Personalização do ensino e a importância da educação financeira desde a infância

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* Felipe Pontes – A pandemia gerou um grande impacto na educação brasileira, não há dúvidas. A mudança do ensino presencial para o online, o acesso à internet no País e o desafio de prender a atenção dos jovens foram alguns dos inúmeros desafios do período. Essas mudanças levantaram debates na educação e na vida dos brasileiros que começaram a conviver com uma crise sanitária e econômica, que fez o Brasil alcançar recordes de inadimplência e ressuscitar temas como a educação financeira.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), o nível de endividamento médio das famílias brasileiras em 2021 foi o maior em 11 anos. O último ano apresentou recorde, registrando uma média de 70,9% das famílias brasileiras endividadas. Dezembro alcançou o patamar máximo histórico: 76,3% das famílias com dívidas.

No Brasil, cerca de 85% dos pais falam sobre educação financeira com os filhos em casa, mas ao menos 66% atrasaram pagamentos de despesas básicas e 67% já tiveram o nome sujo em algum momento da vida, de acordo com a pesquisa “Finanças Infantis”, realizada pelo Serasa.

Nestes meus quase 15 anos dentro de salas de aula, já testei muitos métodos de personalização no ensino de matemática e finanças. Técnicas como imersões, uso de casos práticos/reais, Aprendizado Baseado em Problemas (PBL, na sigla em inglês) e exercícios de autonomia têm se mostrado eficientes para melhorar o desempenho dos alunos.

Hoje está claro que a aplicação de um único método de ensino prejudicou jovens e adultos que não se adequaram e passaram a não gostar de frequentar aulas – eu já fui um deles. Particularmente, tenho uma forma específica de aprender. Gosto de estudar o assunto antes e usar o tempo da aula para discutir ideias. Mas tem quem prefira só sentar e ouvir alguém falar; e está tudo bem.

Imagine as disciplinas de Matemática e Física, que possuem aplicações em robótica, engenharia e finanças. Um jovem que não se interessa por álgebra ou física pode se encantar por esses temas quando aplicados à programação de robôs. Porém, a estrutura exigida para manter salas, professores e instalações à disposição pode custar demais e inviabilizar a personalização, se aplicado de uma forma mais arcaica.

Uma alternativa, por exemplo, é usar a tecnologia como aliada. Existem exemplos dessa aplicação como: contação de histórias disponíveis na internet (os alunos escolhem os temas das aulas), gameficação, uso de aplicativos, simuladores, entre outros.

De todos os métodos de ensino que testei, a metodologia ativa chama atenção – especialmente o PBL. Criamos (ou trazemos) um problema em sala – relacionado com o mundo real – que pode ser resolvido com os conceitos que foram discutidos, enquanto que cada aluno o soluciona da sua forma.

Existem muitas lições que as crianças e jovens podem levar da escola para casa, que aliadas a uma tecnologia cada vez mais acessível e com um bom planejamento estratégico e pedagógico dos professores, propiciam que os filhos ajudem os pais a construir um orçamento doméstico mais equilibrado, criando gerações mais independentes. No fim, todo mundo ganha.

  • Felipe Pontes, professor, doutor em Ciência Contábeis e diretor educacional do TC Comitê de Investimentos do TC Matrix
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