* Pedro Oliveira – Símbolo de liberdade e estilo propagado inclusive por antigos astros do cinema, o tabagismo se transformou nas últimas décadas em problema mundial de saúde. Hoje, o consumo do fumo é considerado como a maior causa evitável de 6 milhões de morte em todo mundo, número que deve crescer para 8 milhões de óbitos anualmente até 2030, segundo estudo realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos e divulgado recentemente. (estudo em https://cancercontrol.cancer.gov/brp/tcrb/monographs/21/index.html ).
A pesquisa calculou ainda em 1 trilhão de dólares por ano as perdas com saúde e produtividade provocadas pelo uso do tabaco. Valor muito superior aos 269 bilhões de dólares arrecadados com impostos sobre o fumo entre 2013 e 2014. O estudo aponta ainda que as vítimas estão principalmente em países de baixa e média renda.
No Brasil, as campanhas contra o tabagismo e a Lei Antifumo vêm contribuindo para reduzir os impactos causados pelo ato de fumar. Uma pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde apontou que o número de fumantes passivos no trabalho registrou baixa de 34,4% entre os adultos nas capitais brasileiras. Em 2011, um levantamento do órgão federal apontou que uma média de 12,2% das pessoas eram expostas à fumaça de cigarro e outros produtos derivados do tabaco no ambiente de trabalho. Já a pesquisa de 2015 revela que o número caiu para 8% nesses ambientes.
A cada cigarro, o consumidor ingere nada menos do que 4.700 substâncias nocivas à saúde. Além da nicotina e monóxido de carbono, elementos radioativos ampliam as possibilidades de doenças nos fumantes. Esses, por sua vez, têm o dobro de chances de sofrer derrame cerebral, são dez vezes mais suscetíveis a doenças como câncer de pulmão e cinco vezes mais propensos a sofrer infarto de acordo com levantamento realizado pelo INCa (Instituto Nacional do Câncer).
Para de fumar é uma decisão saudável, mas nem sempre fácil de alcançar. As substâncias do cigarro vão persistir no organismo por longo tempo, mas os benefícios podem ser sentidos logo nos primeiros 20 minutos, com a normalização da pressão sanguínea e a pulsação. Os pulmões, por exemplo, já funcionam melhor entre 12 a 24 horas sem tabaco. Além disso, a pessoa terá 50% menor risco de doenças coronarianas logo no primeiro ano sem fumar. Os benefícios aumentam com o tempo e, após 5 a 10 anos sem tabaco, os riscos de um infarto são semelhantes aos das pessoas que se abstiveram do tabaco durante toda a vida.
Em muitos casos, o esforço inicial para parar de fumar pode parecer algo intransponível. Por isso, busque auxílio do seu médico de confiança. Hoje, as terapias disponíveis – a varenicilina, por exemplo – ajudam milhares de pacientes nessa empreitada. Com o tempo, parar de fumar vai se transformar apenas em uma decisão acertada para uma vida melhor e mais saudável.
* Pedro Oliveira é diretor médico da ePharma, empresa líder no mercado de assistência de benefícios farmacêuticos
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