“Live #FicaFaroeste” tem 5h de transmissão com shows, intervenções e conversas

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Evento virtual tem objetivo de arrecadar fundos para evitar o despejo do teatro da Cia. Pessoal do Faroeste, na região da Luz. Petição intermediada pelo gabinete de Eduardo Suplicy conseguiu um prazo até o dia 17 para que seja feito um pagamento de R$ 200 mil em aluguéis atrasados

Da Redação – Neste domingo, dia 13, a partir das 13h horas, acontece o evento beneficente virtual “Live #FicaFaroeste”. Serão cinco horas de transmissão ao vivo que começa com uma invasão na já tradicional “Live do Povão” de Preta Ferreira, seguida por um show da cantora com participações especiais já confirmadas de Otto, Tika e Junio Barreto. A evento terá como apresentadores Mel Lisboa, Pascoal da Conceição e Ave Terrena.

A realização da live, idealizada e produzida por voluntários da cena artística e política em caráter de urgência, tem como objetivo a arrecadação de recursos financeiros para evitar o despejo do teatro da Cia. Pessoal do Faroeste.

“Live #FicaFaroeste” invade a “Live do Povão”

Das 13h às 16h, a “Live #FicaFaroeste” invade a “Live do Povão”, que a cantora Preta Ferreira realiza todos os domingos com a participação à distância de diversos convidados. Um momento mais informal da transmissão, que contará com algumas “canjas” de cantores e músicos, intervenções de artistas e conversas com nomes importantes da cena cultural paulistana.

No domingo (13), excepcionalmente, a “Live do Povão” será transmitida diretamente do teatro da Cia. Pessoal do Faroeste.

Show de Preta Ferreira e convidados

A partir das 16h até 18h, Preta Ferreira assume o palco do teatro e dá início a um show ao vivo completo acompanhada por sua banda. Durante o espetáculo, a cantora recebe uma série de convidados para pocket shows. Os nomes confirmados até o momento são Otto, Tika e Junio Barreto.

Os shows contam ainda com a atriz Mel Lisboa, o ator Pascoal da Conceição, e a atriz, escritora e uma das mais importantes ativistas da cena transexual Ave Terrena. E entre as apresentações teremos também as manifestações de apoio de autoridades e artistas.

Ação de despejo

Durante toda a pandemia do coronavírus, a movimentação no teatro da Cia. Pessoal do Faroeste tem sido de famílias em busca de ajuda da campanha #FomeZeroLuz. Iniciada por Paulo Faria, diretor e fundador do espaço, a ação de solidariedade têm colocado alimento e itens de higiene nas casas do entorno da Cracolândia. No entanto, em agosto, o espaço recebeu uma visita diferente: um oficial de justiça que tinha em mãos um aviso de despejo e o prazo de 15 dias para desocuparem o imóvel, ação que teve início efetivamente de desocupação nos dias 2 e 3 de setembro até o trabalho ser interrompido pela petição intermediada pelo gabinete de Eduardo Suplicy.

Dívida de R$ 200 mil

O diretor conta que, este ano, ainda não conseguiram acesso ao fomento da prefeitura e com a paralisação da programação, o problema apenas cresceu e a dívida acumulada com aluguéis atrasados chega a R$ 200 mil. “A Cia vive exclusivamente da Lei de Fomento ao Teatro, e há um ano está sem patrocínio. Nosso espaço é pequeno e todos os espetáculos têm como bilheteria o sistema ‘pague quanto puder’. Em março, reestreamos a peça ‘O Assassinato do Presidente’ que, devido a recomendação de isolamento social, teve que ser interrompida depois de apenas duas apresentações”.

Da quarentena à mudança definitiva para dentro do teatro

Assim que teve início a recomendação do isolamento social, o diretor da Cia. Pessoal do Faroeste tomou a decisão de cumprir sua quarentena dentro do teatro. Seu propósito foi o de acompanhar de perto as medidas de acolhimento que seriam tomadas na região da Luz. Assim que identificou que as famílias em situação de vulnerabilidade social estavam totalmente abandonadas, deu início por conta própria a uma ação de solidariedade que até hoje distribui cestas básicas.

O que Paulo não imaginava é que a experiência de viver dentro do teatro caminhava para se tornar definitiva. Alguns dias antes do aviso de despejo do teatro, ele recebera o mesmo aviso em seu próprio apartamento, no bairro da Santa Efigênia, a algumas quadras da sede da companhia e da Cracolândia.

“Eu vivo do teatro, e assim como a própria instituição Cia Faroeste está sem recursos, o mesmo se reflete na minha situação. Tentei negociar com o proprietário de todas as formas mas não chegamos a um acordo que eu pudesse sustentar. Eu e minhas cachorras nos mudamos para dentro do teatro, adaptei um dos andares para moradia”, conta.

#FomeZeroLuz

A campanha “FomeZeroLuz” tem como missão erradicar a fome na região, que tem suas ruas, pensões e cortiços totalmente ocupados por famílias em total vulnerabilidade, principalmente em um momento como este. “Basta acompanhar a imprensa e as redes sociais que é possível perceber como a situação fez aflorar o egoísmo e a intolerância em uma grande parcela da população. Logo o Brasil que tem uma dívida enorme, escandalosa, com a pobreza e o racismo, segue, descaradamente, fazendo jus a essa história tão triste e revoltante”, diz Paulo Faria, idealizador da ação e que já tem um histórico de trabalhos sociais na região onde, propositalmente, fica a sede de seu grupo de teatro.

“Estão distribuindo cestas básicas no teatro”, correu a notícia por todo o entorno e, em pouco tempo, já são mais de mil famílias cadastradas, cerca de quatro a cinco mil pessoas, que estão colocando alimento em suas mesas graças a companhia. Para se ter algum controle de que as doações seguiriam realmente para o seu propósito, criou-se a regra de que apenas as mulheres poderiam retirar os mantimentos (com algumas exceções analisadas caso a caso). Moradoras de rua, prostitutas, travestis e viciadas que, antes de qualquer rótulo, são em sua grande maioria mães.

A campanha foi ganhando apoio enquanto Paulo divulgava cada passo da ação, e seus relatos quase como um diário, nas redes sociais. “Foi por meio da internet que as pessoas conheceram nosso trabalho, resolveram ajudar com suas doações e ajudando a divulgar a campanha. A situação atual em que nos encontramos também comprova como cada centavo que entrou como doação foi utilizado apenas na compra das cestas básicas”, conta Paulo.

Sobre a Cia Pessoal do Faroeste

Em 2020 o Pessoal do Faroeste completou 22 anos. A companhia de teatro tem tido como fonte de pesquisa a vida social e política do povo brasileiro por meio de seu imaginário popular e de sua cultura, e com um olhar especial à cidade de São Paulo, especificamente o centro, onde tem a sua Sede Luz do Faroeste.

Com o objetivo de realizar trabalhos artísticos que reflitam momentos históricos da sociedade brasileira, a proposta é produzir intervenções que valorizem a cidade, e a relação de pertencimento com a região. É nela que se desenvolvem os projetos e a contribuição para o espaço urbano. A Cia Pessoal do Faroeste ganhou o Prêmio Shell em 2014, na categoria Inovação pelo trabalho de ocupação e intervenção social e artística que contribui para transformação urbana da região da Luz. Em 2019, o diretor Paulo Faria recebeu da ALESP 23o Prêmio Santo Dias em Direitos Humanos.

Serviço – Live #FicaFaroeste, neste domingo (13/9), das 13h às 18h. Participações confirmadas até o momento: Preta Ferreira, Otto, Tika, Junio Barreto, Mel Lisboa, Pascoal da Conceição e Ave Terrena. Transmissão pelos canais: https://www.facebook.com/CiaPessoaldoFaroeste

YouTube: https://www.youtube.com/user/pessoaldofaroeste

Instagram: https://www.instagram.com/cia.pessoaldofaroeste/

Instagram (Preta Ferreira): https://www.instagram.com/preferreira/

Vaquinha online via Abacashi:

https://abacashi.com/p/ficafaroeste-despejozero

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