Obras que vão deixar enchentes em São Bernardo no passado

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Da Redação – A escritora Divanir Bellinghausen Coppini, a Didi, nasceu em São Paulo em 1939, mas, como diz, foi gerada em São Bernardo, o que de maneira alguma a torna menos “batateira” – apelido dado a moradores da cidade. Divanir conta que as chuvas nunca foram um problema durante sua infância e adolescência. Isso antes de o desenvolvimento acelerado levar à impermeabilização cada vez maior do solo, em praticamente todas as regiões do município.

Divanir morou em uma casa entre as esquinas das ruas Dr. Fláquer com Tomé de Souza. Recorda que havia muito verde, e as ruas não eram asfaltadas. “A água da chuva era absorvida rapidamente pelo solo, e o Córrego dos Meninos, onde hoje é a Avenida Brigadeiro Faria Lima, não era coberto.” O desenvolvimento trouxe mais residências, ruas pavimentadas e solo impermeabilizado. Nos anos 1960, o prefeito Hyginio Batista de Lima decidiu construir, na Praça Samuel Sabatini, a atual sede da Prefeitura. “A construção talvez tenha sido uma das maiores responsáveis pelas enchentes no Centro.”

Não se sabe se foi isso ou não, mas o certo é que a região central – assim como outras — sofreu durante décadas com enchentes, o que levou a atual Administração a fazer o maior programa de combate às cheias de sua história, o Drenar, que terá investimento total de aproximadamente R$ 600 milhões em vários bairros da cidade, como Vila Vivaldi, Rudge Ramos, Paulicéia e Demarchi, entre outros. Na região do Centro, por exemplo, a Prefeitura constrói em área do Paço piscinão com capacidade para reter 200 milhões de litros de água da chuva, além de galerias na Rua Jurubatuba e Avenida Aldino Pinotti.

As intervenções estão mais adiantadas em outras regiões, como no caso do Rudge Ramos/Vivaldi, onde os reservatórios Ipiranga, Vivaldi e Helena foram concluídos e já beneficiam os moradores. O Tanque das Mulatas, com capacidade para 20 mil m³, está para ser entregue. As intervenções também estão em ritmo acelerado para construção do piscinão Jacquey, no Rudge, e canalização dos córregos Pindorama, Capuava e Saracantan.

“A vida era simples, começávamos a trabalhar cedo, e o banho quente era fornecido pelo fogão à lenha”, lembra o alfaiate aposentado e artista plástico Armando Sérgio Marotti. Ele nasceu em São Bernardo em 1933, em casa, costume na época, e passou a infância na Rua Marechal Deodoro. Chuveiro era um luxo que apenas alguns comerciantes tinham. “Lembro quando minha mãe lavava a roupa no Ribeirão dos Meninos, onde hoje há a Avenida Brigadeiro Faria Lima. Nosso quintal era onde hoje fica a Praça Lauro Gomes”, recorda.

Por volta de 1950, Marotti, alfaiate autônomo, construiu uma casa na Vila Duzzi. “A situação já era outra, pois no bairro tínhamos água encanada, o que facilitava as coisas. A cidade crescia muito, mas, apesar das dificuldades, a vida era boa.”

A água encanada foi proporcional ao crescimento de São Bernardo, após a instalação das primeiras redes, nas décadas de 1950/1960. O fornecimento de água foi universalizado na cidade em 2010, enquanto a coleta do esgoto sanitário saltou para 90% das residências.

O crescimento da cidade também trouxe outros problemas, como o aumento da criminalidade. Para reforçar o sistema de segurança, a Prefeitura criou há 15 anos a Guarda Civil, que hoje tem cerca de mil GCMs. Para tornar o trabalho mais eficiente, a Administração instalou 400 câmeras em escolas municipais e em pontos estratégicos da cidade, que são acompanhadas durante 24 horas em tempo real no Centro Integrado de Monitoramento (CIM), por GCMs, policiais civis, SAMU e Defesa Civil.

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