* Sérgio Benassi – A implantação de um novo entreposto hortifrutigranjeiro e de pescados em São Paulo, no bairro de Perus, em substituição à antiga Ceagesp, transcende à necessidade, diagnosticada de modo claro, de prover a maior metrópole brasileira com adequada estrutura logística e operacional para atender sua imensa demanda no abastecimento. Trata-se, também, de um projeto com alcance nacional.
Explico: o comércio atacadista de hortifrutigranjeiros da capital paulista tem significativa influência em todo o País. Por exemplo, quebras na produção de frutas, verduras ou legumes em outros estados podem ser supridas pelo mercado paulistano, que tem papel regulador.
Outro fator importante é que alguns produtos estrangeiros somente são disponibilizados no Brasil devido à sua compra em escala por importadores que os distribuem a partir de São Paulo. Os mercados regionais não têm volume para importá-los a preço competitivo e seriam privados de mercadorias como algumas uvas especiais, kiwi gold e outros itens.
O Entreposto da Ceagesp, que prestou relevante serviço, já não tem condições de fazer isso com eficiência. Espremido em meio à expansão urbana e populacional e gerido pelo Governo Federal, sem os investimentos necessários à sua modernização, tornou-se obsoleto para atender ao volume médio de comercialização de 283 mil toneladas/mês ou 3,4 milhões anuais, bem como receber produtos de 1.500 municípios, 22 estados brasileiros e 19 países.
Nessa “cidade”, pela qual circulam 50 mil pessoas e 12 mil veículos por dia, feirantes, supermercadistas, peixarias, restaurantes e sacolões compram no atacado para abastecer os consumidores finais. Porém, suas condições são precárias, em termos de infraestrutura interna, trânsito e logística.
Daí o significado da implantação de um novo entreposto no bairro de Perus, em área de quatro milhões de metros quadrados, para atender com eficácia à demanda do abastecimento. O NESP melhorará a eficiência logística e agilizará o frete, pois será servido pelas rodovias Anhanguera e Bandeirantes e ferrovia. Assim, os custos da movimentação de mercadorias deverão ser reduzidos, com impacto no preço final dos produtos. Além disso, número expressivo de caminhões será retirado da área urbana, com melhoria do trânsito e mitigação das emissões de poluentes.
As instalações serão comparáveis às dos modernos entrepostos das grandes cidades dos países desenvolvidos. Isso melhorará a condição de trabalho e higiene dos produtores e comerciantes que terão boxes no local. Feirantes e pequenos e médios varejistas também serão beneficiados, pois passarão a contar com infraestrutura de abastecimento tão eficiente quanto as centrais logísticas das grandes redes atacadistas e supermercadistas. Melhorará muito, ainda, a eficiência das operações de abastecimento de outros estados, pois o NESP não será apenas de São Paulo, mas de todo o Brasil.
* Sérgio Benassi é permissionário na Ceagesp e presidente do NESP (Novo Entreposto de São Paulo)
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