Da Redação – “É como se eu encontrasse uma liberdade que nunca tive.” É dessa maneira que a dona de casa Donisvalda Lopes Silva, 52 anos, descreve a sensação que teve ao começar a ler as primeiras palavras depois de ser alfabetizada em uma das salas de aula do Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos (MOVA), em São Bernardo.
Natural de Arapiraca, Alagoas, Donisvalda não pôde frequentar a escola quando criança, pois tinha que trabalhar na roça para ajudar a família. Foi há 10 anos, já morando no Jardim do Lago, em São Bernardo, que veio a vontade de aprender a ler e escrever.
Naquele momento ela tentou, mas a falta de tempo por conta do trabalho a impediram de continuar acompanhando as aulas e tornar seu sonho realidade. “Há pouco mais de um ano me comprometi e hoje posso andar pela rua sem pedir para alguém ler uma placa ou um bilhete para mim”, emociona-se.
Nesta sexta-feira (23), o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, acompanhado pelos secretários de Educação, Paulo Dias, e de Serviços Urbanos, Tarcisio Secoli, participaram de seminário em comemoração aos 20 anos de MOVA, que ocorreu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Marinho destacou que a alfabetização de adultos abre portas e oportunidades. “Conheci muitos que continuaram estudando e se formaram em universidades. Para muitos a idade pode ser um empecilho, mas não é um limite para quem quer sonhar”, salientou.
Secoli lembrou que sua militância teve início nos movimentos de alfabetização, ainda no início dos anos 1980, quando atuava como educador em uma sala de aula improvisada. “Infelizmente hoje ainda temos analfabetos no País. Mas eles não devem se envergonhar de não saber ler e escrever, pois não tiveram oportunidade de aprender. A vergonha tem que ser das autoridades que permitiram que isso ocorresse”, disse.
Atualmente, o MOVA da cidade conta com 45 salas e mil educandos, com alunos com idade média de 53 anos. As aulas acontecem em diversos locais – igrejas, clubes, núcleos de moradores -, de segunda a quinta-feira. Nas sextas-feiras as educadoras participam do Encontro de Formação Permanente.
Além disso, os educandos e educandas são encaminhados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) para que concluam o Ensino Fundamental. “Nesses 20 anos de trabalho, nossa maior vitória é a alfabetização de 115 mil alunos, que tiveram suas cidadanias resgatas por meio da educação”, salientou a coordenadora do MOVA Regional ABC, Alexandra de Campos dos Reis.
O MOVA utiliza o método Paulo Freire, onde os estudos e a troca de conhecimentos entre educador e educando são formulados a partir do conhecimento do estudante. Na região, essa ação surgiu como resultado da parceria entre o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e a Prefeitura de Diadema como uma tentativa de alfabetizar os trabalhadores. A iniciativa foi sendo, então, continuamente expandida para o resto do ABC.
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