* João Gubolin Jr. – Na década de 90, assistimos ao nascimento das empresas “ponto com”. Muitas delas chegaram a abrir capital nas bolsas de valores, com supervalorização de ações, provocando no início dos anos 2000 o estouro da bolha da internet, com grandes desvalorizações e desaparecimento de muitos negócios recém-criados.
Os principais motivos daquela quebradeira foram, em primeiro lugar, o comportamento da população, que ainda não estava preparada para esta inovadora forma de comprar produtos e serviços.
Mas outro fator, também de importante relevância, foi a falta de infraestrutura tecnológica adequada na época, pois não permitia sustentar o crescimento exponencial de vendas, necessário para gerar os lucros esperados pelos investidores. As redes de telecomunicações, por exemplo, ainda eram muito precárias, com velocidades ridículas, se comparadas com as que temos hoje.
Em fevereiro de 2004, foi lançado o Facebook, rede social digital, que conta hoje com 2,8 bilhões de usuários ativos, ou seja, aproximadamente 36% da população do planeta. Esta nova forma de nos comunicarmos, aliada a outras plataformas digitais, como WhatsApp, Instagram, etc., provocaram muitas mudanças em nosso comportamento.
Entre as principais, está a forma como adquirimos produtos e serviços. Atualmente, para qualquer compra que fazemos, antes necessariamente pesquisamos em sites do fabricante e de pesquisa de preços, em redes sociais e, obviamente, em plataformas de e-commerce.
Os aplicativos de smartphones, aparelhos que tiveram seu uso altamente difundido na década de 2000, representaram a definitiva popularização da internet. Hoje, no Brasil são 234 milhões de celulares inteligentes, ou seja, mais de um aparelho por habitante, sem contar tablets, notebooks e computadores de mesa. Esta explosão do uso de smartphones e popularização da internet abriu uma enorme janela de oportunidades de novos negócios, produtos e serviços, mas também uma grande ameaça para as empresas tradicionais.
A crise econômica, que aflige os brasileiros desde meados de 2014, agravada mais ainda pela pandemia de 2020/2021, castiga a todos, principalmente as pequenas e médias empresas. Mas, um grande fator de queda de vendas e margens de grande parte do varejo tradicional, certamente, está relacionado com a falta de utilização adequada das plataformas digitais.
Qualquer que seja o negócio, necessariamente para se manter e prosperar, precisa estar na internet de maneira efetiva e profissional. A forma de prospectar clientes, vender, desenvolver produtos e serviços mudou. Insistir em métodos e processos tradicionais do século 20 é usar ferramentas do passado, que não mais funcionam para os desafios do presente.
O varejo tradicional precisa também fazer sua revolução e passar a adotar novos métodos e processos de trabalho adequados a este novo mundo digital.
* João Gubolin Jr. é CEO Ciatécnica e conselheiro na Conselho APETI – Associação de Profissionais e Empresas de TI
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