam quando um político fala de ética e valores.   Por isso o paulistano está aberto a mudanças: 65,2% declarou que poderia votar para vereador em um candidato que seja empresário.

Entre os entrevistados, apenas 7,3% participaram de alguma manifestação contra ou a favor da presidente Dilma.  Destes, 36,8% disseram que a razão foi mostrar apoio ao impeachment da presidente.  Um em cada quatro (26,4%) foram às ruas por causa dos casos de corrupção e 11,8% por causa da situação da economia.

Apesar do baixo percentual de participação nas manifestações de rua, elas são vistas como legítimas por 70,9% dos entrevistados – sendo que 45,1% não participaram, mas apoiam aquelas que eram contra a presidente Dilma (apenas 8% não participaram mas apoiaram aquelas que eram a favor da presidente). A maioria dos paulistanos é favorável à proposta de pedir o impeachment da presidente Dilma: 65,1%.

A pesquisa “Tempos Voláteis”, coordenada pela agência Cause, foi elaborada a partir de entrevistas pessoais aplicadas em domicílio a 1.981 pessoas com mais de 16 anos, entre os dias 2 e 16 de setembro de 2015.  A amostragem foi realizada com base em dados oficiais do IBGE e do Tribunal Superior Eleitoral, levando em conta a quantidade de eleitores da cidade de São Paulo e sua distribuição por sexo, idade e escolaridade nas cinco regiões do município. A pesquisa tem margem de erro de 2.2%, com intervalo de confiança de 95%.

Fundada em 2013, a CAUSE é a primeira agência de issues advocacy do Brasil, apoiando organizações e marcas na identificação e gestão de suas causas. Conectados com movimentos da sociedade, promovemos causas nos campos dos novos modelos de desenvolvimento, direitos humanos e democracia. Atuamos na formulação da arquitetura estratégica e nos processos de conscientização, engajamento e mobilização das causas, por meio de ações integradas de influência, relações públicas, comunicação e articulação de atores relevantes. Mais em www.cause.net.br

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