Da Redação – Quando a aposentada Rita dos Santos Jeronimo, 76 anos, chegou a São Bernardo, em 1960, vinda do Interior do Estado, sequer os postos de puericultura existiam na cidade. Ela foi morar com a família no Jardim Beatriz, bairro distante do Centro, aonde o transporte público não chegava. Se alguém de casa ficava doente, era preciso se preparar para o sacrifício. “A gente acordava no meio da madrugada, andava 20 minutos pelas ruas de barro para pegar o ônibus no Planalto ou na Avenida Piraporinha”, recorda.
O atendimento médico gratuito era feito pelo extinto Instituto Nacional da Assistência Médica da Previdência Social (Inamps) em hospitais como o Príncipe Humberto. Dona Rita lembra que chegava às 4h e entrava na fila de dobrar o quarteirão para pegar a senha que dava acesso à consulta com especialista. “Tinha gente que vendia café na fila. Às vezes estava chovendo e a gente entrava molhada no hospital. Cansava demais. A única coisa boa era que os médicos eram atenciosos.”
Se antes os hospitais eram a única opção, hoje dona Rita diz que consegue cuidar da saúde perto de casa, na Unidade Básica de Saúde (UBS) Planalto. Faz os exames preventivos, como mamografia e Papanicolau, controla a hipertensão, participa das atividades promovidas pelo De Bem com a Vida e recentemente consultou-se com o dentista, que a encaminhou para o CEO Nova Petrópolis para confecção de prótese dentária. “Na UBS me tratam com carinho. “Quando preciso de exames, as agentes comunitárias trazem as guias em casa. É melhor que plano de saúde.”
Promoção de saúde – As 34 UBSs espalhadas por São Bernardo têm, juntas, cerca de meio milhão de pacientes cadastrados. Hoje, funcionam como polos de promoção de saúde, fomentando a prática de atividades físicas, controle de doenças crônicas e a prevenção. São locais que abrigam profissionais das mais variadas especialidades, como psicólogos, assistentes sociais, dentistas e enfermeiros, além dos médicos. As equipes da Estratégia Saúde da Família cuidam de usuários de todas as idades, dos recém-nascidos aos mais idosos, e realizam, inclusive, visitas em domicílio.
Hoje as UBSs se transformaram em referência para toda a comunidade. Mas, há quatro décadas, no tempo dos “postos de saúde”, a realidade era bem diferente. “Evoluímos muito. Atualmente cuidamos bem melhor da nossa gente”, diz a auxiliar de enfermagem Raquel Aparecida Riquena, 55 anos. Ela trabalha na rede municipal de saúde há 29 anos, dos quais 25 no Jardim Nazareth. Na época, o que existia era um posto de puericultura, que funcionava das 7h às 13h e atendia apenas crianças. “Quem tinha mais de 12 anos só era atendido no hospital. Havia apenas um pediatra, que verificava as vacinas e o desenvolvimento. O posto também distribuía cestas básicas e leite para as famílias carentes”, recorda.
Raquel conta que havia cerca de dez postos para atender toda a cidade, e o atendimento era para poucos. “Hoje, graças aos agentes comunitários, conhecemos todas as famílias que estão no nosso território e atuamos de maneira mais completa.”
Em 2009, a Prefeitura iniciou o processo de revitalização de todas as UBS. Além das reformas, quatro unidades foram construídas: as do Rudge Ramos e Batistini ganharam novas sedes, e os bairros Areião e Montanhão passaram a contar com o serviço. A ampliação da rede de saúde não parou na atenção básica; os atendimentos de urgência e emergência e de média e alta complexidade também foram contemplados. “A construção das nove Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e do Hospital de Clínicas Municipal foi um grande avanço para a nossa saúde. A descentralização torna o serviço muito mais acessível”, opina a médica Thereza Christina Machado de Godoy, que atua há 21 anos na rede municipal.
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