Da Redação – O Museu Afro Brasil, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, abre no dia 28 de junho (terça-feira), às 19h, a exposição “Espaço Livre”, com obras de sete artistas de origem africana, quatro brasileiros e dois haitianos.
O intenso fluxo de imagens que atravessa cidades como Londres, Nova Iorque, Tóquio, Paris e São Paulo, ocupando ruas e galerias de arte, criando personagens, estabelecendo-se em monumentais coloridos ou em irônicos tons de engajamento político-social é tema de “Espaço Livre”. Com treze representantes deste circuito internacional, a exposição, assim como seus integrantes, escapa aos rótulos da chamada intervenção urbana, grafitti, pintura ou instalação, ao contrário, apresenta vivas questões elaboradas pela experiência destes artistas ao percorrer diferentes campos de expressão contemporânea.
Marcados por este trânsito entre continentes estão sete artistas de origem africana, quatro brasileiros e dois artistas haitianos. Francisco Vidal (1978) e Yonamine (1974) são angolanos e ambos já expuseram na Bienal de Veneza. O primeiro, em sua mais recente edição, e o segundo no Pavilhão Africano em 2007. Ainda desconhecido do público paulistano, Francisco Vidal tem uma reconhecida trajetória no cenário europeu e americano, onde realiza articulações entre o gesto e o desenho em meio a conotações políticas e históricas.
Yonamine já participou de importantes mostras na capital paulistana, como a 29ª Bienal de São Paulo (2010) e a premiada África Africans, realizada no Museu Afro Brasil (2015), entre outras. Violentos rasgos em papel do cartaz da luta entre os boxeadores George Foreman e Muhammad Ali estão entre as características de Yonamine.
Os conflitos e a violência também são temas de Gerard Quenum (1972), nascido em Porto-Novo no Benim, o artista diz sobre seu trabalho: “Eu posso denunciar o que é inaceitável. Por exemplo? A injustiça sofrida pelas crianças, vítimas inocentes, em todo o mundo, não somente na África. Crianças manipuladas pelos conflitos, drogadas, doentes, abandonadas”. Desta vez, diferente de sua conhecida série ‘Os Veteranos (2010)’ onde esculturas feitas com cabeças de bonecas, restos e usados capacetes militares, nesta mostra veremos um conjunto de pinturas realizadas durante sua residência no Museu Afro Brasil.
Também do Benim, participam obras de Cyprien Tokoudagba (1939-2012), um dos mais representativos pintores de divindades vodu em seu país, onde fez fama como mestre pintor de templos dessa religião, quanto em Togo e Nigéria. E de gestualidade intensa, a mostra apresenta uma grande série de pinturas do artista “brut” beninês Nature.
Celestino Mudaulane (1972), nasceu e reside na capital de Moçambique onde leciona cerâmica na Escola Nacional de Artes Visuais de Maputo. O artista moçambicano apresenta seus personagens elaborados com tinta nanquim onde revelam-se pontos de vista sobre a vida e o cotidiano popular em seu país. Contudo, a mostra também oferece um olhar sobre a espiritualidade individual, intimista, a partir dos auto-retatos do artista Ganense, Owusu-Ankomah (1956). Suas grandes pinturas realizadas com planejados efeitos de “trompe l’oeil” marcam robustas figuras masculinas através de símbolos adinkras e caracteres especialmente criados pelo próprio artista.
A efervescência das ruas estreitas da capital Porto Príncipe, a religiosidade vodu e a forte presença de artesões tradicionais alimentam a sensibilidade dos artistas haitianos Eugène André (1959) e Mário Benjamin (1964). Em seu ateliê museu, como prefere citar, André elabora figuras recortadas em metal e borracha, sugerindo provocações sexuais, críticas sociais e seres fantásticos por meio de uma visão irônica e bem humorada. São frequentes suas participações em mostras nos EUA e na Europa. Nesta rede, Benjamin é um dos artistas contemporâneos mais proeminentes do Haiti. Temas ligados à identidade, etnicidade e raça trafegam pelos mais variados suportes e mídias, tais como pinturas, vídeo instalações e grandes objetos e intervenções. Seus retratos apresentam uma atmosfera impactante e dramática.
Dentre os artistas brasileiros estão os consagrados Alex Hornest (1972), Daniel Melim (1979), Nunca (1983) e Speto (1971). Personalidades fundamentais desta cena paulistana, suas produções percorrem desde o grafitti, a pichação, a intervenção até campanhas publicitárias, museus, publicações literárias e vídeos documentários. A trajetória de cada um revela, à sua própria maneira, os desdobramentos da cultura hip hop dos anos 90 em São Paulo, a cultura das ruas, das periferias, dos shows de rock e punk e é representativa de uma geração marcada pela explosão de cores que tornou a capital paulistana em um museu a céu aberto.
Serviço – Exposição “Espaço Livre”, com abertura no dia 28 de junho de 2016, às 19h, e encerramento no dia 31 de julho. Museu Afro Brasil (Av. Pedro Álvares Cabral, s/n) – Parque Ibirapuera – Portão 10 (acesso pelo portão 3) São Paulo / SP – 04094 050 Fone: 55 11 3320-8900
www.museuafrobrasil.org.br. Horário de funcionamento: de terça-feira a domingo, das 10h às 17h, com permanência até as 18hs. Ingressos: R$ 6 – Entrada gratuita aos sábados.
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