Aquela estação do Metrô trocou de nome…

Em nota, ABIA repudia Bolsonaro por disseminar a ignorância com falsa associação entre AIDS e vacina contra a Covid-19Palavra de Internauta

Mestre

Numa destas frias madrugadas, a estação do metrô Liberdade mudou de nome. Agora se chama Japão Liberdade. Esta ação do governador Márcio França depõe contra a nossa história. Isso é uma apropriação cultural, estão apagando mais uma parte nossa história, ignorando a nossa existência.

Para quem não sabe, o bairro da liberdade era originalmente um bairro de negros, e muito antes da chegada da comunidade japonesa, se chamava Largo da Forca, pois era palco de execução de escravos negros fugitivos e condenados à pena de morte.

Foi, aliás, por causa de um negro que a praça e o bairro foram chamados de Liberdade. Em 1821, um soldado chamado Chaguinha, condenado à morte por liderar uma rebelião por pagamento de soldo, sobreviveu a duas tentativas de enforcamento, ao que o público atribuía a um milagre e passava a gritar “liberdade” – só foi morto após o carrasco usar um laço de vaqueiro.

Chaguinha, então, se tornou um santo padroeiro do bairro e protetor da Capela dos Aflitos, onde esteve antes de ser levado à forca, e da Igreja Santa Cruz dos Enforcados, construída décadas mais tarde em frente à praça, que abrigava organizações de ex-escravos e seus descendentes. Neste bairro também foi instalado a Frente Negra Brasileira, o Paulistano da Glória, e o cemitério dos escravos.

Os imigrantes japoneses chegaram no bairro em 1912. É lamentável usar uma (desnecessária) homenagem a nikkeis para reforçar uma política histórica de racismo e antinegritude. O nome Liberdade é foi uma resposta à opressão. Isso é um desrespeito a nossa memória!

Ângela Maria Lemos Guimarães Pinto (São Paulo)

Visualizando 1 post (de 1 do total)
  • Você deve fazer login para responder a este tópico.