Da Redação – São cerca de 20 minutos por semana. Os acompanhantes dos pacientes se reúnem com a equipe multidisciplinar formada pela coordenação médica, de enfermagem, médicos residentes, assistentes sociais, psicólogos. Não há formalidade. Os profissionais se apresentam, comunicam seus horários de plantão, onde podem ser encontrados e pontuam toda a rotina do setor.
Limpeza, medicação, banhos, refeições, horários de visita, acesso a exames, conservação de mobília/rouparia, organização dos leitos, atendimento psicológico, cuidados com infecção e higienização, acesso de visitantes, respeito ao próximo e princípios de boa convivência. Esta estratégia, aparentemente simples, foi adotada em novembro na Clínica Médica do Hospital Nardini de Mauá e tem trazido importante respaldo popular quanto a excelência do acolhimento aos familiares, geralmente fragilizados emocionalmente.
A iniciativa da coordenadora médica do setor, Margarete Carvalho, foi endossada pela chefia de enfermagem, bem como pelo restante da equipe multidisciplinar. A percepção de melhoria no trato entre equipe e usuários é partilhada entre trabalhadores e população. A dona de casa Norma Soares Nogueira, 54 anos, moradora de Ribeirão Pires, acompanha as reuniões desde sua implantação. Seu marido, dependente de hemodiálise, está internado na unidade há três meses com quadro de insuficiência renal aguda.
“Estou muito surpresa com o atendimento que recebemos. Já utilizei outros serviços de saúde e percebo que, infelizmente, em muitos falta amor e cuidado com a população. Aqui encontrei uma exceção. Conhecemos toda a equipe, tratamos pelo nome, as pessoas se ajudam. É fora do normal. Nunca fomos tratados assim no SUS.” A auxiliar de enfermagem Daniele Alves, que convive com a rotina do setor, faz balanço positivo dos três meses do projeto. “Os acompanhantes estão mais cuidadosos e tratam a equipe com mais respeito. As abordagens mudaram”, avalia.
A prática é fundamentada no conceito de Clínica Ampliada, uma das diretrizes que a Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde propõe para qualificar o modo de se fazer saúde. Entende-se, pela estratégia, que integrar a equipe de trabalhadores de diferentes áreas na busca de um cuidado e tratamento de acordo com cada caso, a partir do fortalecimento do vínculo e aproximação com a população, amplia a autonomia do usuário do serviço. A equipe dá voz, promove a escuta e conclui o diagnóstico do paciente não apenas baseado em resultados clínicos, mas também ao considerar sua história e vulnerabilidade.
Por outro lado, a Clínica Ampliada propõe que o profissional de Saúde desenvolva capacidade de ajudar as pessoas, e não apenas de combater doenças. “A ideia agrega a pacientes e trabalhadores, que sentem-se mais valorizados. Como as recomendações e as conversas acontecem semanalmente, hoje é normal ver que os próprios acompanhantes se cobram quanto aos cuidados, postura e organização. A orientação tem repercussão e quem ganha é a população”, comenta Margarete.
A avaliação popular do atendimento da Clínica Médica tem reflexo nos índices de aprovação registrados no setor de Ouvidoria do hospital. Entre setembro e dezembro de 2015, as pesquisas respondidas voluntariamente pela população no andar indicam média de 90% de satisfação no atendimento geral. “Com atualmente 34 leitos, a Clínica Médica registrou no ano passado 1.717 internações.”
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