* Leandro Giudici – Todo tempo de crise política traz consigo grandes lições. Por aqui elas não costumam ser tão bem compreendidas, mas deixam uma marca indelével para o futuro ainda que não o suficiente. Os porões da política escancarados pela Operação Lava Jato, a maior e mais importante da história, deixará seu legado. É verdade que conhecendo o brasileiro a tendência é o aperfeiçoamento do crime, algo como a ferrugem coberta pela tinta, mas que volta com o tempo.
Os anos em que a impunidade prevaleceu criou o estigma de que os esquemas durariam a eternidade. Hoje, há um sentimento de que ela está em vias de ser resolvida, ao menos parcialmente. Talvez o pessimismo de anos de desmandos nos impeça de ver, mas, há um amadurecimento da nação a cada um desses episódios.
O povo pediu, gritou, exigiu e as instituições funcionaram, mesmo com a sanha do PT e da esquerda em aleijá-las como fizeram com a Venezuela. Não deu tempo. A Operação comandada pelo juiz paranaense Sérgio Moro ainda não acabou e certamente ainda trará outras novidades, talvez e possivelmente bem maiores do que as que já vistas em dois anos.
Nesse prisma podemos alimentar um pouco a esperança, mas já a nossa vista podemos notar nas eleições que se avizinham um fator preocupante, o declínio no nível de candidatos. É notável o afastamento das pessoas boas e capacitadas da política. Faça uma análise nas eleições da sua cidade. Nunca fomos, é fato, exemplo algum em intelectualidade, conhecimento de leis, regulamentos, orçamento e outros quesitos por parte dos nossos administradores, no entanto, é gritante especialmente nos cargos legislativos a queda em todo o Brasil. Já faz algum tempo que as pessoas conceituadas e respeitadas vêm dando espaço aos artistas famosos, ex-atletas e em caso das cidades menores, para comerciantes, figuras caricatas, queridas e os famosos ‘rinocerontes’.
Quanto mais escândalos surgem, mais os pais de família, figuras exemplares e referências da sociedade, que poderiam dar uma contribuição significativa para elevar o baixo nível da política se evadem do processo. Vida pública tornou-se sinônimo automático de sujeira, interesses escusos, principalmente em uma sociedade generalista, avessa ao conhecimento, à solução dos problemas e aos desafios.
De que forma então ser mais otimista ao futuro se o nível já gritante de nossos representantes tende a cair ainda mais? Basta não fazer coro ao silêncio dos bons.
* Leandro Giudici é jornalista e comunicador de rádio
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