Da Redação – Referência em partos de alto risco na microrregião de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, de Mauá, dá um salto de qualidade no atendimento e vem se tornando modelo também em humanização. Dos 1.944 partos realizados na Maternidade do equipamento municipal em 2017, 60% foram normais e 40% cesáreas.
“Estamos investindo em tecnologia e em qualificação profissional para garantir que as gestantes tenham o melhor atendimento possível em Mauá. As mulheres têm de ser tratadas com dignidade e respeito. Essa é a orientação que damos a todos os colaboradores da nossa rede de Saúde. Estamos aplicando o conceito de humanização de todos os atendimentos na Saúde”, diz o prefeito Atila Jacomussi.
Dentre os procedimentos, o destaque fica por conta da redução da taxa de episiotomia (corte feito na região lateral da vagina para facilitar a saída do bebê nos partos normais) de 58%, em 2016, para 34%, no ano passado. O resultado segue tendência mundial de diminuir a aplicação da técnica. Para se ter ideia, no Brasil, 54% das mulheres são submetidas ao corte nos partos, segundo pesquisa da Fiocruz. No caso de primíparas (primeiro filho), o índice chega a 74%. Embora facilite a saída do bebê, a episiotomia pode deixar sequelas na mulher, como laceração, frouxidão na região perineal e dificuldade nas relações sexuais.
Ao longo de 2017, o hospital intensificou as ações para melhorar a condução do parto normal e evitar complicações à saúde materna e fetal. No caso da episiotomia, a meta é chegar brevemente a um patamar abaixo dos 30% – conforme apontam pesquisas internacionais (entre 15% e 30%) e preconiza a OMS (Organização Mundial de Saúde) –, mantendo o procedimento apenas para casos específicos, quando há indicação.
O sucesso na redução de episiotomias no Nardini também é atribuído à inserção de enfermeiros-obstetras e obstetrizes para a condução dos partos normais de baixo risco. A participação deles, que mantêm sintonia com a equipe médica, mais que dobrou de 2016 para 2017: de 25 para 55 procedimentos mensais em média, respectivamente.
Humanização – O fato de 60% dos partos realizados em 2017 terem sido normais já coloca o Hospital Nardini de Mauá como referência no Grande ABC em partos humanizados. “A taxa de cesáreas chega a 40% pelo fato de recebermos gestantes de alto risco e já sermos uma referência regional na realização de procedimentos complexos”, explica Juliana Antonio dos Santos, coordenadora de Enfermagem da Maternidade. Ainda assim, o índice é considerado baixo se comparado às maternidades particulares (90%) e ao SUS (52%).
Segundo Juliana, o conceito de humanização no Nardini vem sendo constantemente ampliado, do acolhimento diferenciado ao puerpério (período pós-parto). Atualmente, o hospital dispõe de recursos como a bola suíça e iniciativas como a visita guiada à Maternidade, dentro do projeto “Conhecendo a Cegonha”, que permite que as gestantes (a partir do terceiro mês), e seus acompanhantes, conheçam o ambiente que irão percorrer no dia do parto e toda a estrutura do local (Pronto-Socorro, Pré-Parto, Centro Obstétrico, Alojamento Conjunto e UTI Neonatal).
A utilização da bola suíça antes do trabalho de parto é uma técnica bastante difundida e que reduz substancialmente o desconforto pré-parto, promovendo às gestantes o alívio das dores e a melhoria da mobilidade pélvica (o que vai facilitar o trabalho de parto). Na maternidade do Hospital Nardini, o método alcança 100% de adesão e aprovação das pacientes. Todas as orientações de exercícios e posicionamento são supervisionadas por enfermeiros-obstetras e obstetrizes.
Outros métodos de promoção do parto humanizado já estão em estudo para serem adotados. “A humanização do parto não é um produto que nos é entregue pronto. É um processo e estamos a caminho de torná-lo cada vez mais humano”, acredita Juliana.
Primeiro bebê – Em 2017, foram 1.600 atendimentos mensais em Ginecologia e Obstetrícia no Pronto-Socorro e 220 internações/mês. Na Maternidade, foram registrados 955 nascimentos de bebês do sexo feminino e 986 do sexo masculino, totalizando 1.941 nascidos vivos. O primeiro bebê de 2018 em Mauá foi uma menina. Luciela Cristina Ferraz Bueno nasceu, de parto normal, às 20h19 do dia 1º de janeiro, com 3,290 kg e 48 cm. A mãe fez todo o pré-natal na UBS Vila Assis e não precisou passar pela episiotomia, mantendo o períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) íntegro. Dentro do processo humanização, ela contou com o acompanhante presente o tempo todo.
Se for verdade mesmo que estão investindo em partos humanitários no hospital, infelizmente começaram tarde demais, pois minha filha já com 20 anos, e eu na época quando ela nasceu no Hospital Nardini tinha 19 anos, tive maus tratos, abusos psicológicos obstetra, fui humilhada e insultada por enfermeiras, e o médico que fez o primeiro atendimento, me tratou como um lixo.
Disse palavras horríveis, e também o médico que fez o parto nem ao menos me olhou, muito menos comprimentos, tratamento que gerou em mim, infinitos traumas, pavor, horror à maternidade, gravidez, a ponto de nunca mais ter outro filho.
Passaram-se anos, eu sei, mas ali insinuaram que eu não seria nada, muito menos minha filha. Hoje Faço terapia, devido à grande violência obstétrica que sofri, e que na época permaneci calada, por medo, mas não desejo isso a ninguém.
Mas Meu maior desejo é reencontrar esses “profissionais da saúde”, para falar que naquele dia eles ajudaram uma vida nova vir ao mundo, porém, eles tiraram mais da metade da minha, e o estrago que toda equipe naquele dia fez em minha vida, mas diante de tudo isso, consegui aos poucos provar a mim mesmo, que poderia vencer, crescer, e mudar a direção que todos ali colocaram, pois reuni criei forças e criei minha filha, que hoje, por exemplo é estudante de Psicologia, e que tenho muito orgulho dela.
PS – E queria dizer que no ano seguinte não precisei voltar para ter outro filho, pois essa era frase que mais escutava: “No ano que vem estará conosco aqui novamente”.