Exposição reúne obras que retratam mulheres africanas; artista direcionará lucro das vendas para ONG envolvida com causas relacionadas à mutilação genital e violência sexual feminina
“Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas.” Audre Lorde
Da Redação – Fernanda Feher apresenta a exposição “Udada – Sisterhood”, entre os dias 9 de maio e 7 de junho, na galeria BG 27. A mostra reúne 16 obras que retratam mulheres africanas, entre elas aquarelas, pinturas a óleo e tecido.
Os trabalhos são resultado de uma viagem ao Quênia (África), onde participou de um projeto da ONG COVAW, braço da instituição Orchid, numa missão sobre casamento infantil, violência e mutilação sexual feminina. O lucro da artista, proveniente das vendas dessas telas, será totalmente revertido para projetos da organização.
Com o objetivo de conscientizar a comunidade local em relação aos temas por meio de conversas e informação, Fernanda conheceu pessoas e ouviu histórias que a inspiraram. Portanto, as obras de “Udada – Sisterhood” representam muito mais que figuras femininas locais: refletem um conteúdo social.
O nome da exposição remete à sororidade, ou seja, à união e empatia de mulheres em busca de um objetivo comum. Em kiswahili, língua local com influências de expressões em inglês, udada significa sisterhood, irmandade.
“Os meus retratos contam histórias, mostram a força e alegria de mulheres que são mutiladas ou de garotas das escolas que visitei. O objetivo não é só colocá-las, necessariamente, no lugar de vítimas. Acho que se eu pintasse vaginas mutiladas não estaria colaborando em nada com esse processo e talvez ninguém viesse me perguntar quem são elas”, declara Feher.
Mais informações sobre a COVAW: http://covaw.or.ke/
Sobre a mutilação genital feminina
De acordo com a Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), a mutilação genital feminina é realidade para cerca de 200 milhões de mulheres no mundo. A prática ocorre, principalmente, em países da Àfrica e do Oriente Médio, também em regiões da Ásia, América Latina, e entre imigrantes que residem na Europa Ocidental, América do Norte, Austrália e Nova Zelândia.
Dentre os motivos das transformações do órgão genital feminino – que inclui técnicas que podem resultar em remoção do clitóris e dos pequenos lábios, corte ou reposicionamento dos grandes lábios e costura – estão questões sociais e religiosas que envolvem a preservação da virgindade, castidade e passagem para a vida adulta. Em muitas culturas, inclusive, é um pré-requisito para o casamento. Porém, os métodos podem causar problemas de saúde física e mental.
Além da falta de preparo sanitário durante o processo, que é doloroso, a anatomia original é alterada para anular o prazer sexual da mulher e intensificar a do homem. Como resultado, as condições de higiene também são afetadas, principalmente quando o há fechamento da vagina e da uretra, deixando uma pequena abertura para a passagem de menstruação e urina (no caso da infibulação).
Sobre Fernanda Feher
Fernanda Feher nasceu em São Paulo, é formada em teatro pela Escola Celia Helena, tem curso de desenho pela NY students league of Art e Bacharelado em Fine Arts pela Pratt Institute, também de Nova York. Pintura à óleo, aquarela e colagem são as principais técnicas que utiliza. Também está envolvida com poesia, esculturas e até letras de rap. De descendência húngara e belga, reside atualmente em Lisboa e já expôs em galerias como BG27 e Arte 57, em São Paulo; Collectionair (online); Lazy Susan Gallery, em Nova York; e na Casa Pau-Brasil, em Portugal.
fernandafeher.com @fefeher – www.instagram.com/fefeher/
Serviço – Fernanda Feher apresenta a exposição “Udada – Sisterhood”, no BG 27, à Rua Francisco Leitão, 265, Pinheiros. São Paulo, de 9/5 a 7/6, de segunda a sexta, das 9h às 19h
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