* Dra. Marihá Lopes – Com a certeza do fim da quarentena e a incerteza de quando teremos a vacina contra o novo coronavírus, as pessoas voltaram a ter a sensação de que as coisas estão muito soltas e, com isso, há a falta do controle, aumentando sintomas de ansiedade, medo e irritabilidade.
Quando tudo começou, nossa dúvida era de como iríamos lidar com o isolamento social. Hoje, a questão é voltada para o retorno das atividades. Como iremos enfrentar esse novo mundo, uma vez que ainda não há vacina? As pessoas começaram a sofrer psicologicamente ao perceberem que terão que retornar a esse mundo que ainda não tem proteção.
Quem conseguiu trabalhar em esquema de Home Office e, em sua grande maioria, permaneceu sem sintomas do vírus, hoje encontra-se em uma situação que precisará se expor. Há uma iminência de exposição e, por consequência, de contágio. Esse quadro tem gerado picos maiores de ansiedade, medo e angústia em relação a como conviver com esse novo cenário, uma vez que houve o esforço de conscientização durante esses últimos meses pela prevenção e o cuidado com o próximo e agora há a expectativa de chegarmos ao pico da doença no Brasil.
Nesse contexto que teremos que encarar, o indicado é focar no que nós temos controle para que isso ajude a diminuir nossa angústia, medo e também os picos de ansiedade. O que temos controle hoje é justamente manter a nossa higiene, manter as mãos higienizadas, tomar banho e trocar de roupa sempre que voltar das ruas, controlar nosso acesso em determinados lugares, evitar lugares cheios e com aglomeração, manter o distanciamento social, ter a consciência de que se não for feito, isso fará a doença se proliferar novamente. Precisaremos escolher, portanto, lugares mais vazios, evitar locais fechados e cheios até que a população seja imunizada.
A realidade é que a vida vai ter que voltar a andar, mas temos a escolha de como iremos lidar com isso no futuro. Se ainda não há vacina, será preciso manter a integridade física não se expondo. Não se expondo em momentos que não há a necessidade da exposição. Manter apenas a exposição para os momentos realmente necessários, como o trabalho e o estudo. E sempre com o uso da máscara e higienização das mãos com álcool em gel.
* Marihá Lopes é psicóloga clínica, especialista em terapia cognitiva comportamental e psicologia social.
Artigo muito equilibrado e pé-no-chão ! Sem incentivar nos leitores as Síndromes de Pollyanna ou de Cassandra. Parabéns!