Da Redação – As taxas dos contratos futuros de juros fecharam em alta na BM&F refletindo a preocupação com o cenário político local. Notícia sobre a delação premiada do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que ele cita que o presidente interino Michel Temer negociou repasse de propina para a campanha de Gabriel Chalita, então candidato do PMDB à Prefeitura de São Paulo em 2012, reduziu o apetite por risco no mercado interno. O efeito da notícia acabou prevalecendo sobre a sinalização “dovish” (mais voltado ao afrouxamento monetário) do banco central americano sobre o aumento de juros nos Estados Unidos.
No mercado local, os investidores aguardam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a Selic estável em 14,25%, que será divulgada nesta quinta-feira. O DI para janeiro de 2017 subiu de 13,74% para 13,75% no fechamento do pregão regular, enquanto o DI para janeiro de 2021, que reflete mais a percepção de risco, avançou de 12,63% para 12,68%.
As taxas dos contratos futuros com vencimentos mais longos chegaram a sair das máximas após a decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc), que manteve a taxa básica estável entre 0,25% e 0,50% ao ano nos Estados Unidos. O comunicado do Fomc manteve a projeção de duas altas de juros neste ano, mas mostrou que um número maior de membros, seis integrantes do comitê, vê a chance de apenas uma elevação neste ano. Os membros do Fomc também reduziram as projeções de juros para 2017, 2018 e para prazo mais longo.
Apesar do ambiente favorável para mercados emergentes, a preocupação com o cenário político local limitou uma queda das taxas na curva de juros. Para Rodrigo Borges, diretor de renda fixa da Franklin Templeton no Brasil, as notícias sobre denúncias do envolvimento de membros do governo na Operação Lava-jato aumentam o ruído nos mercados, e uma redução das incertezas só deve acontecer com a conclusão do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, previsto para agosto. A visão do mercado é que o governo só conseguirá avançar de forma efetiva com as reformas fiscais após o período de transição de governo.
O governo encaminhou para o Congresso a proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê um limite para o aumento dos gastos do governo para os próximos 20 anos. O presidente do Congresso, Renan Calheiros, contudo, afirmou na terça que acha difícil a aprovação da medida antes da conclusão do processo de impeachment.
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