* Caio Bruno – O título do artigo é uma merecidíssima homenagem ao cantor e compositor Moraes Moreira, que faleceu repentinamente no último dia 13 de infarto aos 72 anos e foi tirada de sua canção de mesmo nome lançada em 1979. Mas infelizmente o tema aqui não é cultura e nem a brasilidade tão cantada e encarnada pelo artista. O Brasil vai descendo a ladeira, mas em um sentido totalmente oposto ao da canção.
Por completa irresponsabilidade de alguns atores políticos de Brasília, a pandemia do Coronavírus foi politizada despertando oportunismos, colocando vidas em risco e desmoralizando (mais ainda) a imagem do paísl no exterior.
Atenção: estamos falando de uma doença altamente infecciosa que já matou mais de uma centena de milhares de pessoas em todo o mundo e é, sem dúvida, o maior problema mundial pelo menos dos últimos 50 anos.
Em quase todos os países do globo há uma sinergia total entre as autoridades nos mais diversos níveis e principalmente respeito por parte da população às diretrizes e bom senso de saber que as disputas políticas estão de molho, aguardando uma melhor hora. O momento é de salvar a vidas.
Já aqui em Pindorama, que não conta com quarentena compulsória como outros países, há uma enorme guerra de narrativas entre o que – corretamente- as autoridades sanitárias mundiais falam e cujas ações são seguidas à risca pela maioria dos prefeitos e governadores e o que Jair Bolsonaro e sua turma prega. Disparates como “gripezinha”, “resfriadinho” e o absurdo de se politizar um medicamento: a bendita cloroquina.
Temos que batalhar para convencer à população da importância do correto e do óbvio que é ficar em casa para não acelerar o contágio, achatar a curva e assim não colapsar o sistema de saúde, mas o que se vê (ainda que de forma minoritária) é a resistência de parcela da sociedade que agora deu para fazer carreatas (por que não passeatas?) pedindo a reabertura do comércio, proliferando teorias conspiratórias absurdas envolvendo a China. Sobra até o governador de São Paulo, João Dória, que age como verdadeiro líder responsável, que é chamado por essa turma de comunista (!!!).
A situação chega a tal ponto de realismo fantástico que o presidente sai às ruas fazendo aglomerações e descumprindo totalmente às orientações de seu próprio ministro da Saúde que até o momento em que escrevo ainda é o médico Luiz Henrique Mandetta.
O Coronavírus é uma fase difícil, mas será superada. Assim como esse maniqueísmo todo. E devemos tirar lições disso. Uma delas é a necessidade de união, de sensatez, conhecimento, humanidade, empatia e lucidez. Que o Brasil volte a descer a ladeira como na alegre música do artista e não como estamos hoje.
* Caio Bruno é jornalista e morador de São Caetano
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