Psicólogas Anna Vitoria Renaux e Bianca Andrade passaram orientações valiosas para o desafiador momento pandêmico
Da Redação – No último dia 22, a CBG realizou mais uma live de importância fundamental neste período de pandemia, que teve como tema “Medidas de enfrentamento dos atletas de alto rendimento diante do permanente isolamento social”. A atividade foi ministrada por Anna Vitoria Renaux, que é psicóloga da Seleção Brasileira de Ginástica Rítmica de Conjunto, e por Bianca Andrade, psicóloga esportiva e docente da Faculdade Nove de Julho.
A atividade, que durou cerca de uma hora e vinte minutos, atraiu, em média, 150 visitantes simultâneos ao aplicativo de reunião virtual, e contou com ativa participação da comunidade gímnica. “Gostei muito da live. Ter a oportunidade e o espaço para conversar um pouquinho com os atletas e treinadores sobre essas questões relacionadas à saúde mental foi muito gratificante. Acredito que é muito importante essa informação para que os atletas possam inserir no dia a dia deles algumas ferramentas para que continuem cuidando da saúde mental, continuem aderindo ao trabalho físico, técnico, aos exercícios de fisioterapia, à dieta prescrita pelo nutricionista, para que continuem nessa rotina de atleta mesmo longe do centro de treinamento”, disse Bianca.
Uma das principais questões abordadas na live, segundo Bianca, é a necessidade de separar o que está sob o controle dos atletas daquilo que não está. “Várias coisas estão fora do nosso controle: quando essa pandemia vai acabar, quando serão as próximas competições, como vai ficar o desempenho do atleta quando ele retornar. A gente querer controlar isso vai gerar ansiedade, frustração, preocupações diante de coisas quanto às quais não existe nada a ser feito. Devemos voltar nossa atenção para as coisas que estão sob nosso controle: nossa rotina, nosso sono, nossa alimentação, nosso exercício físico diário”, diz a especialista.
Segundo Anna Vitoria, as atletas da Seleção de GR de Conjunto, com as quais tem mais contato, estão sabendo aplicar aquilo que é transmitido nas sessões. “Elas estão se esforçando diariamente para fazer o melhor possível com os recursos que possuem no momento. Estão com bastante garra e motivação para alcançar as metas deste ano. A GR do Brasil está mentalmente mais forte, pois as ginastas aproveitaram o longo período de isolamento para treinar habilidades psicológicas”.
Uma das valiosas ferramentas colocadas à disposição das atletas, e que foi abordada durante a live, é a prática da meditação, como explica Bianca. “As ginastas que temos atendido têm aderido à meditação e é interessante a forma como temos inserido esse hábito na rotina delas. A gente começa aos poucos, incentivando a prática em dois ou três dias por semana e depois vamos aumentando, progressivamente, até o ponto em que consigam meditar sete dias por semana. E isso para que não se sintam frustradas por não terem feito meditação todos os dias. Aos poucos, elas vão sentindo os benefícios dessa prática e vão inserindo esse hábito de uma forma natural, mais vezes por semana.
Segundo Bianca, “a meditação é extremamente importante para o esportista por três motivos: o primeiro deles é por conta da regulação da atenção; é eu conseguir direcionar minha atenção para o estímulo relevante naquele momento para a execução daquela tarefa; num segundo ponto ela ajuda bastante na regulação das nossas emoções: com a meditação, faço vários exercícios de respiração, e, eles, por si só, ajudam a reduzir a ansiedade cognitiva, dos nossos pensamentos muito acelerados, relacionados a catástrofes, geralmente, e também a ansiedade somática, que sentimos no nosso corpo – coração muito acelerado, músculos muito tensos, entre outras coisas”, destaca.
Ela diz que num terceiro ponto a meditação ajuda bastante o atleta a desenvolver a consciência corporal. Então tem algumas meditações, como o escaneamento corporal, que ajuda a trazer o foco do atleta para o corpo: para o pé, para as pernas, pro tronco…O fato de ele conseguir a atenção para o corpo ajuda a desenvolver a consciência corporal, assim ele fica mais sensível para identificar uma possível lesão, por exemplo.
Na opinião de Anna Vitoria, o peso do preparo mental nos Jogos Olímpicos de Tóquio deverá ser mais importante do que nunca. “Os atletas passaram por muitas adversidades em 2020 e 2021. Aqueles que conseguiram tirar esse tempo para desenvolver habilidades psicológicas importantes como resiliência, regulação emocional e atenção plena estarão em vantagem”.
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