Merkel deve vencer eleição marcada por volta da ultradireita

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Da Redação – O caráter extraordinário da eleição deste domingo (24) na Alemanha não se deve ao suspense em torno de quem governará nos próximos quatro anos, já que a democrata-cristã Angela Merkel é favorita para vencer o social-democrata Martin Schulz. O que dá à votação um peso inédito é o provável ingresso do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) no Parlamento – o que marcará a volta de movimentos de extrema direita e de grupos neonazistas ao Bundestag pela primeira vez desde 1945.

Mais de 60 milhões de eleitores são esperados. Pela legislação eleitoral alemã, de voto distrital misto, um partido precisa alcançar em média 5% do total de sufrágios para superar a cláusula de barreira que impede a fragmentação do poder no Legislativo. Desde o fim da 2ª Guerra e da dissolução do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (NSDAP, extrema direita), o partido de Adolf Hitler extinto há 72 anos, nenhum movimento de extrema direita havia conseguido superar a restrição.

Criado há quatro anos com o objetivo de denunciar a chegada de imigrantes à Alemanha, o AfD está prestes a conquistar um espaço no cenário político. Pesquisas divulgadas na sexta-feira indicam que o movimento liderado pela ativista Alice Weidel tem chances concretas de superar dois partidos tradicionais, o Partido Verde e o Partido Liberal-Democrata (FDP), assim como a esquerda radical do Die Linke.

Se confirmar os prognósticos, será a terceira força do país, com 11% a 13% dos votos. À frente ficariam o partido União Democrata-Cristã (CDU), de Angela Merkel, que teria de 34% a 36%, e o Partido Social-Democrata (SPD), de Martin Schulz, de 21% a 22%. “Se o AfD de fato entrar no Bundestag (Câmara Baixa), será a primeira vez em 72 anos que os nazistas poderão falar no interior do Parlamento”, disse o vice-chanceler e ministro das Relações Exteriores, Sigmar Gabriel.

Como afirma a Frente Nacional (FN) na França, o AfD se intitula “nem de direita, nem de esquerda”, mas sua composição é clara: grupos de direita nacionalistas e ultraconservadores, apoiados por uma miríade de pequenos grupos populistas, neofascistas e neonazistas. Entre suas bandeiras estão causas como o ceticismo em relação à União Europeia e às mudanças climáticas, mas sua mais enfática plataforma é a islamofobia e a defesa da expulsão de imigrantes e refugiados.

Não por acaso, o acolhimento de estrangeiros após a crise dos refugiados de 2015 e a gestão dos 1,3 milhão de pedidos de asilo foram dois dos grandes assuntos da campanha. O AfD se consolidou como o maior partido anti-imigração, atraindo um eleitorado insatisfeito com o “sistema”.

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