* Caio Bruno – Agremiação que mais tempo comandou São Paulo desde o retorno ao pleito direto em 1985 com três vitórias (1988 com Luiza Erundina, 2000 com Marta Suplicy e 2012 com Fernando Haddad) o Partido dos Trabalhadores caminha para sua mais fraca votação na cidade nas eleições realizadas em novembro próximo.
Sem Haddad, que apesar das tentativas de convencimento a sair candidato, preferiu se resguardar visando a eleição nacional de 2022, o PT lançou o ex-deputado federal Jilmar Tatto para a disputa. O petista, quadro histórico, venceu as prévias internas da sigla, conta com base eleitoral em alguns bairros da Zona Sul paulistana, mas não empolga o eleitorado e nem os próprios correligionários.
Contando ainda com rejeição e desgastes do passivo do tempo em que comandou o governo federal (2003-2016), a sigla pela primeira vez terá um concorrente forte do mesmo espectro político na disputa pelo gabinete do Viaduto do Chá. Trata-se da candidatura do PSOL, representada pelo líder social Guilherme Boulos com a ex-prefeita Erundina de vice.
Em pesquisas divulgadas recentemente o psolista pontua na casa dos dois dígitos enquanto o petista amarga intenção de voto de nanico, o movimento pode ser notado também pelo número de apoios crescentes de figuras próximas ao PT como o ex-chanceler Celso Amorim, o ex-porta voz da Presidência, André Singer, a atriz Bete Mendes e celebridades como Caetano Veloso e Chico Buarque.
Aos 40 anos, o PT sofre para se reposicionar politicamente com uma postura tímida de atuação na oposição ao governo Jair Bolsonaro e sem bandeiras efetivas. Envelheceu e perdeu a conexão com as camadas populares Brasil afora, um país cada vez mais influenciado por setores evangélicos e conservadores. Antes arguto na leitura de conjunturas, o ex-presidente Lula, líder inconteste do petismo, continua a comandar a sigla e ser o seu farol, para o bem e para o mal.
Obviamente Jilmar Tatto melhorará seus índices com o aproximar da eleição. O PT tem bases, militância e é sigla boa de “chegada”, entretanto a cisão em seu campo e o bom desempenho de Boulos em uma eleição nacionalizada como é a de São Paulo acende sinal amarelo na agremiação, ainda uma das maiores do país.
* Caio Bruno é jornalista, pós-graduado em Comunicação e especialista em Marketing Político. www.caiobruno.com.br
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