Fundação Japão promove série de concertos solos Música no Castelo

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Apresentações acontecem diretamente das casas dos artistas, transmitidas no canal do Youtube da instituição, focando instrumentos tradicionais japoneses

Da Redação – Para enaltecer a apresentação de conteúdos sobre a cultura japonesa em tempos de isolamento social, a Fundação Japão promove, a partir do dia 15 de agosto, o projeto Música no Castelo. Trata-se de uma série de dez concertos solos, promovidos por músicos do Brasil e Japão, todos eles gravados em suas próprias casas. As apresentações serão transmitidas nos dias 15 e 20 de cada mês, no canal do Youtube da Fundação Japão em São Paulo, e poderão ser para ser apreciadas em segurança, também em casa.

Junto das apresentações, o público poderá acessar, no site da instituição, um descritivo sobre cada programa, com informações sobre o músico, repertório que será apresentado e instrumentos utilizados, assim como informações detalhadas sobre os instrumentos tradicionais japoneses, permitindo aos apreciadores da programação conhecer um pouco mais sobre a música e a cultura japonesa.

Com a curadoria e coordenação de Shen Ribeiro e apoio de Sinos da Floresta, o projeto Música no Castelo tem tema livre, e propõe aos músicos que façam com que a música reverbere através da web.

“Será um resgate, de forma simbólica, do espírito zen da reclusão e da prática da meditação, com trabalhos solos destes músicos em seus próprios castelos, praticando seus instrumentos”, explica o curador do projeto, o também músico Shen Ribeiro.

Segundo Shen, na religião original do Japão, o Xintoísmo, Deus está presente nos elementos da natureza, sendo os santuários verdadeiros oásis espirituais, nos quais, até hoje, as principais datas do ano são celebradas. Já o budismo, entra no Japão em meados do século VII , trazendo não apenas uma nova religião, mas um novo estilo de vida, convivendo pacificamente com o Xintoísmo.

“Uma das características do Zen Budismo é a prática diária da meditação e, também, de alguma outra atividade. No Japão, a classe samurai encontrou a prática da espada diária e exaustiva em busca da perfeição. Outras artes seguiram o mesmo caminho, como a ikebana, a cerimônia do chá, as artes marciais, os jardins, trabalhos de artesãos e, por que não, a prática de um instrumento?”

De manhã, antes de vestir-se, acenda incenso e medite. Coma a intervalos regulares e deite-se a uma hora regular. Coma sempre com moderação e nunca até ficar plenamente satisfeito. Receba as suas visitas com a mesma atitude que tem quando está só. Quando só, mantenha a mesma atitude que tem quando recebe visitas. Preste atenção ao que diz e, o que quer que diga, pratique-o. Quando uma oportunidade chegar, não a deixe passar, mas pense sempre duas vezes antes de agir. Não se deixe perturbar pelo passado. Olhe para o futuro. A sua atitude deve ser a de um herói sem medo, mas o coração deve ser como o de uma criança, cheio de amor. Ao retirar-se, ao fim do dia, durma como se tivesse entrado no seu último sono. Ao acordar, deixe a cama para trás, instantaneamente, como se tivesse deixado fora um par de sapatos velhos.

Mestre Soyen Shaku (1859-1919)

Música no Castelo

Com a quarentena, o isolamento social fez com que as pessoas tivessem que ficar em casa. Sob um ponto de vista simbólico, nossas casas se transformaram em castelos, nossas residências particulares ‘fortificadas’, deixando o grande inimigo do lado de fora, explica o curador e organizador do projeto Música no Castelo.

Nesta nova realidade, nasce o projeto “Música no Castelo”, no qual músicos e musicistas, dentro de suas casas, se protegem desse inimigo invisível, perigoso e letal, quanto se expressam por meio de sua arte, utilizando a web como veículo de comunicação com o mundo exterior.

“Desejamos que este canal de comunicação possa levar para as pessoas uma mensagem de paz e esperança para um mundo que está se transformando e, com certeza, será melhor quando esta tormenta passar”, revela.

Os músicos participantes

O tocador e mestre de shakuhachi Jumei Tokumaru foi um discípulo direto do grande mestre da escola Chikumeisha e Tesouro Nacional Goro Yamaguchi. Em sua vivência especial, herdou a maneira de tocar muito próxima de seu mestre. Hoje, é um dos principais mestres e concertistas do estilo “kinko” no Japão. Sua participação trará o melhor do honkyoku, a música original para shakuhachi.

Tamie Kitahara é uma nipo-brasileira radicada em São Paulo, que divulga a escola Seiha de koto. Desenvolve um importante trabalho ensinando koto e shamisen para nikkeis e brasileiros. Neste projeto, mostrará um pouco do universo tradicional de sua linha de ensinamentos.

Gabriel Levy traz uma tradição musical familiar, que iniciou na Casa Levy, uma loja de pianos de sua família, fundada em 1860, em São Paulo, e seguiu com seu tio-avô, Alexandre Levy, grande acordeonista e compositor brasileiro. Tem em sua trajetória, grandes trabalhos com a música japonesa, entre eles arranjos e trilhas utilizando instrumentos tradicionais japoneses.

Chie Hanawa impressiona com sua técnica e postura musical. Esteve no Brasil, em 2015, a convite da Fundação Japão. Em sua participação neste projeto, mostrará que o shamisen, um instrumento tradicional japonês, também pode ser dominado por uma jovem compositora.

Camilo Carrara trouxe ao público brasileiro, em seu cd Canção do Sol Nascente, um pouco do universo da importante transição do período Meiji, no qual a cultura europeia entrou no Japão, transformar a sociedade da época.

Kaoly Asano, uma das musicistas do Grupo Goku, desenvolve um trabalho único de divulgação do taiko fora do Japão. Trazer a linguagem original de sua abordagem para este típico tambor japonês tocando em casa será um grande desafio para Asano neste projeto.

Akiko Sakurai se apresenta com sua biwa nos quatro cantos do Japão e em vários países do mundo, inclusive no Brasil. Foi responsável pela primeira execução na América Latina da peça November Steps, de Toru Takemitsu, no Teatro Municipal de São Paulo. A biwa, originalmente um instrumento de corte, tem hoje mais espaço no cenário mundial graças a ações musicais como estas.

A cidade de Wakayama tem sido referência no controle da atual pandemia do coronavírus no Japão. É de lá que vem Yoko Nishi e, também, onde está sediado seu estúdio, onde leciona koto. Suas aulas também acontecem com regularidade no Brasil, onde atraída pelo clima tropical, vem introduzindo novas técnicas, repertórios e formas de execução para este instrumento.

Andre Mehmari é um dos músicos mais importantes do Brasil, com profundo respeito à cultura japonesa. Entre os diversos shows e master classes por ele realizados no Japão, vale destacar o arranjo da música Canto de Xango, de Baden Powell, executada no encerramento dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro. Ao som de shakuhachi, koto, violão e orquestra, André conseguiu reunir a melodia brasileira ao ambiente do Japão.

Shen Kyomei Ribeiro, discípulo direto do mestre Goro Yamaguchi, tem trabalhado em parceria com a Fundação Japão há muitos anos, sempre com projetos presenciais. Neste projeto, além de inovador, traz a imagem de que podemos viver e fazer coisas boas em nossos espaços, independentemente do confinamento social.

Serviço – Música no Castelo, de 15 de agosto a 20 de dezembro de 2020. Mais informações: www.fjsp.org.br Canal do Youtube da Fundação Japão: https://www.youtube.com/c/fundacaojapaoemsaopaulo

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