* Mariana da Cruz Mascarenhas – Há uma lista sem fim de histórias na retrospectiva dos últimos acontecimentos da política brasileira no primeiro semestre de 2016. O grande marco começou com o afastamento da presidente Dilma Rousseff por até 180 dias para análise de seu processo de impeachment, aberto pelo alegado “crime de responsabilidade fiscal”, conhecido como “pedaladas fiscais”.
O afastamento foi seguido pela troca de ministros do seu partido e da estreia do então vice Michel Temer como presidente interino. Grande parte da população viu com bons olhos o afastamento da presidente e saída de membros do seu partido, envolvidos em atos de corrupção. Principalmente políticos adversários comemoraram tal feito, pois assim ficariam livres das investigações da Operação Lava Jato, que vem prendendo políticos e empresários envolvidos em esquemas de propinas e lavagem de dinheiro, desviado de contratos da Petrobras.
O fato é que a Operação passou a investigar também aliados de Temer. Alguns ministros renunciaram, após verem seus nomes citados nas investigações. Os cidadãos acompanham atônitos tantas mudanças e com a ânsia de saber especialmente uma importante informação, que nem os economistas sabem estimar convictamente: em meio a tantas conturbações, até quando sentirão no bolso o impacto do aumento dos preços, desemprego e da inflação?
De acordo com dados divulgados pelo IBGE, o Brasil está com 11,4 milhões de desempregados, um número 42% maior em relação ao mesmo período no ano passado. A situação só piora quando se considera a alta dos preços no mercado acirrada pela crise econômica. Há tempos o Brasil enfrenta uma queda de produtividade inversamente proporcional aos gastos desenfreados do governo, resultantes de uma falta de planejamento – sem contar os desvios monetários cometidos por atos corruptos. Tudo isso acabou virando uma bola de neve que vem sugando o dinheiro do bolso dos cidadãos brasileiros por meio da inflação e alta dos preços.
Agora, Michel Temer e o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, precisam tomar as medidas necessárias para estancar a sangria da recessão, começando pelo corte de gastos orçamentários, investimentos em produtividade, entre outros… O fato é que o presidente interino vem enfrentando dificuldades na aprovação de medidas que a princípio possam desagradar até mesmo a população, mas que são necessárias para voltar a gerar fluxo para o caixa nacional.
Um exemplo é a reforma previdenciária, que fixaria uma idade para a obtenção da aposentadoria – ao contrário de como é hoje em que uma pessoa também se aposenta por tempo de contribuição, permitindo que muitos se aposentem mais cedo – reduzindo assim os gastos previdenciários. Em 2015 estes gastos no país atingiram um nível recorde de 11,2% do PIB – equivalente a 700 bilhões de reais.
Outra medida está no aumento de parcerias público-privadas que reduzam os gastos governamentais com as estatais. Além disso, o governo adota a política de conteúdo nacional que obriga empresas a adquirir determinar quantidade de produtos ou serviços nacionais para fomentar o nosso mercado – porém acaba saindo, às vezes, mais caro – e prejudicando assim a produtividade.
Enfim, está nas mãos de Temer fazer com que a veia econômica realmente volte a pulsar com vigor e o bolso dos cidadãos brasileiros possa ter um alívio, porém ele terá que trabalhar muito para conseguir tal feito.
* Mariana da Cruz Mascarenhas é jornalista e especialista em Comunicação Organizacional. Articulista e crítica de Economia e Cultura, já escreveu matéria do Vaticano, além de muitos outros trabalhos jornalísticos realizados em São Paulo. mixpoint.com.br/blogs/marianamascarenhas
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