* Wilson Moço – Estima-se que mais de 3 bilhões de pessoas em todo o mundo estarão de olho na abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, na noite desta sexta-feira, no Maracanã, naquele que certamente é o momento mas esperado da competição, mais até do que uma final ou da entrega de medalhas aos primeiros colocados. Afinal, trata-se de um espetáculo, de um show de cores, música, dança e pirotecnia. E muita gente que não está nem aí para as disputas para nessa hora, para poder dar uma espiada ou acompanhar na íntegra a abertura.
E será mesmo um espetáculo de grandeza, e que mostrará ao mundo um pouco do que o Brasil faz nas mais diversas artes: serão 5 mil voluntários e 300 dançarinos profissionais em cena, com o reforço de quase 500 músicos de 12 escolas de samba do Grupo Especial do Carnaval da cidade do Rio de Janeiro. E shows dos mais variados estilos musicais, com alguns dos artistas até contestados, porque tem gente que acha que não deveriam estar ali.
Mas devem sim, independentemente de gosto, porque fazem parte da cultura brasileira. E é nossa cultura que temos de mostrar ao mundo na festa que abre oficialmente a maior competição esportiva do planeta Terra. Traduzida em números, a Olimpíada vai reunir pouco mais de 11 mil atletas, de 206 países, que vão lutar pelas medalhas de ouro, prata ou bronze em 42 modalidades até o dia 21 de agosto. Somados dirigentes, comissões técnicas e pessoal de apoio, esse número chega a 17 mil. E não se pode esquecer dos turistas.
País da Olimpíada neste 2016, o Brasil terá nos Jogos a maior delegação de sua história na competição, com 465 atletas, sendo 256 homens e 209 mulheres, quase o dobro do que levou a Pequim (China) em 2008, com 277. Mesmo com esse número, dificilmente o País chegará ao final da competição entre os melhores colocados na classificação geral. E não se trata de pessimismo, mas de constatação.
Primeiro porque terá pela frente potências do esporte mundial, casos de Estados Unidos, China, Alemanha, Japão e Rússia – só para citar alguns –, e historicamente aqueles que levam para casa o maior número de medalhas. Segundo, porque em muitos dos chamados esportes olímpicos o Brasil não tem tradição e, o que é pior, falta investimento por parte do governo e mesmo da iniciativa privada para fortalecer modalidades que por aqui ainda são levadas com amadorismo.
Tanto na época da Copa do Mundo, disputada no Brasil em 2014, quanto nos Jogos Olímpicos se fala muito em legado, palavra usada para resumir um conjunto de benfeitorias necessárias para que um país possa sediar competições desse porte, como no transporte coletivo e mesmo na construção de espaços esportivos que no futuro possam servir à população. Bem, se o legado da Olimpíada for o mesmo da Copa no campo esportivo, para ficar apenas nisso, já é possível prever o fracasso.
Afinal, alguém sabe qual foi o legado da Copa do Mundo para o nosso futebol, a não ser o vexame da derrota de 7 a 1 para a Alemanha? Ah! Ficou um legado, sim, pelo menos: estádios nababescos que custaram bilhões de reais e que hoje estão às moscas, porque as cidades onde estão nem time têm para mandar os jogos ali. E obviamente não são abertos à comunidade, como espaço onde poderiam ser formados novos Neymar, Gabigol e Gabriel Jesus, para citar apenas algumas das jovens estrelas do nosso futebol que estão na Olimpíada.
Frase:
Imagine que você vai dar uma festa, trabalha durante anos, monta as condições, convida a imprensa e no dia dessa festa alguém chega, toma seu lugar e se apropria dessa festa?
Dilma Rousseff, presidente afastada, em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, ao justificar os motivos pelos quais considera o presidente interino Michel Temer como um intruso na cerimônia de abertura das Olimpíadas do Rio de Janeiro
JOGO RÁPIDO
CHINESES FICAM NO MEIO DE TIROTEIO
- O time de basquete masculino da China foi recebido no Rio de Janeiro de uma forma nada agradável na noite da última quarta-feira. Após desembarcar no aeroporto internacional do Galeão, a equipe ficou em meio a um tiroteio entre as Linhas Vermelha e Amarela, próximo ao conjunto de comunidades da Maré, na Zona Norte da cidade. O ônibus levava, além dos jogadores, a comissão técnica de basquete e jornalistas do país. Os atletas usaram as redes sociais para reportar a situação e postaram fotos de ambulantes, que vendem produtos nas vias expressas, deitados no chão, curiosamente ao lado de um painel dos Jogos do Rio 2016.
PAPA PREGA O BOM COMBATE
- O papa Francisco mandou uma saudação ao povo brasileiro. Em vídeo, ele fez votos de que o espírito olímpico inspire a todos, atletas, participantes e espectadores da Rio 2016. “Queria agora dirigir uma saudação afetuosa ao povo brasileiro, em particular à cidade do Rio de Janeiro. Em um mundo que tem sede de paz, tolerância e reconciliação, faço votos de que o espírito dos Jogos Olímpicos possa inspirar a todos a combater o bom combate e terminar juntos a corrida, almejando alcançar como prêmio não uma medalha, mas algo muito mais valioso: a realização de uma civilização onde reine a solidariedade.”
TIME DE REFUGIADOS LEVA EMOÇÃO À VILA
- A noite de quarta-feira (3) foi de fortes emoções e muitos aplausos na Vila dos Atletas. Formado por 10 atletas de diversas nacionalidades, o Time Olímpico de Refugiados (TOR) participou da cerimônia de boas-vindas e deixou o ambiente em festa. Os esportistas tiveram tratamento de estrelas internacionais e mal conseguiram se locomover, tamanha a quantidade de pessoas presentes. Inscrito na prova dos 400 meros rasos do atletismo, James Nyang, do Sudão do Sul, afirmou que sua esperança é que o esporte sirva de exemplo para a paz. Atualmente, ele vive no Quênia, após fugir dos conflitos em seu país. “A interação entre os povos na Vila dos Atletas é uma das melhores coisas dos Jogos Olímpícos.”
BOLT É FIGURINHA DIFÍCIL, MAS SIMPÁTICO
- Estrela da Rio 2016, o jamaicano Usain Bolt é um dos atletas mais admirados e assediados da Vila Olímpica. O astro e home mais veloz do mundo é ídolo dos próprios colegas esportistas, e a cada aparição encara uma maratona de fotos e autógrafos. Sempre de bom humor, não recusa um pedido. O difícil é conseguir encontrar Bolt, pois ele quase não é visto nas áreas comuns da Vila. Afinal, ele tem se dedicado integralmente à competição. A prioridade é buscar o tricampeonato olímpico em três provas: 100 metros, 200 metros e revezamento 4x 100 metros.
EU AMO O BRASIL, DIZ SÉRVIO DJOKOVIC
- Número 1 do ranking mundial, o tenista sérvio Djokovic participou na quarta-feira da cerimônia de hasteamento de bandeiras dos países da Rio 2016 na zona internacional da Vila Olímpica, à qual poucos astros internacionais costumam ir. Sorridente e sem nenhum cerco especial, Djoko apareceu de óculos escuros e muito brincalhão. E não fez figuração: dançou, participou de cada parte das boas-vindas e posou para muitas fotos com integrantes de outras delegações, atletas e voluntários. “Eu amo o Brasil. Estou adorando tudo. Estou muito feliz de estar aqui. O Brasil é maravilhoso, todos muito felizes”, disse.
* Wilson Moço é jornalista, com passagens pelos jornais Diário do Grande ABC nas funções de repórter e editor-assistente de Esportes, de Política e de Setecidades, além de redator da Primeira Página; Gazeta Esportiva, como chefe de reportagem e editor-assistente; Bom Dia ABCD, como editor; ABC Repórter, como editor; e Revista Livre Mercado, como editor-executivo, além de atuar na Secretaria de Comunicação das Prefeituras de Santo André e São Bernardo. Contatos com o autor e colunista pelo e-mail: wilsonmoco53@gmail.com
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