Da Redação – A vocação descoberta desde cedo! O jovem José Antônio Roldan Aranaz sempre foi determinado em seguir os passos de Jesus Cristo para promover o Reino de Deus nesta terra. Nascido no dia 11 de junho de 1925, na cidade de Pamplona, na Espanha, aquele moço comprometido com as causas do evangelho e do povo cristão passaria por grandes desafios na infância durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a jornada no seminário durante o seminário, situação da vida que convivia entre os estudos e as notícias das batalhas impiedosas da 2ª Guerra Mundial (1939-1945), até a chegada ao Brasil.
Estudou filosofia e teologia no Seminário Diocesano de Pamplona, na Espanha, e mais dois anos no Seminário do Verbo Divino, em São Paulo, “quando chegou ao Brasil e foi acolhido como seminarista missionário na Diocese de Jacarezinho (no estado do Paraná) por Dom Geraldo de Proença Sigaud (1909-1999), onde seria ordenado sacerdote no dia 1º de maio de 1950 (com apenas 24 anos)”, como afirma o professor de Teologia da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo) e pároco da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, em São Caetano do Sul, padre Felipe Cosme Damião Sobrinho.
Carisma jovial e unidade da juventude
O dia 1º de maio é uma data simbólica para nós, brasileiros, já que celebramos o Dia do Trabalho. Trabalho que padre Roldan exerceu durante sete décadas em seu ministério de amor e serviço ao próximo. Em nossa Diocese de Santo André, padre Roldan chegou em 1961 e foi pároco durante uma década na Paróquia São Caetano, no Bairro Fundação, em São Caetano do Sul.
“Me recordo da comunidade de jovens que eu participava e da relação do padre Roldan com a juventude de outras paróquias no final da década de 1960. Era um sacerdote muito próximo dos jovens”, relembra o jornalista Humberto Pastore.
Ser sacerdote que caminha ao lado do povo
No ano de 1971, o presbítero foi nomeado pároco da paróquia e posteriormente reitor do Santuário Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Paulicéia, em São Bernardo, onde ficou até os tempos em que se tornou emérito, dedicando mais de quatro décadas de seu sacerdócio no desenvolvimento da comunidade e do local de culto à Mãe de Deus e Padroeira do Brasil.
Em publicação no Instagram, padre Guilherme Melo Sanches disse o seguinte: “Era ele que celebrava as famosas missas da Rádio Record…Sempre lembrarei de sua bondade e educação com todos. Um verdadeiro espanhol. Sem perder a graciosidade da ternura de Jesus”, frisa o sacerdote que retornou ao ABC neste ano para colaborar como vigário na Paróquia Nossa Senhora do Rosário (Vila Luzita – Santo André), mas que desde 2018 cumpre estudos numa das universidades situadas em Roma, na Itália. “Algumas férias do seminário eu ia ajudá-lo a pedido de um colega padre”, recorda.
Atual reitor do Santuário Nossa Senhora Aparecida, padre Alex Sandro Camilo também publicou mensagem na rede social Facebook: “Foram 43 anos de dedicação e amor ao nosso santuário. Choramos na terra, mas o céu se alegra com a sua chegada. Rezemos pelo seu descanso eterno e que fique em nosso coração o bem que ele sempre realizou em nosso meio. Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno. E que brilhe para ele a vossa luz. Descanse em paz”, salienta.
Uma amizade construída desde o batizado
Batizado por padre Roldan no dia 11 de outubro de 1981, o morador de São Bernardo, Felipe Andriani, 39 anos, estima um grande carinho pelo amigo: “Este homem é um verdadeiro santo! Só falávamos em espanhol. Ele era muito devoto da Virgen del Pilar. Tem até uma imagem dela no jardim do santuário e uma na parede ao lado esquerdo”, confidencia.
Segundo ele, o sacerdote deixará saudades entre os fiéis da região, porém, um enorme legado de evangelização e amor ao próximo.
“Um grande sacerdote humilde com todos, sem exceção. Gostava muito dos jovens e da RCC (Renovação Carismática Católica). Ele construiu o santuário, pois era apenas uma capela onde fica a Scania pertencente à Paróquia Santa Rita de Cássia de Diadema”, revela.
“E peregrinos do Grande ABC lotavam o santuário todo dia 12 de outubro. Eu sempre ia a pé quando morava no Rudge Ramos. O que mais admiro nele é a humildade, pois ele conversava com todos sem distinção e ainda frequentava a feira da Vila Mussolini”, complementa.
Mensagem de Dom Pedro
Na manhã desta sexta-feira (11/12), padre José Antônio Roldan Aranaz partiu para a Casa do Pai. Em nota oficial, o bispo diocesano Dom Pedro Carlos Cipollini demonstrou gratidão da Igreja Diocesana pelo sacerdote emérito, incardinado na Diocese de Santo André. “Externamos nosso profundo pesar por esta perda, mas sabemos, pela fé, que ele está nas mãos de Deus […] E também gratidão por esse missionário, que deixou a sua pátria e veio para o Brasil, colocando-se a serviço de nossa Igreja”, relata.
Por fim, Dom Pedro diz que “na fé e na esperança, supliquemos a Deus para que dê a este nosso irmão, o descanso eterno na sua paz sem fim.”
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