A cada dia que vivo mais me convenço de que o desperdício de vida está no amor que não damos. Carlos Drummond de Andrade.
* Hildebrando Pafundi – Recebi um exemplar do novo e excelente livro, “Deixe em paz meu coração”, do contista e escritor amigo Gilberto Tadeu de Lima, no último dia 4 de maiio, quando nos encontramos, durante a solenidade de sepultamento do advogado, escritor e jornalista Antonio Possidonio Sampaio, no Cemitério da Colina, em São Bernardo. No exemplar autografado, o autor escreve: “Ao amigo Pafundi, companheiro de letras, com um forte abraço do Gilberto. Boa leitura”.
O romance Deixe em paz meu coração, 254 páginas, foi publicado pela Alpharrabio Editora, Santo André – SP / 2015; capa, Isabela A. T. Veras. Prefácio Maria José Amaral Ponte, professora de Português. Na contracapa foi incluído um texto de apresentação do falecido professor Acylino Belissomi, que foi vereador por Santo André em duas legislaturas e Secretário de Cultura, no terceiro mandato do Prefeito Celso Daniel. Claro que foi uma boa leitura. Como Acylino frisa: “Tive a oportunidade de conhecer os contos de autoria de Gilberto Tadeu de Lima, contidos nos livros, Roupa Nova, Terapias Alternativas e O menino do outro mundo”.
Eu que também sou freqüentador da Livraria e Centro Cultural Alpharrabio, e conheço o Gilberto dessa época dos contos, quando chegávamos a trocar alguns textos antes da publicação. Lembro que li e gostei dos seus três perfeitos livros de contos.
A professora Maria José inicia seu prefácio acentuando: “Gilberto, em Deixe em paz meu coração, revela “a força do fogo e da paixão” no sertão, nos confins de Minas Gerais, na cidade de Itamarandiba, e na capital Belo Horizonte”. / O autor vai além de uma narrativa restrita ao espaço definido. O drama vivido por aqueles camponeses atinge uma dimensão maior, universal. Na Fazenda Nova Esperança, lavradores contestaram as injustiças, lutaram pelos direitos e o resultado foi uma grande tragédia, depois do confronto entre trabalhadores e os jagunços do Coronel Dito Sanches”. Comecei a ler o romance e confesso, que chegava a sentir remorso quando era obrigado a parar devido ao alguma atividade cultural ou obrigação familiar e não via a hora de retornar a leitura, aí só parando na hora de dormir.
Entre as famílias de bóias-frias, chama a atenção a de seu Aristides e dona Zaira, “mulher forte, de muita fé, que se dedica inteiramente ao marido e aos filhos”. Helenice e a segunda de seis irmãos, “menina alegre, sorridente, cheia de vida, aurora resplandecente, no frescor dos doze anos”. Foi educada sob os princípios de disciplina, bons costumes e valores religiosos”, como ressalta a professora e constatei na leitura.
É importante frisar, que a partir desse núcleo familiar que o romance entra num contesto histórico, político e social, que marcaram as décadas de 60 e 1970, que foram dominadas pela opressão da ditadura militar, que teve inicio em 1964, quando jovens estudantes, intelectuais, artistas, jornalistas, operários e camponeses tinham esperança em um Brasil melhor. E quando lutavam por isso, fazendo protestos, passeatas, participando das reuniões na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), que tinha a participação do capitão Carlos Lamarca, acabavam sendo presos torturados e mortos por policiais sob o comando dos dirigentes da ditadura militar. Lamarca foi uma das vítimas, e outros grupos de esquerda.
Na página 149, o narrador destaca: “No Brasil, na esteira dos acontecimentos de maio de 68 em Paris, os estudantes também se mobilizavam, lutavam e saiam às ruas, apresentando suas reivindicações, protestando contra a violenta repressão policial e a odiosa ditadura militar que governava o país da forma mais truculenta possível: prendendo, exilando, torturando e matando trabalhadores, estudantes e militantes políticos que ousassem contestar o regime instalado em 1964… Na metade do ano, gigantesca passeata organizada pela União Nacional dos Estudantes reuniu no Rio de Janeiro mais de 100.000 pessoas, não apenas estudantes, mas também artistas, intelectuais, políticos e jornalistas…” Na frente do monumental cortejo, os estudantes levavam uma faixa onde se lia: “Abaixo a ditadura. O povo no poder.”
E no final pergunta: “o que tudo isso tem a ver a saga de Helenice, em busca de seu grande amor e da verdadeira felicidade? No que estes acontecimentos no Brasil e no mundo se relacionavam com as aventuras e peripécias de Camilo José, o famoso Sinhô, aprendiz de ditador, tirano precoce (que realmente fazia seus empregados sentirem saudades de seu pai)? Acontece que foram realidades contemporâneas, simultâneas, concomitantes”.
A gente chega ao final da leitura desse livro tendo a impressão de ter participado como personagem de toda a trama, porque como diz a professora Maria José: “A linguagem de Gilberto é fluente, rica em detalhes, com recursos visuais de cores imagens, sons da natureza, o cheiro de mato, as delicias do café com queijo, do bolo de milho e da pamonha, a fala mansa dos mineiros, a descrição do Rio Generoso”. É uma boa leitura. Recomendo a leitura do romance Deixa em paz meu coração, pois além da excelente ficção possui também muitos episódios de nossa triste história da época da ditadura militar, que nunca vão se apagar de nossa memória, mas é bom reviver para todos saberem, aquilo que não queremos mais em nossas vidas. Contatos com o autor Gilberto Tadeu de Lima através da Livraria Alpharrabio: Rua Eduardo Monteiro, 151, Santo André-SP; telefone (11) 4438-4358 ou pelo email alpharrabio@alpharrabio.com.br
- Obras de Picasso no Instituto Tomie Ohtake – Foi inaugurada com obras de Pablo Picasso, sendo muitas de seu acervo particular e inéditas no Brasil, que atualmente pertencem ao Museu Nacional Picasso, em Paris, grande exposição no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo e pode ser visitada até de 14 de Agosto. Depois do Instituto, a exposição segue para o Paço Imperial, no Rio de Janeiro, que será inaugurada em Setembro. O artista plástico espanhol Pablo Picasso, que nasceu em 1881 e faleceu em 1973, mesmo sendo mais conhecido como cubista, tinha seu próprio estilo com diferentes técnicas e fez os primeiros desenhos quando estava com apenas 14 anos. Para essa exposição, com curadoria de Emilia Philippot, foram selecionadas 153 peças com a trajetória cronológica e temática do artista e suas principais fases, sendo 116 de sua autoria: 20 esculturas, 20 gravuras, 34 pinturas e 42 desenhos. Há também 22 fotogramas de André Villers, produzidos em parceria com Pablo Picasso. As outras são 12 fotografias feitas por Dora Maar, e três pelo fotógrafo Pierre Manciet, além de filmes sobre as obras de Picasso, seu processo de trabalho e criação. A exposição, denominada “Picasso: Mão Erudita, Olho Selvagem” foi dividida em 10 seções: Formação e influência, Picasso o exorcista (processo e geometrização de formas), o cubista, o clássico (a maternidade, o teatro e a dança), o surrealista, o processo de criação de Guernica (estudo da obra, fotos e o foco), o resistente, o múltiplo (da cerâmica ao fotograma), ele trabalhando e sua última fase, que mostra o erotismo em todos os seus estados. Visitas até dia 14 de Agosto de 2016, de terça-feira a domingo das 11h às 20 horas. As entradas custam R$ 12,00, meia, R$ 6,00, mas nas terças-feiras, as visitas são grátis e crianças até 10 anos não pagam em nenhum dos dias. Os ingressos estão à venda pelo site www.institutotomieohtake.org.br ou na bilheteria do Instituto de terça-feira a domingo das 10h às 19 horas. Endereço: Avenida Faria Lima, 201, com entrada pela Rua Coropés, 88 – São Paulo – Capital, SP.
- Criação de Macunaíma – A exposição em homenagem aos 90 anos da criação do romance Macunaíma, do escritor Mário de Andrade, poderá ser visitada até dia 20 de Julho. Essa mostra reúne fac-símiles dos originais do romance, que pertencem ao Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da Universidade São Paulo (USP); o exemplar da edição original autografada do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, do acervo da Casa Guilherme de Almeida, entre outros objetos do escritor. Visitas: de terça-feira a sábado, das 10h às 18h, até o dia 20 de Julho de 2016, na Oficina Cultural Casa Mário de Andrade (Rua Lopes Chaves, em São Paulo). Mais informações pelo site www.oficinasculturais.org.br
- Exposição Moedas, Medalhas e Cia As primeiras moedas brasileiras surgiram em 1645, no Nordeste, durante o domínio holandês. Já em 1694, o então Rei de Portugal, D. Pedro II, criou na Bahia, a primeira Casa da Moeda Brasileira, que depois foi transferida para o Rio de Janeiro. Com base nessa história, a Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul organizou a mostra Moedas, Medalhas e Cia que pode ser visitada no Museu Histórico Municipal até dia 30 de Junho. As moedas e as notas de dinheiro sempre foram importantes para contar a história de muitos países. Em muitos lugares existem colecionadores de dinheiro de várias épocas e lugares. A mostra Moedas, Medalhas e Cia, conta com exemplares de moedas brasileiras, como cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, cruzeiro real e o real, desde 1994, além de coleção de coleção de condecorações, troféus, placas de honra ao mérito e títulos esportivos, que trazem mensagens aos homenageados pelo destaque em suas atividades até dia 30 de Junho. Visitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, e aos sábados das 9h às 13h, no Museu Histórico Municipal (Rua Maximiliano Lorenzini, 122, Bairro da Fundação, São Caetano – SP) Entrada grátis. Mais informações pelo telefone (11) 4229-1988
- Tiro de Guerra de São Caetano comemora 65 anos Para comemorar os 65 anos de história do Tiro de Guerra de São Caetano, foi montada uma exposição reunindo cerca de 85 imagens, mostrando diferentes personagens, eventos, fatos, fotos e aspectos cotidianos dessa instituição militar da cidade, no Salão de Exposição da Fundação Pró-Memória, no bairro Vila São José, onde permanecerá até dia 3 de Julho. Visitas de terça-feira a sábado, das 8h às 17h, e aos domingos das 9h às 16h, até dia 3 de Julho de 2016. Endereço: Avenida Fernando Simonsen, 566, São José, São Caetano – SP. Mais informações pelo telefone (11) 4223-4780.
- Bienal Internacional do Livro de São Paulo – Já tiveram inicio os preparativos para a 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que será realizada entre os dias 26 de Agosto e 4 de Setembro, no Pavilhão de Exposições do Parque Anhembi, na Avenida Olavo Fontoura, 1209, na Capital. O evento reunirá escritores brasileiros e de outras nacionalidades, editoras nacionais e internacionais, com lançamentos de livros, tardes de autógrafos, palestras e debates. Os ingressos, que custam entre R$ 20,00 a R$ 25,00 já estão à venda pelo site www.bienaldolivrosp.com.br que na compra de três ingressos ou mais terá descontos. Já participei de algumas Bienais do Livro de São Paulo, a partir de 2004, geralmente no espaço para associados da União Brasileira de Escritores (UBE), quando aproveitava para fazer lançamentos de livros de minha autoria, fazer trocas, conversar e entrevistar alguns escritores, como o cronista e romancista Ignácio de Loyola Brandão, e o também autor de novelas para televisão e romancista, Walcir Carrasco, entre outros. A deste ano talvez não participe, porque não tenho nenhum livro recente para ser lançado, mas talvez faça uma ou duas visitas para adquirir alguns livros, o que também recomendo aos amigos, amigas e leitores.
- Pós–impressionismo – – Foi inaugurada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo, a exposição “O triunfo da cor: O pós–impressionismo”, com 75 obras de 32 artistas, dentre os quais se destacam Van Gogh e Cézane, que pode ser visitada até o dia 7 de julho, mas é necessário agendar pelo site HTTP://culturabancodobrasil.com.br/potal/o-triunfo-da-cor Visitas: de quarta-feira a sábado, das 9h às 21h até 7 de Julho. Contatos pelo telefone (11) 3113-3651. Endereço: Rua Álvares Penteado, 112, Centro, São Paulo – SP.
- Paisagens de São Bernardo – Foi inaugurada na Pinacoteca de São Bernardo do Campo a exposição Paisagens de São Bernardo, com 35 obras do acervo de autoria de 21 artistas, que retratam diversos locais da cidade como a Represa Billings, Bairro Montanhão, o Paço Municipal, fábricas e outras paisagens. Visitas: de terça-feira a sábado das 10h às 18h, mas nas quintas-feiras fica aberta até 21h. Entrada grátis até Agosto. Endereço da Pinacoteca São Bernardo: Rua Kara, 105, São Bernardo. Até a próxima!
* Hildebrando Pafundi é escritor, jornalista, contista e cronista. Membro da Academia de Letras da Grande São Paulo, da União Brasileira de Escritores (UBE-SP) e outras entidades. Tem quatro livros publicados. Contatos com o autor e colunista pelo e-mail hpafundi@ig.com.br |
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