* Elísio Peixoto – Nenhuma das sete cidades do Grande ABC terá uma prefeita a partir de 2017 e somente três cidades terão representatividade feminina na Câmara Municipal. Foram eleitas vereadoras para próxima legislatura (2017 a 2020) a professora Bete Siraque (PT) em Santo André; Ana Nice (PT) em São Bernardo do Campo e Sueli Nogueira (PMDB) em São Caetano do Sul.
Sueli foi eleita com a quarta maior votação, entre os 19 vereadores eleitos de São Caetano do Sul; Ana Nice ficou no décimo lugar entre os mais votados dos 28 vereadores eleitos de São Bernardo; e Bete na décima quinta posição entre os 21 vereadores santo andreenses eleitos.
No Brasil, 1.290 municípios não terão a presença feminina nos parlamentos, apesar de as mulheres representarem 51% da população. São 23,2% das cidades sem a presença feminina nas Câmaras Municipais. Outros dados, 66,7% das cidades as mulheres são menos de 30% nas Câmaras Municipais; 9,7% das cidades as mulheres representam de 30% a 50% nos parlamentos; e somente 0,4% das Câmaras elas são a maioria.
A quantidade de prefeitas mulheres eleitas no país alcançou 637 cidades, ante as 4.855 administrações públicas a serem governadas pelos homens. No poder legislativo municipal, 57.724 vereadores foram eleitos, sendo 7.794 (13,5%) mulheres. Conclui-se que nestas eleições, 1 em cada 4 cidades não elegeu nenhuma mulher para Câmara Municipal.
Voltando para análise da representatividade feminina do Grande ABC, constatamos que somente 2,11% das 142 cadeiras nas Câmaras Municipais foram preenchidas pelas mulheres, equivalente a somente 3 vereadoras, as quais foram prestigiadas com a soma de 9.427 votos, diante do universo de 2.068.798 eleitores da região. Sim, mais de dois milhões de eleitores só elegeram três mulheres, as quais representam mais de 2,71 milhões de habitantes. Lembrando que o Grande ABC é território feminino, pois em todos os municípios a taxa de mulheres é superior à de homens.
Estes dados que traduzimos não são motivos de comemoração e sim da necessidade de uma profunda reflexão sobre as razões que a população eleitora não prestigia as mulheres como representantes na política. O universo político ainda é dominado pelos homens, os quais se destacam por terem mais recursos financeiros nas campanhas eleitorais, apoio político e tempo nos veículos de comunicações.
Falta um trabalho contínuo de conscientização sobre o tema junto a população; ações concretas dos partidos políticos em defender um maior espaço para as mulheres e uma atenção especial da Justiça Eleitoral na eficácia da lei no tocante a penalidade de sua inobservância quanto ao percentual feminino exigido nos pleitos eleitorais.
Precisamos mudar este quadro, as mulheres precisam de mais espaço na política.
* Elísio Peixoto é presidente da Associação dos Amigos de São Caetano do Sul (Asascs) e dirigente do Movimento Voto Consciente São Caetano e do Movimento de Combate a Corrupção Eleitoral (MCCE).
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