Da Redação – O faturamento real (já descontada a inflação) das micro e pequenas empresas (MPEs) do Estado de São Paulo caiu 13,6% em março em relação ao mesmo período de 2015. Foi a 15ª queda consecutiva da receita na comparação com igual mês do ano anterior. Considerando os meses de março, o faturamento das MPEs voltou ao patamar de 2009. No acumulado do primeiro trimestre, a redução no faturamento das MPEs ante os três primeiros meses de 2015 foi de 15,1%. Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
A receita total das MPEs em março deste ano foi de R$ 46,6 bilhões, R$ 7,3 bilhões a menos do que em igual mês de 2015. Por setores, no confronto entre março de 2016 e março de 2015, as quedas de faturamento foram de 14,9% no comércio, 13% nos serviços e 10,9% na indústria. O desempenho negativo das MPEs tem como causa a baixa no consumo interno, consequência do aumento do desemprego, associado à redução do rendimento real dos trabalhadores e ao nível elevado de incerteza sobre a economia.
“Após as seguidas perdas de receita, a situação dos pequenos negócios é muito delicada”, diz o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano. “Com tantas dificuldades causadas pela recessão, o empreendedor precisa, mais do que nunca, dedicar-se a aprimorar a gestão, planejar cada passo com muito cuidado e estar atento a oportunidades para se manter no mercado”, completa.
Entre as regiões, o Grande ABC registrou queda no faturamento de 24%. Na região Metropolitana de São Paulo, a receita caiu 18,6%; no município de São Paulo e no interior as diminuições na receita foram de 14,4% e 8,2%, respectivamente, no confronto de março de 2016 com março de 2015.
Como o Grande ABC tem uma concentração relativa de indústrias, principalmente as ligadas ao ramo automotivo, a desaceleração desse setor prejudicou também os ganhos das MPEs do comércio e de serviços da região.
Considerando-se o 1º trimestre, houve diminuição de empregos e salários nas MPEs, na comparação com o 1º trimestre de 2015. O contingente de pessoal ocupado, que inclui sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados, ficou 2,5% menor. A folha de salários encolheu 3,3% e o rendimento dos empregados das MPEs recuou 0,2%.
MEI – O porcentual de queda no faturamento foi ainda maior para os Microempreendedores Individuais (MEIs). Em março, a categoria viu a receita encolher 20,6% (já descontada a inflação) no confronto com o mesmo mês do ano passado. A receita total do universo dos MEIs foi de R$ 2,3 bilhões no terceiro mês de 2016, o que representa uma redução de R$ 594,6 milhões ante março de 2015. Foi também a oitava queda seguida na receita dos MEIs na comparação de um mês com igual período do ano anterior.
Na análise por setores, os MEIs da indústria registraram uma queda de 27,9% no faturamento de março ante um ano antes. Os que prestam serviços viram seus ganhos baixarem 21,5% e os do comércio tiveram recuo de 15% na receita. Além disso, os MEIs que trabalham na Região Metropolitana de São Paulo tiveram diminuição de 25,2% na receita, na comparação de março com o mesmo mês do ano anterior, e os do interior apresentaram queda de 14,4%. O primeiro trimestre tampouco trouxe boas notícias para a categoria. O faturamento sofreu um tombo de 25,3% em relação ao acumulado de janeiro a março de 2015.
Expectativas – Quanto às expectativas para os próximos seis meses, em abril de 2016, 58% dos proprietários de MPEs disseram aguardar estabilidade no faturamento de sua empresa, ante 59% em abril de 2015. Para a economia brasileira, 44% esperam manutenção no nível de atividade, contra 39% em abril do ano passado. Diminuiu o porcentual dos que falam em piora para a economia brasileira: de 38% um ano antes para 25% em abril de 2016. Mas a incerteza sobre ela aumentou: 14% não sabem como será a evolução nos próximos seis meses (eram 9% um ano antes).
Os MEIs continuam relativamente mais otimistas que os proprietários de MPEs quanto ao seu faturamento nos próximos seis meses. Em abril deste ano, 42% deles afirmaram esperar aumento em contraste com os 50% em abril de 2015. Já 38% acreditam em estabilidade ante 33% um ano antes. Para 16% haverá piora na receita (em abril de 2015, 14% tinham essa expectativa).
No que diz respeito ao futuro da economia brasileira, os MEIs estão divididos: 33% apostam em piora nos próximos seis meses (eram 45% um ano antes). Para 33% haverá estabilidade (ante 24% em abril de 2015) e 27% creem que ela vai melhorar (26% em abril de 2015 tinham tal perspectiva).
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP foi realizada com apoio da Fundação Seade. Foram entrevistados 1.700 proprietários de MPEs e 1.000 MEIs do Estado de São Paulo durante o mês de referência. No levantamento, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento bruto anual até R$ 3,6 milhões. Os MEIs são definidos como os empreendedores registrados sob esta figura jurídica, conforme atividades permitidas pela Lei 128/2008. Os dados reais apresentados foram deflacionados pelo INPC-IBGE.
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