Infecções do trato urinário e aparelho reprodutor masculino, um risco em potencial

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* Dr. Marco Lipay – A infecção do trato urinário (ITU) e do aparelho reprodutor masculino pode acometer uma ou mais estruturas do sistema urinário, como os rins (pielonefrite), bexiga (cistite) e uretra (uretrite). No homem, pode acometer também a próstata (prostatite), testículos (orquites) e epidídimos (epididimites).

Segundo dados da Sociedade Brasileira e Americana de Urologia, as infecções urinárias são consideradas as infecções bacterianas mais comuns no indivíduo adulto. Nos Estados Unidos (EUA), as infecções urinárias são responsáveis por aproximadamente dez milhões de consultas e um milhão de visitas emergenciais, resultando em mais de 100 mil hospitalizações/ano. Estima-se que 15% dos antibióticos prescritos nos EUA sejam apenas para o tratamento destas infecções, da quais mais de 90% são causadas por uma bactéria chamada Escherichia coli. Esta bactéria habita normalmente o intestino, mas quando contamina outras estruturas (órgão) pode desencadear sérios problemas.

Lembramos que os idosos têm um risco maior de desenvolver ITU, em razão de problemas neurológicos e anatômicos que interferem na dinâmica do esvaziamento vesical, como por exemplo o aumento da próstata, no homem, e o prolapso da bexiga, na mulher. Essas alterações podem resultar em um significativo resíduo pós miccional e proliferação bacteriana, quando a urina for contaminada.

Estudos mostram que aproximadamente 50% das mulheres terão ao menos um episódio de ITU durante suas vidas, muito provavelmente por questões de higiene local, vida sexual, alteração da flora e do aumento do pH vaginal por infecções ginecológicas, somados ao uso do espermicida nonoxinol-9 (inclusive em preservativos). Isso ocorre porque a uretra (tubo que transporta a urina da bexiga para fora do corpo) nas mulheres é mais curta e está próxima do ânus e vagina, facilitando a contaminação da urina.

Aproximadamente uma em três mulheres terá, no mínimo, um episódio de ITU com necessidade de tratamento medicamentoso até os 24 anos de idade. Deste universo, 15% desenvolverão infecções a cada ano e pelo menos 25% terão recidivas no mesmo ano. As ITU também podem acometer até 10% das gestantes, das quais aproximadamente 30% desenvolverão pielonefrite se não tratadas adequadamente.

Sabemos que vários fatores contribuem para o aparecimento de infecções urinárias, como:

– Envelhecimento,

– Diabetes mellitus,

– Doenças imunossupressoras,

– Doenças neurológicas,

– Uso de medicamentos para controle de doenças autoimunes,

– Menopausa na mulher,

– Aumento da próstata no homem,

– Alterações cognitivas,

– Incontinência urinária,

– Uso de absorventes íntimos,

– Cateterismo vesical (sondagem),

– Atividade sexual desprovida de preservativos,

Evitar a propagação da infecção é a medida mais importante a ser implementada e para isso deve-se iniciar o tratamento o mais rápido possível. A infecção pode se espalhar de estruturas anatômicas, como uretra e bexiga, para órgãos parenquimatosos como os rins, próstata, epidídimos e testículos, desenvolvendo uma infecção mais grave e, em alguns casos, evoluir para uma septicemia (estado infeccioso generalizado devido à presença de microrganismos patogênicos e suas toxinas na corrente sanguínea); e em outros, podem resultar no óbito.

A ITU pode apresentar alguns sinais e sintomas como:

– Ardor ao urinar,

– Aumento da frequência miccional,

– Urgência miccional,

– Urina turva, com odor ou até mesmo presença de sangue,

– Dor na região lombar, no abdômen ou região pélvica,

– Febre, calafrios, arrepios,

– Vômitos,

– Confusão mental,

O Diagnóstico é realizado após uma consulta bem detalhada, somado a um exame físico e solicitação de alguns exames (laboratório e imagem), se necessário, como por exemplo: exames de sangue, urina simples, urocultura e ultrassom. Outros exames, como a Tomografia computadorizada e cistoscopia, serão solicitados em casos mais complicados, após avaliação do Urologista.

O Tratamento é realizado com o uso de antibióticos específicos, prescritos pelo médico, usados por tempo determinado diante do quadro clínico apresentado somado aos resultados da urocultura, antibiograma e imagem.

É importante ressaltar que a interrupção precoce do tratamento, pela melhora clínica e não cura, pode levar a complicações graves com necessidade de hospitalização ou até desencadear resistência bacteriana, que vai dificultar a resolução de futuras infecções.

Na suspeita de uma infecção do trato urinário (ITU) e do aparelho reprodutor masculino, não deixe de procurar o seu Urologista, você pode evitar uma eventual infecção generalizada.

* Dr. Marco Aurélio Lipay é Doutor em Cirurgia (Urologia) pela UNIFESP (Universidade Federal de São Paulo), Titular em Urologia pela Sociedade Brasileira de Urologia, Membro Correspondente da Associação Americana e Latino Americano de Urologia e Autor do Livro “Genética Oncológica Aplicada à Urologia”

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