Mas que democracia é essa…?

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* Gabriel Clemente – Vivemos em um país com 35 partidos políticos, algo surreal e absurdo no mundo contemporâneo. Claro que não defendo ditaduras aqui, geralmente compostas por partido único, que mandam e desmandam ao seu ‘bel prazer’, ou por meio de eleições fraudadas e sem precisarem passar pelo crivo de ninguém, inclusive do Judiciário, quase que totalmente aparelhado.

Mas, cá entre nós, onde há 35 ‘ideologias’ ? Onde ? Parece um tanto quanto diversificado esse cenário inchado. O fato é que, na verdade, há muitos partidos nanicos de ‘aluguel’, que vendem seus apoios e firmam alianças com os grandes só para alugarem espaço no horário eleitoral gratuito de rádio e TV. A verdade nua e crua é essa.

Há pouco tempo, foi noticiado que o presidente do tal PROS (Partido Republicano da Ordem Social), trata-se de um milionário que enriqueceu com a política às custas da venda de horários de rádio e TV, por meio de espúrias alianças político – partidárias de aluguel, ‘mensalinhos’ e verbas do fundo partidário. Na ocasião, a imprensa mostrou a sua bela mansão, bem equipada até com helicóptero.

No Brasil, infelizmente, a política é um excelente negócio, principalmente para quem não é bem-intencionado. Na prática, pouco cumpre os seus reais deveres, que, em tese, seria atender, de fato, ao real interesse público.

Não bastassem os altos salários e mordomias, os políticos daqui que, para se candidatarem, só precisam ser alfabetizados. E ainda gozam do tal ‘foro privilegiado’, que, infelizmente, mesmo já restringido pelo STF, segue blindando alguns criminosos do ‘colarinho branco’ dentro de algumas prerrogativas.

Apesar de todas as evidências, indícios fortes, gravações e depoimentos de testemunhas, o presidente Temer segue, por ora, protegido pela tal ‘imunidade presidencial’, acobertado por um Congresso que se tornou um grande ‘balcão de negócios’, pautado pelo fisiologismo, troca de favores e cargos no alto escalão do governo.

Para que seja processado, o presidente terá de perder a imunidade por autorização de 3/5 da Casa Legislativa Nacional e, como se sabe, houve vários acordões e costuras políticas para que ele se mantivesse intocável diante das denúncias da PGR, a Procuradoria Geral da República.

Uma VERGONHA que tem de acabar.

Esperamos que, realmente, ao final do seu mandato, em dezembro próximo, ele responda às acusações na primeira instância da Justiça Federal, assim como ocorreu com o ex-deputado federal corrupto cassado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e com o ex-presidente Lula que, ao perderem a blindagem do foro, caíram no primeiro grau de jurisdição e foram rápido à cadeia.

Pergunto: Será que se a política fosse um ‘sacerdócio’ ou se quem a exerce recebesse salários mais ‘modestos’, haveria tanta disputa, troca de farpas, baixarias e corrupção desenfreada ? Será que haveria ministros de Estado sem nenhum preparo ou formação técnica, indicados, única e exclusivamente, por pura barganha político-eleitoral para manutenção de privilégios e apoio no Parlamento?

Temos de começar a questionar esse modelo chamado ‘presidencialismo de coalizão’, que só estimula práticas espúrias e nada republicanas.

A chamada cláusula de barreira faz-se urgente para diminuirmos o número de partidos políticos no Brasil e, assim, tentarmos erradicar, de vez, esse fisiologismo desenfreado. Segundo a PEC já aprovada pelo Legislativo, a tal exigência já se fará presente a partir das eleições de 2022. Veremos.

Veja, por exemplo, a candidata da ‘Rede Sustentabilidade’, Marina Silva, ex-PV (Partido Verde). Abandonou a sigla para criar a nova agremiação partidária a qual pertence, mas, ‘curiosamente’, aliou-se, recentemente, ao ex-partido, tendo como vice Eduardo Jorge, para a próxima disputa presidencial. No mínimo, estranho e incoerente, né ?

Que democracia é essa? – Isso sem citar as várias denúncias de falsificação de assinaturas na formação de alguns partidos e para a tentativa de criação de novos. Uma verdadeira farra para que continuem usufruindo das benesses do nosso já ‘estuprado’ erário.

Embora tenhamos uma das maiores cargas tributárias do mundo, os nossos serviços públicos são vergonhosos. Impostos de Suécia para uma contrapartida equivalente a de países subdesenvolvidos da África.

O Brasil que eu quero é um país onde haja seriedade no trato com o dinheiro público, com ministros de formação técnica, que conheçam, de fato, as suas áreas de atuação e que seja reavaliado esse tal ´presidencialismo de coalizão’, que só estimula o crime organizado nas altas castas do poder público.

* Gabriel Clemente é jornalista graduado pela Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Atuou como repórter da Rádio ABC, assessoria de imprensa política e na comunicação institucional do Centro Universitário Fundação Santo André (FSA).

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