Mário Lago: 100 anos à esquerda da política e da arte

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Giovanna Tavares – Mário Lago completaria 100 anos de cultura, poesia, música e ativismo político em novembro deste ano, em um cenário que carece de personalidades essencialmente artísticas e passionais. Nascido em 26 de novembro de 1911, o filho único do maestro e violinista Antônio Lago mostrou-se, desde muito novo, interessado pelo mundo onírico das artes. Aos 15 anos, teve seu primeiro poema publicado na imprensa carioca, dando início à sua carreira como poeta e artista.

Mário se formou em Direito, pela Universidade do Brasil, em 1933; chegou a exercer a profissão durante alguns meses, mas a maior herança que recebeu das aulas da graduação e do avô italiano Giuseppe Croccia, anarquista e flautista, fora a opção pelo ideal Marxista e a militância política. Ao todo, Mário Lago foi preso sete vezes, por seus ideais considerados “subversivos” pelos regimes ditatoriais da época. Foi no Partido Comunista, porém, que conheceu sua companheira de lutas políticas e de 50 anos de vida, Zeli Cordeiro, com quem teve cinco filhos.

Artista por vocação, Mário dirigiu, compôs e atuou em comédias teatrais, novelas, fotonovelas, teatro de revista, tornando-se um dos maiores galãs e profissionais “multimídias” da década de 1940. Participou de novelas exibidas pela Rede Globo, em “O Casarão”, “Nina” e “Barriga de Aluguel”, tendo também atuado na película “Terra em Transe”, de Glauber Rocha. Outra grande paixão do ator fora pela música e rodas de samba, o que lhe rendeu composições em parceria com grandes nomes da MPB, como Ataulfo Alves, nas canções “Ai, que saudades da Amélia” e “Atire a primeira pedra”, além da inesquecível ‘Aurora’, entre outras.

O poeta faleceu em 31 de maio de 2002, aos 90 anos. Um século não seria suficiente para narrar a trajetória de Mário Lago, marxista e artista por vocação, paixão e ideias. Seu legado é maior do que os discos, livros e poemas que deixou; restou o exemplo de artista e ativista, afora o vazio que a ausência de suas letras deixaram na música brasileira.

Mário tinha feito um acordo de coexistência pacífica com o tempo, e dizia que viveria até completar 100 anos: “Nem ele me persegue, nem eu fujo dele, um dia a gente se encontra…”; o encontro veio nos fins daquele mês de maio, e a sua história se tornou a canção de uma época.

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